Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 28 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

INDIGNAÇÃO

10-01-2014 - Henrique Pratas

Escrevo este texto porque passados 3 dias do mês de Janeiro de 2014, já estou a ficar "exausto" com tamanha desumanidade que está a acontecer.

Ontem quando sai do meu local de trabalho na Rua Castilho, em Lisboa, tomei o meu rumo para vir para casa. Do itinerário faz parte passar pela rua Barata Salgueiro, onde normalmente está um nosso concidadão de nome João Franco, que tem a idade de 45 anos e que por motivos alheios a sua vontade ficou sem mulher, sem filha e sem casa, não que elas tenham morrido mas porque devido a estes Governo e aos anteriores, a família desmembrou-se por causa das medidas sociais que os políticos deste Pais com responsabilidade na área da Segurança Social não tomam e que agora alguns deles se encontram em gaiolas douradas na OIT na Suíça, mas isto são contas de outro rosário.

Indo ao que interessa eu há vários anos que venho "amparando" este nosso concidadão através de conversas que tenho com ele em que faço o meu melhor para que o mesmo não se sinta excluído da sociedade em que vivemos. Ontem uma vez mais falamos e a abordagem dele foi no sentido de me dizer que "isto" este ano ia ser muito difícil. Conhecendo a situação lá lhe disse que sim mas que talvez não fosse assim tão difícil quanto ele me estava a dizer, não lhe podia dizer que iria ser pior.

Não vos disse mas escrevo agora que o mesmo está na rua e vai vendendo a revista Cais que umas vezes lhe compro e lha devolvo para que possa voltar a vender.

Venho para casa, falo com a minha mulher que e coordenadora de um Unidade de Saúde e falamos sobre o que passou nos nossos dias de trabalho. Ela tinha para me contar que sexta-feira tinha sido de arrancar dentes, pois tinha sido confrontada com duas situações cada uma melhor que a outra. A primeira foi que do Hospital de Santa Maria tinham enviado para casa uma senhora que esta algaliada e a soro, com problemas de saúde graves para casa onde apenas tem o marido que se encontra acamado.

O casal precisava de cuidados de saúde e ligaram para a Unidade de Saúde para ver se os podiam ajudar, pois quanto a alimentação são os vizinhos que lá vão a casa dar-lha.

A minha mulher fez todos os contactos possíveis até ligando para o Hospital, chamando a atenção para a situação crítica que tinham criado. Resposta e sexta-feira e não podemos fazer nada porque não temos equipas disponíveis para resolver a situação, em seguida ligou para os cuidados paliativos para ver se conseguia alguma coisa, a resposta foi que para dar assistência ao marido era necessário primeiro comprar-lhe fraldas. Ora para quem tem 300,00 euros para sobreviver e claro que não tinham dinheiro para as comprarem.

Mas este problema resolveu-se de imediato através da solidariedade dos funcionários da Unidade de Saúde que juntaram o dinheiro para comprar as fraldas. O pior veio depois como os senhores vivem sozinhos, tem um filho, mas este nunca os visita, vá de ligar para a enfermeira de serviço para tomar as devidas providências, resposta era sexta-feira e já não tinha ninguém e que provavelmente só na segunda-feira e que alguém lá podia ir. Resultado durante o fim-de-semana irá funcionar a solidariedade dos vizinhos.

Há esqueci-me de escrever que os médicos estavam todos impossibilitados para poderem tomar as medidas convenientes, pois era sexta-feira.

A outra situação foi de um senhor que vive sozinho, que e diabético e como não se sentiu bem dirigiu-se a Unidade de Saúde para que fosse visto. Na primeira conversa que houve, apercebeu-se logo que o senhor estava só pois a sua imagem deixou transparecer isso, depois quando questionado o que tinha comido nessa sexta-feira ele simplesmente respondeu que nada e acrescentou que durante a semana tinha comido a mesma coisa rigorosamente nada e que nas semanas anteriores tinha comido arroz com arroz.

Face a gravidade da situação as pessoas que estão na Unidade de Saúde arranjaram uns dinheirinhos e foram comprar comida para que o senhor não tivesse nenhuma crise devido a falta de insulina.

Como era sexta-feira e os médicos já tinham saído todos porque era sexta-feira, apesar de não ser a melhor situação vá de ligar para o INEM. Estes responderam de imediato e chegaram ao local rapidamente e apesar de entenderem que não era uma situação de emergência médica mas sim social, pintaram o cenário pior do que eram e levaram-no no para o hospital, para que fosse devidamente acompanhado.

Ao escrever-vos esta missiva recordo-me do que alguém ontem disse na televisão, que no ano em que se comemoram os 40 anos do 25 de Abril, este  Governo consegue por as pessoas com rendimentos do Estado Novo.

Desculpem o incómodo mas estas são as notícias reais do estado da nação.

Henrique Pratas

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome