Edição online quinzenal
 
Sábado 27 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Crise Grega: Capitulação, Chantagem ou inexperiência política

17-07-2015 - Eduardo Milheiro

A crise grega está a dar para tirar uma série de ensinamentos que devem ser bem analisados para que a Europa dos pobres não seja mais apanhada de calças nas mãos, que foi o que aconteceu aos gregos.

Não tenho dúvidas que os gregos foram alvo de chantagem, de tortura económica, subjugados e vexados pela Europa dos ricos. Estas acções foram encabeçadas por Wolfgang Schäuble e o Ministro das Finanças Holandês e Presidente do Eurogrupo, Jeoren Dijsselbloem, contando entre os seus mais fiéis seguidores Passos Coelho - e vou ter vergonha de dizer isto -, primeiro-ministro de Portugal, a par da Finlândia, Estónia e Lituânia.

Ao tentar analisar estes acontecimentos, sinto uma verdadeira frustração, pois não era isto que eu esperava do Tsipras nem do Syriza, até porque ideologicamente eu simpatizo com o Syriza.

Não sei como é possível, terem aceitado uma proposta pior do que a que tinham há três meses atrás. Será que foi ingenuidade(?), Inexperiência política(?), alguma coisa foi, mas ainda não entendi o que na verdade se passou.

Entre as últimas noticias e opiniões, podemos ouvir o FMI dizer que o 3º resgate aprovado no passado fim-de-semana, não chega para a Grécia, dizendo também que a E.U. devia ter ido mais longe no alívio da dívida grega e que a dívida da Grécia é insustentável, e que dentro pouco tempo a Grécia vai estar outra vez na mesma situação.

Na Grécia, a grande maioria é contra o acordo firmado para o terceiro resgate, mas todos o querem, é um paradigma que não tem explicação pelo próprio Tsipras. O ex das Finanças, Yanis Varoufakis diz que a sua saída se deve à falta de apoio de Alexis Tsipras. É este o motivo para a demissão de Yanis Varoufakis. A revelação é feita pelo próprio, uma semana depois de ter abandonado o cargo de ministro das finanças da Grécia, na primeira entrevista depois da demissão.

A Vice-Ministra das Finanças também se demitiu na quarta-feira da bancada do Siryza e do Governo.

Tudo parece estar a desmoronar na Grécia, e tendo em conta as declarações, Alexis Tsipras, na entrevista dada à Televisão estatal, diz que assinou o acordo do 3º Resgate porque foi exigido sob pressão e chantagem da EU.

Eu era daqueles que acreditava que a Europa com Tsipras ia mudar, que se iam acabar com os cortes das pensões e dos ordenados, que a austeridade ia pelo menos abrandar, mas foi um sonho muito curto e que vai trazer ainda mais recessão, Alexis Tsipras rendeu-se à Europa rica e autoritária, à Alemanha e Holanda, aos mercados, parecendo que o referendo feito na Grécia foi uma brincadeira que não serviu para nada, pois o referendo até lhe dava legitimidade para sair do Euro.

Tem razão Wolfgang Münchau que escreveu no Financial Times:

“Algumas coisas que muitos de nós tinham como certo, e que alguns de nós acreditavam, terminaram num único fim-de-semana.  Ao forçar Alexis Tsipras a uma derrota humilhante,  os credores da Grécia   fizeram muito mais do que provocar uma mudança de regime na Grécia ou colocar em perigo as suas relações com a zona do euro.  Eles destruíram a zona do euro como a conhecemos e destruíram a ideia de uma união monetária como um passo para uma união política e democrática.”

Mas talvez a solução pudesse ser a que Jorge Bateira, Professor de Economia na Universidade de Coimbra tem dito e escrito e a qual passo a citar:

“Suponho que se trata de um novo ultimato

Não só têm de aprovar em 72h novas "reformas", como aceitar que a troika regresse a Atenas para fiscalizar dentro dos ministérios o novo resgate. Querem a humilhação total.
Tsipras, por favor, telefona para Atenas e manda imprimir as notas. Já!
Em nome de uma outra Europa, a da paz e do respeito entre povos soberanos.*

A grande verdade é que a esquerda europeia foi humilhada e novamente subjugada pelos ricos da Europa. Quem se quis revoltar foi trucidado, mas não podemos desistir, temos de continuar a lutar pela Europa da coesão social e da solidariedade. Eu por mim, além disso, vou continuar a defender a saída da União Monetária, ou seja, sair do euro e ter moeda própria.

É complicado, eu sei que é e viver com reforma de 300 euros e salários mínimos de 520 euros, é melhor? Não é! A isto chama-se miséria! Têm medo do quê, de diminuir a bicha da sopa dos pobres, de baixar impostos, dos produtos de luxo que vêm do estrangeiro serem mais caros, não sejam hipócritas, temos é de acabar com a fome e com os pobres, proteger o Serviço Nacional de Saúde, as Reformas e Pensões e também a Escola Pública.

Eduardo Milheiro

Nota: Já depois de ter escrito este texto, o Parlamento Grego aprovou o 3º Resgate, ou seja, assinou a submissão aos ricos da Europa, e aos podengos rafeiros que os seguem, ou como muita gente diz a sua sentença de morte.

* Retirado do seu perfil do Facebook, dia 12, às 17 horas.

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome