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Os Partidos e as partidas

03-01-2014 - Francisco Pereira

Vivemos num tempo de encruzilhada, completamente desnorteados, iludidos pelas quimeras que nos foram vendendo como panaceias para as maleitas endémicas de um país de desordem e miséria, que quase sempre fomos, continuamente embrutecidos e esperançados pelo mágico nevoeiro que nos traga um qualquer Sebastião hedonista e demagogo que nos traia aos primeiros tlins das coroas de mil réis e parta venturoso a combater moinhos nas quentes Áfricas para seu maior prazer masoquista de sentir a punição como um frémito que satisfaça e que se fecunde o povaréu.

A muita discussão que ultimamente se levantou sobre a utilidade dos partidos políticos é pertinente e justa, lança uma interessante questão, para que servem os partidos políticos ou antes, para que servem estes partidos?

Uma escapadela pela história recente do mundo revela-nos o surgimento deste tipo de organizações ali pelo século XVII ligadas ao parlamentarismo Inglês e às confusões sucessórias da “Glourious Revolution”.

Pior, é o que hoje temos, esta partidocracia de meliantes feita. Porque há que chamar os bois pelos nomes, diremos que os partidos políticos que temos, lesam a nação, são ninhos e cloacas de traidores, de ladrões e oportunistas e de velhacos, verdadeiras associações de cariz mafioso que se regem por códigos quase secretos de teias e parcerias escusas e escuras que envolvem as nossas instituições. Há quem fale de custos da Democracia, não negamos esses custos, antes afirmamos que pagamos demais para a miseranda democracia que temos.

Como podem os partidos e os seus dirigentes justificar, que os seus esbirros se sirvam dos partidos para todo o tipo de jogadas, golpes, falcatruas e trafulhices, como justificar que os seus acólitos se reformem aos 40 anos, como justificam essa obscenidade chamada Lei de Financiamento dos Partidos, como justificam todas as prebendas, benefícios e alcavalas que os seus correligionários embolsam sob qualquer pretexto, ou no argumento mais utilizado, que utilizam para se justificarem, quando instados a pronunciar-se sobre a injustiça de determinada renda, respondem quase sempre com um lacónico e néscio “…é a Lei…”, como se não fossem eles que aprovam essas leis que os beneficiam antes e primeiro que tudo e que todos!

Os partidos são necessários num processo democrático, indubitável verdade. São também necessários os movimentos de cidadãos, as iniciativas individuais e todo o tipo de manifestações que subtraia a hegemonia dos partidos, como únicos detentores da participação democrática. Mas são os actuais partidos do espectro político português e a gente que os habita e deles se serve necessários?

Não!

O grande mal dos actuais partidos é ainda não terem percebido que já não representam ninguém, excepto claro está as suas clientelas parasitárias. Os partidos, tal como a sociedade, precisam de uma purga que moralize, são precisos milhões de litros de clisteres que purguem as entranhas dos partidos e da sociedade de modo que assim libertos da muita trampa que infecta, uns e outros possam renascer e acertar agulhas pela Democracia.

Termino com um episódio a que assisti, que bem ilustra a qualidade miserável desta gentalha dos partidos. Era já tarde, contavam-se os boletins de voto, na sala, uma criançola irritante, detentora das credenciais de delegado partidário, ia soltando dichotes parolos, …esta gente gosta é disto…, …metem dó a votar sempre no mesmo… ninguém a mandou calar e a criançola imatura e mal formada, lá continuou a arrotar disparates, num patético exemplo daquilo que são as gentes partidárias.

Esta pobre pateta alegre, munida do seu cartão partidário, arrogante e mal formada é o protótipo das futuras elites dirigentes, criadas nesses antros de parolice chamados juventudes partidárias, pobres autómatos acéfalos e acríticos, que tal como as bestas usam entrolhos, para não verem a verdade que os rodeia.

Precisamos de partidos? Claro que sim!

Precisamos destes partidos? Claro que não!

Francisco Pereira

 

 

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