Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 29 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Esta é a Hora decisiva para a Europa

03-07-2015 - Eduardo Milheiro

Com a crise Grega joga-se o futuro da Europa; com a crise Grega joga-se o fim da ditadura dos mercados ao invés de permitir a especulação financeira selvagem, que bebe tudo o que os povos produzem.

O eixo Franco-Alemão tem de deixar de mandar na Europa, sob pena de vermos reeditada, não em guerra bélica, mas económica, a conquista da Europa pela Alemanha com o beneplácito dos franceses.

E quando muita gente seja por ignorância, ou por má fé, diz que os Gregos têm de pagar a dívida porque gastaram o dinheiro que receberam emprestado em reformas, ordenados e mordomias, vou dar-vos uns exemplos onde a Grécia gastou o dinheiro que lhe foi emprestado pelos célebres mercados e pelos Países que lhes criaram esta armadilha. A dívida Grega foi feita pelos que lhes venderam armas, financiamentos feitos pelos Bancos Alemães e Francesas, mantendo assim a economia destes dois países estáveis, mais no caso Alemão que no Francês.

Sob pressão, o governo social-democrata do PASOK de George Papandreou aprovou um pacote de austeridade brutal, totalizando 30 mil milhões de euros, mesmo diante da resistência massiva da população grega. Em troca, o governo de Merkel também concordou em financiar um pacote de resgate de 110 mil milhões de euros. Para Merkel, a falência do Estado grego nunca foi uma opção, já que ela colocaria em perigo os 45 mil milhões investidos pelos bancos alemães nos títulos públicos gregos.

De acordo com o jornal grego “Kathimerini”, Papandreou viajou para Paris para pedir apoio financeiro ao presidente francês. Na mesma época, e apesar do seu massivo déficit orçamental, o governo tomou a decisão de comprar seis fragatas francesas no valor de 2,5 mil milhões de euros. Além disso, ocorreram conversas sobre a compra de 15 helicópteros Super Puma franceses no valor de 400 milhões de euros, assim como 40 aviões de combate.

Outra grande parte do equipamento militar obtido pela Grécia já em crise, vem da Alemanha, apesar da campanha do governo de Merkel acusar a população grega de viver acima dos seus meios e afirmando que os gregos finalmente teriam que "acertar as suas contas". Um artigo minucioso do “Wall Street Journal” revelou que Berlim fez um acordo com o governo grego para a compra de dois submarinos no valor de 1,3 mil milhões de euros, factos que ocorreram por volta de 2010/2011.

Embora os círculos governamentais alemães neguem que estas questões tenham ligação com o pacote de resgate, a acusação dos parlamentares da UE é clara: tanto a França como a Alemanha fizeram da compra de armamentos, uma condição para a sua participação no fundo de resgate grego.

Na última década, a Grécia assinou um acordo de armamento no valor de 16 mil milhões de euros. De acordo com o “Wall Street Journal”, este valor é uma das razões para a dívida estatal Grega ser tão grande.

A União Europeia tem sido prepotente para o Governo Grego, pondo de lado as grandes responsabilidades do eixo Franco-Alemão no valor da dívida, o que não deixa de ser hipócrita.

Nos Países onde a Democracia e o Estado de Direito funcionam, o POVO é soberano, e a última decisão ao POVO pertence, por isso o Governo Grego tem de respeitar o programa eleitoral que o Syriza apresentou e o levou a ganhar as eleições. Numa atitude de respeito e transparência para com o povo e para com as promessas feitas, nada mais correcto que o referendo a efectuar no próximo dia 5, sob a seguinte questão: “Concorda que devemos assinar a proposta das instituições?" e a resposta será SIM ou NÃO (OXI).

Angela Merkel e Wolfgang Schaeuble não são os donos da Europa nem da Grécia, nem

Jeroen Dijsselbloem o milagreiro da economia europeia, por isso o referendo será a vontade dos gregos e o respeito do governo grego pelo seu povo.

Mas analisando ainda as condições políticas que levaram à situação actual da Europa, os partidos socialistas são os principais culpados desta crise porque desde sempre se aliaram aos neoliberais europeus, para conter a Esquerda europeia e manter a Europa domesticada, principalmente os países do sul.

Hollande e a França hão-de sempre ter presente o eixo franco-alemão, mantendo a sua fidelidade aos alemães, sempre que seja necessário tomar medidas para massacrar e torturar os países europeus em dificuldades.

Por tudo isto, o mundo - e principalmente a Europa - deve ter em conta que a Troika, FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, literalmente têm chantageado a Grécia naquilo que é uma tortura económica.

Depois de todas as consideráveis concessões que o Primeiro-Ministro grego Alexis Tsipras fez à Europa, aos credores em Bruxelas, nenhuma foi suficiente boa, pois o pacote de austeridade exigido e apresentado à Grécia é simplesmente inaceitável para os gregos.

Só como exemplo, as pensões já foram cortadas em 50%, sendo impensável cortar mais, principalmente para os mais pobres.

A corda esticou até ao limite: ou a União Europeia avança com uma solução sem austeridade, ou a corda vai rebentar e o que virá depois, penso que não está ainda bem definido. Veremos. Ainda são águas turvas, mas poderá acontecer um tsunami, principalmente para os Países em dificuldades como nós, ou os espanhóis.

Aconselho a leitura deste artigo na RR:
O Nobel Paul Krugman não é grego, mas votaria "não". Por duas razões

“Paul Krugman faz campanha a favor do "não". As propostas dos credores não trazem nada de bom para a Grécia e uma vitória do "sim" teria como resultado a saída do Syriza do poder, uma derrota para quem acredita nos ideais europeus.”

Notas: Algumas das informações para a elaboração deste artigo foram recolhidas no site do “World Socialist Web Site”.

Eduardo Milheiro

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome