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Comunicação Política

26-06-2015 - Henrique Pratas

A comunicação na área da política é extremamente importante, temos que ter muito cuidado com o que dizemos, é desejável que o comunicador político tenha ideias bem precisas e concisas dos objetivos que se propõe alcançar e as etapas que tem que queimar para atingir os seus objetivos.

Não podemos, nem devemos dizer tudo o que pensamos, devemos ser espontâneos e falarmos de uma forma convicta mas existem certos assuntos sobre os quais não nos podemos expressar de forma aberta como seria desejável.

Exemplificando em termos de comunicação política não é aconselhável entrar por caminhos que não dependam de nós e que a acontecer só se manifestarão no futuro.

Quem ousa entrar por este caminho deverá única e simplesmente, manifestar as ideias que tem para governar o País, tendo sempre em carteira algumas medidas de politica económica “em carteira”, para que quando sejam confrontados pelos interlocutores dos media dar uma resposta simples e objetiva sem entrar em detalhes porque os detalhes não interessam e podem constituir uma arma de arremesso, para os dirigentes de outros partidos ou mesmo dos órgãos de comunicação social, que como sabem são muito hábeis em descontextualizar o que é dito e apenas aproveitam o que vende para colocar na primeira página dos jornais, ou na abertura dos noticiários sejam eles de cariz televisivo ou radiofónico, se repararem bem vão sempre apanhar uma frase que disse a mais no “calor” da comunicação não devemos dizer coisas por onde nos possam pegar, por muito que nos custe um candidato a politico terá que ter em linha de conta este aspeto. Lamentavelmente vivemos numa época em que não podemos dizer aquilo que pensamos, construíram isto assim e assim devemos tomar as devidas precauções para não dizer aquilo que os nossos adversários políticos ou órgãos de comunicação possam pegar para colocar todo um projeto que nos propomos concretizar.

Recordo-me e muitos de vós também das palavras do general Humberto Delgado, quando lhe perguntaram o que faria se fosse eleito Presidente da República, o que faria ao então Primeiro-Ministro, António de Oliveira Salazar e a sua resposta como é do vosso conhecimento foi: “ Obviamente demito-o”. Não quero com isto afirmar que discordo da sua declaração, não estou perfeitamente de acordo com ela mas não o devia ter dito, pensá-lo sim, dizê-lo é que não.

Passado todo este tempo que medeia esta afirmação e os nossos dias vivemos no mesmo paradigma não se pode dizer tudo aquilo que se pensa, independentemente de o pensarmos, temos que ter sempre em conta o aproveitamento enviesado que podem fazer das nossas afirmações, esta é uma das regras básicas do engenho e arte de fazer politica, não se esqueçam que a política tem como principal objetivo gerir a polis, isto é assim desde a Roma e da Grécia antiga.

A comunicação em política é uma arte e tem que ser muito bem trabalhada para conseguirmos alcançar os objetivos a que nos propomos ou a concretizar os ideais que defendemos, vezes há em que temos de dizer o contrário de que pensamos para que os veículos de informação partidários passem uma mensagem errada daquilo que queremos, às vezes é necessário dar recados subliminares mas tem que ser, estes nem todos os entendem só os aparelhos partidários mais competentes conseguem entender e decifrar a mensagem e o alcance que queremos dar às nossas palavras.

Nesta matéria de comunicação politica como em outras não importa ser sério e preciso sê-lo de facto e isso só se consegue sem “derrapagens” linguísticas ou de pensamento.

No caso que vos citei se e entramos na área da especulação se o general Humberto Delgado se tivesse pronunciado de forma aberta e clara que o Primeiro-Ministro seria demitido, será que os acontecimentos teriam sido os mesmos?

Nem todos nós podemos andar na política porque somos demasiado frontais e dizemos o que devemos e não devemos e um projeto política pode ficar empenhado por uma escorregadela, provocada por alguém que quer saber mais do que o ator político.

A comunicação na política tem um papel fundamental na disputa eleitoral, por isso é necessário ter simultaneamente uma grande capacidade de comunicar e de atrair a atenção das pessoas que nos escutam mas como costumamos dizer em termos tauromáquicos não nos devemos meter em terrenos curtos, porque as consequências podem ser desastrosas.

Provavelmente interrogar-se-ão, porque é este fulano está a escrever estas coisas, nós já sabemos isto, qual será o objetivo dele?

A resposta a esta questão, são vocês que a vão encontrar, se tiverem a paciência de ler o meu texto e comparar o que escrevo com o que é feito na prática, examinem algumas das comunicações politicas que são feitas e reparem à vossa volta que a generalidade das pessoas diz em alto e bom som quando alguém na área da politica fala o comentário é lá está o tipo a ver se nos engana, ou de outro modo já não posso ouvir este tipo e de imediato mudam de “agulha” e faz de conta que não é nada com ele.

Foi este processo de comunicação que os políticos utilizaram de dizerem que fazem isto, aquilo e o outro em sede de campanha eleitoral, que depois não concretizam porque não estão reunidas as condições mínimas para aplicarem as medidas que apregoaram e não conseguem implementar ou às vezes até têm que fazer o contrário do que afirmaram.

Isto desacreditou a política e por isso é que muitos de nós dizemos “ olha não sabe fazer mais nada foi para a política”, ou “os políticos são uns mentirosos, uns trafulhas”, isto para não dar outros exemplos mais acintosos.

A política como vos escrevi é uma arte e só pode ser exercida por quem tem aptidões inatas para o seu exercício, ou trabalhou/estudou arduamente todos os fenómenos que acompanham o exercício de uma atividade politica, são necessários predicados como a ética, a verticalidade, postura de estado, honradez, valores e palavra.

Pois é já estou a ler nos vossos pensamentos reunir todas estas condições não é fácil por isso mesmo é que a política não deveria ser para todos, há os mais e os menos capazes, como no exercício de uma atividade profissional normal, vulgar de Lineu, existem os que gostam daquilo que fazem e aqueles que fazem aquilo porque têm que fazer para conseguir sobreviver.

Contrariamente ao que podem pensar eu não tenho certezas absolutas, constato apenas factos e se olharem à vossa volta vão reparar em pequenas coisas que se dizem que têm um impacto na sociedade tremendo e algumas coisas de grande importância que são ditas ninguém liga porque já não acreditam no que venha daquela fonte.

Para terminar quero ainda fazer alusão a uma prática utilizada pelo aparelho politico que suportava o Hitler e que é muito simples, reproduzindo muitas vezes e com uma grande frequência uma mentira ela passa a ser verdadeira, será que nos nossos dias não se aperceberam da utilização desta técnica para nos fazer crer que está tudo bem.

Henrique Pratas

 

 

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