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Ainda a propósito do discurso do PR no 10 de junho

19-06-2015 - Henrique Pratas

Ainda não me refiz das aleivosias que foram praticadas e verbalizadas pelo atual PR deste país.

Das cerimónias pretendo destacar a atrocidade como os mortos em combate, assim como os seus familiares e todos os que combateram na Guerra Colonial foram destratados e desconsiderados, através de um discurso inqualificável.

Eu que tenho memória, recordo-me que no tempo de Salazar e Caetano, no mesmo dia 10 de junho, o pai, a mãe, a namorada, os filhos, as mulheres eram chamadas ao “palanque” das condecorações para lhes ser atribuídas uma condecoração a título de bons serviços prestados à Pátria e concomitantemente lhes era prometida a atribuição de um pensão de sangue, miserável e muitas vezes não passou disso mesmo de uma promessa. Esse dia pautava-se por ser um dia cinzento em que de facto a honra pelos mortos em combates, era considerada.

Vem-me à memória de estar a assistir a esta cerimónia pela televisão e muitas das vezes, chorar, por achar que era injusto que as mães, os pais, as mulheres ou outros graus de parentesco daqueles que morriam numa guerra que não era a sua, ficassem privados dos seus entes queridos. Cheguei mesmo a uma fase em que não via as cerimónias, porque ficava chocado, atormentado com o que via. Aproveito a oportunidade para partilhar convosco outra situação que me custava ver na televisão, que era as mensagens de Natal que faziam na época natalícia, onde muitos daqueles que queriam falar e se atrapalhavam e me vez de dizerem muitas felicidades, diziam muitas propriedades, isto marcou-me de tal forma que é por isso que não gosto da época natalícia, para mim ver aquelas imagens era deprimente.

Mas voltando aos dias de hoje e concretamente à cerimónia que ocorreu em Lamego, não deixo de lamentar a hipocrisia com que se honraram a memória daqueles que morreram em combate e que em momentos posteriores se desonram os mortos e os vivos, quando se atribuem condecorações por bons serviços prestados à Pátria à ex- mulher do banqueiro Horácio Roque, dono do BANIF, e ao costureiro da mulher do Presidente da República.

Como cidadão as condecorações foram banalizadas e desacreditadas de vez já o tinham sido em cerimónias anteriores mas desta vez foi o fim, quem de facto recebeu condecorações merecidas por bons serviços prestados à Pátria em situações de perigo que puseram em risco a própria vida devem sentir-se perfeitamente envergonhados pelas condecorações atribuídas neste 10 de junho de 2015.

Não me recordo de uma cerimónia tão miserável, em que os manifestantes dos lesados do BES foram mantidos a uma distância considerada como suficiente para não perturbarem o decorrer das cerimónias oficiais do 10 de junho, tendo eu a informação que no final alguns deles foram mesmo sujeitos a prisão.

Como português sinto-me envergonhado, como neto de um militar que participou na I Grande Guerra, sinto-me ainda pior pela memória do meu avô, que serviu de carne para canhão, pois como sabem as nossas tropas foram “mandadas” para a frente de batalha mal armados e fardados, mas deram o melhor que podiam, sabiam e que para mim foi muito.

Lamento profundamente o que aconteceu neste 10 de junho de 2015, banalizaram-se as condecorações oficiais, por quem quer dar uma ideia do quero, posso e mando, uma vergonha.

Henrique Pratas

 

 

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