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Os Burrocratas

20-12-2013 - Francisco Pereira

Está a nossa administração pública prenhe de burocratas, de mangas-de-alpaca, que à forma atribuem mais importância que ao conteúdo, são os verdadeiros grãos de areia que emperram a já mui débil e empastelada tramitação papeleira, estamos em crer que alguém nos governos tem interesses nas celuloses, tendo em conta as quantidades colossais que a administração pública gasta em papel, consomem tais prodigiosas quantias de cabedais ao erário público, que duvidamos sinceramente da sustentabilidade deste país.

Estes burocratazecos de meio alqueire, verdadeiros burrocratas inventam, normas, pareceres, ofícios e fórmulas eruditas de comunicarem os menos importantes factos, fazendo de qualquer iniciativa, um labiríntico percurso em que até o novelo da pulcra Ariadne teria dificuldade em guiar o mais afoito Teseu.

O país sempre foi pródigo em produzir alimárias desta igualha, já os nossos soberbos Antero, Junqueiro, Ortigão e Eça se queixavam dos muitos cretinos, néscios e mesquinhos mangas-de-alpaca. Devemos ter paióis imensos onde seguramente milhares destas criaturas estão armazenadas esperando apenas a melhor das oportunidades para entrarem na administração pública e poderem exercer o seu mandato de burrocratas. A burrocracia é em si mesma uma verdadeira ciência de complicar o óbvio e dificultar o fácil, tarefas que se resolveriam com uma simples mensagem de correio electrónico, exigem um protocolo quase medieval, com duplicados e triplicados, com ofícios para cima e para baixo adicionando custos a tarefas tão simples como seja pedir uma resma de papel, tão certo como o Sol que brilha no firmamento, que voltasse Hércules aos seus 12 trabalhos, e soçobraria seguramente na tarefa de sobreviver à administração pública portuguesa e ao seu infindável e aparentemente inesgotável filão de burrocratas.

No século XXI, os burrocratas à portuguesa continuam a assoberbar a administração pública central e local, desconhecendo esse já corriqueiro mundo digital, na administração local onde a espécie ainda é mais perene, tendo em conta que é nas autarquias, que a feira de vaidades da política nacional, mais vem à tona, e ai daquele que não utilize a laboriosa e barroca meta linguagem dos burrocratas, é certa a admoestação, não se corrige, não se ensina, antes se aponta a falta sem mais cavaco, que os burrocratas, estão no seu eterno direito de serem arrogantes e sobranceiros, como se todos na alva da vida já trouxessem as ensinanças completas para enfrentar semelhantes imbecis!

Humilitas est virtus, non est in usu cito oblitus

Francisco Pereira

 

 

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