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Discurso Presidencial do 10 de junho

12-06-2015 - Henrique Pratas

Eu nem quero acreditar no que ouvi e li relativamente ao discurso efetuado pelo Presidente da República Portuguesa, gostando mais de substantivar do que adjetivar, não consigo apenas escrever que foi simplesmente deplorável.

Pelo que ouvi e li, vivo num País diferente daquele em que o senhor Presidente da República deste lindo País vive. O País onde vivo tem várias carências que não vi plasmadas no discurso realizado ontem dia 10 de junho.

No meu País as pessoas não têm acesso aos cuidados primários de saúde, não têm acesso à Educação, o n.º de desempregados é excessivo, para não escrever incontrolável, existem pessoas mais novas e menos novas a passar fome, o acesso ao emprego é vedado e só disponível para a clientela dos partidos do Governo, o compadrio prolifera, a Justiça não funciona, nuns dias decide de uma maneira para quem tem recursos financeiros disponíveis e vai de recurso em recurso até à absolvição total, exemplo veja-se o caso do Banco Privado Português (BPP), onde a primeira decisão foi de burla qualificada, para o principal gestor do BPP, agora vê a decisão ser revogada pelo mesmo órgão que superentende o exercício da Justiça, alterá-la para um nível de moldura penal substancialmente diferente, onde o atributo da qualificação do crime praticado por este cai pura e simplesmente, isto só vem provar que existe de facto um justiça para pobres e outra para ricos, tudo isto é inqualificável. Os militares e as forças policiais no meu País estão descontentes, uns porque lhes impõem um regime disciplinar com o qual não concordam e ambos se queixam de não possuírem os meios necessários e desejáveis para o exercício das suas funções, quer materiais, quer de condições em termos de instalações.

No País onde vivo as condições de prestação de serviços por parte do Estado aos cidadãos são deploráveis para os que pretendem aceder às mesmas quer para neles trabalham, o acesso aos transportes não é igual para todos, o acesso à aquisição de medicamentos para se poderem tratar não é igual, conheço situações de pessoas que não dispõem dos meios financeiros necessários para poder comprar os medicamentos para se tratarem, outros há que mal tem dinheiro para comer e basta que se desloquem à Avenida Almirante Reis, ali junto onde funcionava o Tribunal de Trabalho, mesmo em frente à Igreja dos Anjos, às horas das refeições e ver a quantidade de pessoas que se aglomeram para poder tomar uma refeição digna, nos termos do que se encontra consignado na Carta dos Direitos Humanos e na Constituição da República Portuguesa.

O senhor Presidente da República não fez um discurso isento, como lhe é exigido, nem real tendo em conta a atual situação REAL, do País onde aqueles a quem dirigiu o discurso vivem.

Mais uma vez o discurso não foi isento como escrevi anteriormente, mais parecia uma proposta de programa de Governo a apresentar pelo PSD ou CDS/PP, porque para a mim as diferenças entre um e outro não são substantivas.

Considero-o mesmo como uma ofensa a todos os portugueses, ou em alternativa o senhor Presidente da República não vive no mesmo País do que nós todos, o nosso fique o senhor a saber é diferente é um País onde não temos acesso a nada ou quase nada, onde nos são impostos sacrifícios sem resultado prático nenhum, estamos cada vez mais pobres e a Divida Pública aumentou significativamente para onde foram os proveitos que conseguiram à custa dos nossos sacríficos?

Não se pode, nem se deve ignorar que para o Presidente da República realizar o discurso que miseravelmente fez, teve que ser criado um perímetro de segurança bastante alargado, pois a 400 metros estavam aqueles que acreditaram nas palavras do Presidente da República, do Primeiro-Ministro, da Ministra das Finanças, do Governador do Banco de Portugal, do Presidente BES, dos gestores de conta e gerentes daquela instituição que induziram aquelas pessoas a confiar numa instituição financeira, onde colocaram as suas poupanças a troco de garantias reais e de ofertas de rendimentos considerados como atrativos, então agora ninguém os quer ouvir e apresentar uma solução para o problema que criaram.

O País que falou não é de facto o mesmo onde todos nós vivemos, ainda hoje ouvi e li em diferentes órgãos de comunicação social que os cidadãos que lhes foi prescrito a realização de exame médico designado por colonoscopia com sedação no Hospital da Ordem Terceira que é o único que faz este tipo de exame através de credencial passada pelos serviços de saúde e comparticipada pela Segurança Social tiveram que ir para a fila às 22 horas do dia 10 de junho de 2015, para ver se hoje conseguem fazer a marcação que lhes foi prescrita pelo seu médico de família.

Por esta razão e por outras, senhor Presidenta da República demita-se é um favor que faz a todos os portugueses, não bastava ter no seu currículo o desempenho das funções de informador da PIDE, como também agora andar com o partido que promoveu a sua eleição ao cargo que ocupa, ao colo, o senhor jurou fazer cumprir e respeitar a Constituição da República Portuguesa, não se recorda, acho que está a ser isento e a defender os superiores interesses da Nação Portuguesa?

Independentemente das opções políticas de cada um dos portugueses ninguém deveria estar preso por indícios ou sem culpa formada, neste momento que eu saiba existe um cidadão deste País que está preso sem culpa formada e meus caros leitores esta prática é assustadora, e pensarmos que ela pode ser levada ao seu extremo teremos pessoas presas sem culpa formada, situação aplicada em regimes ditatoriais.

Face ao exposto senhor Presidente da Republica, demita-se, vá-se embora, se ainda tem um pingo de vergonha.

Henrique Pratas

 

 

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