Uma inteligência contabilística?
29-05-2015 - Eurico Henriques
Com uma vontade e desejo de ação sempre consideráveis aí temos de novo o nosso bem- aventurado FMI, o que quer dizer controladores oficiais e internacionais do nosso magro viver.
Há dias, talvez semanas ou mais do que isso, porque o tempo é para se contar mas não viver como recordação, vem surgindo a nota preciosa: é preciso cortar nas pensões e salários para diminuir a despesa pública. Notoriamente escrevo sobre a nossa realidade, aqui, neste ocidente Mira Atlântico.
O que surpreende nesta afirmação é que observamos e vemos gente dita inteligente e muito conhecedora do ramo dizer isto: deixa-se de pagar à peste grisalha e poupamos. Abatemos a dívida. E outras mais afirmações que nos sugerem respostas que se não podem dizer ou escrever para não ofender o puritanismo de quem lê ou ouve.
Afinal é fácil ser dos quadros do dito FMI. Basta arengar uma proposta de corte nos pagamentos para se ter a descoberta da poupança e do engrandecimento. Acrescente-se que esta subida gente é agraciada com o direito de não pagar impostos pelo que recebe de salário – e que recebimentos.
Tenho aqui para mim que quem não paga impostos pelo que recebe como resultado do seu trabalho, não devia ter o direito de opinar. Isso deve ficar para quem paga e é descontado em mais do que tantos por cento.
No nosso recantinho falou também a senhora das finanças – devia escrever com maiúsculas mas não me apetece – que se deve cortar nas pensões para a sustentabilidade da segurança social. Nomes tão compridos e sonoros. Andou – também ela – a estudar tanto tempo para dizer isto. Está a copiar os do FMI. Deve desembolsar um desconto especial porque não apresenta a solução, mas sim a cópia – talvez seja melhor dizer plágio.
Já tivemos muitos tempos difíceis. Fazendo uma busca ao passado antigo e recente verificamos que houve momentos em que as nossas finanças andaram mal. Coisas de quem é pequeno e tem pouco e quer ser grande e ter muito. No entanto o que é necessário é encontrar respostas decentes e concretas para o que precisamos e devemos modificar. Indexar cidadãos, pela sua natureza, situação e estado, a um sentimento de culpa e de incapacidade, com a condição de que já não servem, é coisa que não produz soluções nem traz acrescentamentos à mudança.
Eurico Henriques
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