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Sociedade Corrupta

15-05-2015 - Henrique Pratas

Bem vamos lá ver como é que me saio a contar-vos esta história verídica, por razões que compreenderão não vou escrever nomes que a situação é real e que tive conhecimento dela ontem é a pura das verdades.

Ontem uma senhora, aproximou-se de mim, estranhei mas como tenho tendências para estes acontecimentos já nada me admira. A senhora conhece-me, porque todos os dias me vê sair e chegar a casa, eu é que a não conhecia ou conhecia e já tinha falado com ela mas não me recordo, então aproxima-se de mim e entabula uma conversação que vos passo a descrever.

Bom dia o senhor não se importa que eu desabafe consigo uma coisa, estanhei, mas lá lhe disse diga e então começo a ouvir uma história que confirmei, junto da Unidade de Saúde ser verdadeira. Veja lá estou com baixa por doença há muito tempo já fui a uma inspeção médica convocada pela Segurança Social, para me reformar por invalidez, porque não consigo trabalhar e para além disso tenho um filho deficiente, que precisa de mim, mas agora fui convocada para ir a uma outra e dirigi-me à Segurança Social com a “carta de chamada”, falei com uma amigo de caça do meu maridoe ele disse-me para que quando fosse levasse pelo menos 1.000,00 € para cada um médicos, que em principio serão três e que não se esquecesse dele pelo menos em 500,00 € e já agora traga a sua médica assistente que facilita as coisas, que ao saber disto também vai querer alguma coisa pelo menos 1.000,00 €.

Fiquei estarrecido mas como neste País já nada me admira fiz as contas e para uma promessa de conseguir uma reforma por invalidez, custa em luvas pelo menos 5.000,00 €, ainda perguntei à senhora se tinha garantias de que assim conseguiria a bem dita reforma por invalidez respondeu-me prontamente que não, estremeci e tendo-me sido solicitado a opinião para lhe dizer o que devia fazer, fiquei sem palavras.

A senhora tem mais de 40 anos de trabalho, não quer voltar para a empresa porque o ambiente é de cortar à faca e para além de estar doente, tem que tomar conta do filho e questiona-me sobre o que há de fazer e eu não encontro respostas, ainda lhe disse que se fosse comigo não alinhava neste pedido, quando lhe dei esta resposta vieram-lhe as lágrimas aos olhos, aí percebi que a mulher estava aflita e estava disposta a “alinhar” no esquema para se livrar do emprego onde os maus tratos e desconsiderações imperam.

Ela pedia-me que a aconselhasse e eu não tinha resposta para lhe dar, por um lado não concordava com o “esquema” por outro percebia e entendo a aflição dela ter que voltar ao local de trabalho não desejado e do qual está afastada há muito tempo não será pera doce, foi uma conversa inconclusiva, ainda com muito cuidado lhe perguntei se tinha o montante que lhe solicitaram, disse-me que não mas que iria pedir a um familiar ajuda e que depois lhe pagaria com o que recebesse da hipotética reforma por invalidez.

Como não gosto de empastelar as conversas lá lhe disse que eu não alinhava no que lhe era solicitado mas que ela fizesse o que muito bem entendesse, chamei-lhe à atenção para o facto de não lhe oferecerem garantias absolutas de passar à situação de reforma por invalidez, porque para além do parecer dos médicos, ainda havia que contar com a concordância dos responsáveis por esta decisão na Segurança Social.

Meusamigosdeixo-vos aqui mais um testemunho real do que vai acontecendo por este País em termos de transparência, idoneidade, funcionamento dentro da normalidade democrática das instituições, empresas.

O País está a saque e é o salve-se quem puder, esta mulher está na disposição de entregar 5.000,00 € a troco de nada, para ver se consegue a reforma por invalidez.

É triste escrever o que vou escrever é o País que temos.

Henrique Prata

 

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