“A SITUAÇÃO A QUE CHEGAMOS” (1)
13-09-2013 - Gabriel Duarte
Hoje resolvi dar uma volta por Almeirim.
Estou incomodado, irritado, baralhado …
Cada vez aperto mais o cinto. Cortam-me sucessivamente a reforma. Pago cada vez mais taxas e impostos. Os bens de 1ª necessidade estão cada vez mais caros. O sistema de saúde pública piora de dia para dia. A escola pública regride constantemente. Os desempregados (especialmente no escalão etário mais jovens) formam um pelotão que cada dia é mais numeroso …
É A CRISE, dizem!
Mas qual crise?
Convido-vos a fazer o que hoje fiz: dêem uma voltinha pelas ruas de Almeirim e contem os cartazes, lonas, pendões e outros que tal que preenchem as rotundas, cruzamentos, sinais de trânsito, passeios, parques de estacionamento, zonas de lazer, etc. etc. etc.
Não se respeita nada, não se respeita ninguém.
É A DEMOCRACIA, dizem!
Ah, isto é que é democracia? Gastar milhares de euros a exibir caras e frases feitas?
Quantos milhões se vão gastar inutilmente neste País com mais esta campanha eleitoral?
E os pobres, os idosos, os desempregados, as crianças, os jovens, os desempregados, … O POVO?
Afinal que propostas sérias nos propõem os nossos candidatos autárquicos? Em que esquina ou rotunda posso consultar um programa credível de cada lista?
Só os burros (e não quero ofender a classe asinina) decidem o seu voto por ver um cartaz maior, uma pose mais fotogénica ou uma frase mais original.
Como se tudo não bastasse, somos agora confrontados com a classe dos "dinossauros", que tanto a nível nacional como local andam numa roda-viva muito excitados. Eles tentam por todos os meios eternizar o seu reinado, tendo alguns para isso, recorrido a "lebres", tal como no atletismo.
As lebres, são figuras normalmente amestradas ou amestradoras, de confiança, que aguardaram pacientemente na sombra o momento de “dar nas vistas”. É desta forma indirecta, que os caciques agora semi-clandestinos, pretendem dar continuidade ao seu reinado, aos negócios e às vinganças...
O meu ideal de Liberdade, Democracia, Justiça e Igualdade mantém-se inalterável, mas neste momento sente-se órfão. Afinal não foi para nada disto que fiz parte ativa do movimento libertador do 25 de Abril.
Estou farto, desiludido e triste “pela situação a que chegámos” (1) .
Gabriel Duarte
(1) – Salgueiro Maia no discurso às tropas em parada na Escola Prática de Cavalaria, na madrugada de 25 de Abril de 1974, minutos antes da saída para Lisboa.
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