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Está tudo a funcionar dentro da normalidade democrática

02-01-2015 - Henrique Pratas

Por certo esta tem sido a expressão que os portugueses têm ouvido mais nos últimos tempos.

Pois eu contraponho nada está a funcionar ou funciona no dia-a-dia, sem horizonte temporal.

Em alguns Centros de Saúde que estão abertos hoje, não existem médicos apenas estão os administrativos e enfermeiros, logo conclui-se que está tudo a funcionar dentro da normalidade democrática. Os médicos uns foram de férias, outros estão doentes, sim porque os médicos também adoecem, mas está tudo a funcionar.

A maior parte dos organismos públicos e privados estão praticamente parados, mas os membros que compõem cantam aos sete ventos e em uníssono que está tudo a funcionar dentro da normalidade democrática.

Reparo também que um ex-presidente da república, conselheiro de estado, só agora se apercebeu que o País estava a tomar o rumo que é visível há dois ou três anos atrás, mas como é militar, tem a sua desculpa, porque não consegue enxergar a longo e médio prazo apenas vê o óbvio e perante a sua auréola de honestidade impoluta só agora deu conta que o País se está a afundar a olhos vistos e vem clamar aos sete ventos a desumanidade, níveis de pobreza a que se chegou e que vamos chegar se as medidas tomadas não sofrerem uma inversão na tendência a todo o vapor, ou será que o ex-presidente da república se está a perfilar para “surgir” como candidato do consenso (PS+PSD) presidencial às eleições para Presidente da República.

Não me admirava muito mas só gostava de saber onde andou este tempo todo o ex-presidente da república, para só agora se ter apercebido o actual estado do País, fico perplexo com estes “acordares”.

O Ministro da Defesa, safou-se à justa do suposto processo dos submarinos, que aqui prescreveu, mas na origem, Alemanha o mesmo caso levou a que alguns fossem multados em quantias elevadas, em penas de prisão efectiva e suspensa, aqui está tudo dentro da normalidade democrática e os processos sobre a mesma matéria prescreveram.

A novela Espirito Santo desenvolve-se dentro da normalidade democrática e esperavam novos desenvolvimentos (episódios), que se irão alargar pelo ano de 2015 e provavelmente ainda transitarão para o ano de 2016 e sabe-se lá durante mais quantos anos, à semelhança do caso da Herança Sommer, que se desenrolou durante anos a fio, mas nada há que clamar porque está tudo dentro da normalidade democrática.

Nos Hospitais as pessoas agonizam nos corredores das urgências, médicos não há mas o que existem não chegam para as “encomendas”, até um paciente já padeceu nas Urgências, mas está tudo dentro da normalidade democrática.

As Escolas de Ensino Especial estão em risco de não abrir por falta de pagamentos por parte do Estado e se os referidos pagamentos não forem feitos em tempo oportuno, não têm condições para abrir no dia 5 de janeiro, mas está tudo dentro da normalidade democrática.

A Justiça está a funcionar como nunca, estão pessoas presas sem culpa formada, impedidos de receberem livros, mas está tudo dentro da normalidade democrática.

No que se refere aos trabalhadores mais de 700 trabalhadores da Segurança Social receberam as “cartinhas” que os enviam para a mobilidade especial, que sentido de oportunidade, este Des) Governo é muito sensível a esta quadra que estamos a passar, mas como os mesmos referem está tudo dentro da normalidade democrática.

Os militares viram reduzidos ou anulados os benefícios de saúde que possuíam, mas está tudo dentro da normalidade democrática. A propósito de militares e sem me alongar em grandes teorias sobre o n.º de militares existentes em serviço efectivo acho que são demais mas esta é a minha opinião, porque, tanto quanto sei não vamos invadir as ex-províncias ultramarinas e começar de novo uma Guerra Colonial e não há dinheiro para fazer o que devia ser feito, mas esta é uma questão que ocuparia mais páginas e não me quero agora alongar nesta matéria, fica para uma outra ocasião, porque está tudo dentro da normalidade democrática.

Está demonstrado aqui neste texto que repetindo uma mentira muitas vezes ( está tudo dentro da normalidade democrática) ela passa a ser verdade, esta é como sabem a forma de um Des) Governo passar uma mensagem errada sobre o que de realmente se passa o Hitler e outros ditadores utilizaram este processo de comunicação para que as mentiras passassem a verdades absolutas e inquestionáveis, é o que está a acontecer.

Por mim já estava cansado de escrever a frase que tantas vezes é repetida pelos membros deste Des) Governo e vejo outra realidade, que não a que me querem fazer ver e querer, procedi à actualização do carácter e como faço parte de uma minoria adoptei a postura de me reduzir à minha insignificância, continuo a ver o que vejo e ouço, retiro as minhas conclusões e deixo que os outros digam o que quiserem porque a mim já não me incomodam, desliguei o fusível, vivo à margem de tudo isto, participo onde acho que devo participar, não pretendo fazer parte de sectores mais iluminados e preparados, como alguns membros iluminados, sabe-se lá por quem, clamam que é necessário que os sectores mais esclarecidos, avançados e mais trabalhadores da nossa sociedade desenvolvam acções no sentido de acabar com o actual estado de coisas, por mim fico-me pela minha insignificância, mas com as atitudes diárias, constantes, sistemáticas e sistematizadas de tentar influenciar a decisão no sentido daquilo que eu acho que é correcto.

E podem ficar descansados que está tudo dentro da normalidade democrática.

Não resisti ao terminar este meu texto de voltar a escrever esta frase maldita que ouvimos diária e profusamente divulgado pelos nossos Des) Governantes através dos diferentes meios de Comunicação Social.

Chegados a esta fase só nos faltam os campos de concentração, ou será que estes já não existem sobre uma outra forma dissimulada, o que são as empresas, organismos públicos e privados, o País, reparem bem e vejam se não estamos já inseridos num campo de concentração global ou outra coisa que lhe queiram chamar.

Sentem que tem liberdade para fazer o que gostavam?

Lisboa, 31 de dezembro de 2014

Henrique Pratas

 

 

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