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Adeus Tristeza

28-11-2014 - Henrique Pratas

Utilizando-me do título de uma canção escrita e musicada pelo meu amigo Fernando Tordo, e que reflete o meu estado de espirito neste dia, véspera do dia em que me cercearam a minha vontade, a minha liberdade e essencialmente a de sonhar num País diferente do que temos, com a machadada que foi dada no 25 de novembro de 1975 a determinados ideiais vontade de mudar a sociedade de fazer coisas para que o povo deste País tivesse acesso a mais coisas que não existisse ninguém que não soubesse ler, nem escrever, que ninguém se sentisse desintegrado na sociedade que idealizei, queria que tudo tivesse sido diferente lutei por isso empenhei-me em processos que levariam a uma mudança substantiva da nossa sociedade, mas não fui só eu que investi neste idealismo existem muito mais pessoas que investiram nos diferentes sectores de actividade, desde as artes, até ao mais simples dos cidadãos, o objectivo era colocar as pessoas a decidirem sobre o seu futuro e integrá-las numa sociedade em que eles sentissem que ela era construída a partir das suas ideias, dos seus objectivos, dos seus desejos uma sociedade onde fossem felizes, sem sermos de nada ou sermos donos de tudo, associado à condição de sermos cidadãos que podessemos pensar livremente.

Como sabem nada disto aconteceu e chegámos a estado que todos conhecemos não somos donos de nada, tiram-nos a capacidade de sonhar, de participar na construção de uma sociedade livre e independente, reduziram-nos a meros “objectos” que utilizam a seu belo prazer e o estado da economia do País está no estado em todos sabemos, deplorável, não se investe, não se cria emprego, não se faz rigorosamente nada, alimenta-se apenas alguns sectores produtivos da nossa economia de uma forma arcaica sem o envolvimento das pessoas no processo produtivo.

A maior parte das pessoas não tem a possibilidade de viver a vida, porque a maior parte de nós é trabalho casa, casa trabalho, pagar as contas da água, a escola dos filhos que mal vêm crescer, da electicidade do gás, o empréstimo da habitação onde habitam, por não existir alternativa no mercado de arrendamento e quando existe é precário e sem direito a recibos, enfim um sem número de obrigações necessárias para ter o minimo para ter uma vida condigna, o que está a ser muito dificil. Mais um ideal que caiu por terra nem eu nem muitos daqueles que se empenharam na construção de uma nova sociedade pretendiam que as coisas chegassem a este ponto.

Sonhei a par de muitos, andei nas campanhas de alfabetização, na reforma agrária, na construção naval, dei tudo o que tinha e sabia para que a sociedade fosse diferente, não deu, conheço os motivos e hoje questiono-me sobre algumas práticas será que as pessoas queriam o que nós pretendiamos? Não fomos capazes de passar a mensagem que queriamos, poder-se-ia ter agido de maneira diferente? Ou será que os donos do poder instalado, não queriam que as coisas mudassem assim tanto, porque uma sociedade mais culta e conhecedora dos meios de produção constitui uma força que assusta os detentores do capital, tentámos unir as pessoas em torno de objectivos comuns, não foi possivel porque em meu entender não estamos habituados a viver em sociedade, mas esse dia vai chegar quer queiram quer não é irreversivel e inquestionável por mais que não queiram não existe outra saída e só uma questão de tempo e de paciência, por mim teria sido à 40 anos atrás, essa janela de oportunidade surgium mas não a soubemos aproveitar, outras janelas se abrirão quando menos esperarmos é esta a minha esperança e desejo, apesar disso hoje sinto-me triste por mim e por todos os cidadãos deste País.

Termino dedicando-vos o refrão da canção do Fernando Tordo, “ Adeus Tristeza”, que reflecte o meu estado de alma neste dia 24 de novembro de 2014.

Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar

Lisboa, 24 de novembro de 2014

Henrique Pratas

 

 

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