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MEMÓRIAS (1)

21-11-2014 - Henrique Pratas

Os pretextos que este Des) Governo nos dá são muitos de tal modo que já não constituem novidades nem para mim nem para vocês, apesar de continuar atento tento afastar-me de uma podridão que já fede e novidades boas não nos dá, por isso entendi que era hora de vos escrever algo de mais agradável que é partilhar convosco parte da minha vida.

Já vos escrevi um texto cujo conteúdo era a sopa de couves com feijão, hoje apetece-me escrever mais sobre um pouco de mim não sou narcisista, mas tenho coisas muito boas para vos contar.

Eu nasci em Lisboa, fruto do amor de meus pais que eram oriundos do Arripiado e Carregueira, situados no Ribatejo mais propriamente no concelho da Chamusca, como naquele tempo era hábito nasci em casa, após um longo trabalho de parto de minha mãe, a 27 de abril de 1956, nasceu o rapaz que vos alinhava estas linhas.

Fui um filho desejado pelos meus pais, tive uma infância e juventude feliz, não pela abundância de bens materiais mas de afetos, que eu acho que é o melhor que podemos ter.

O rapaz chuchou às escondidas até aos 5 anos, mas só gostava das chuchas com borracha mais dura, daquelas que se enfiavam no gargalo das garrafas, das outras não gostava, recordo-me de a minha mãe me ter contado que um célebre dia a personagem perdeu a chucha e como não havia sobresselente foi o cabo dos trabalhos, porque não queria outras trouxeram várias mas não eram das que gostava e rejeitava-as, até que meu pai teve que correr quase todas as farmácias existentes em Lisboa para conseguir uma chucha que eu queria, com dificuldade lá arranjou depois de muito procurar e personagem perante o que pretendia calou-se estava feita a sua vontade, casmurro o gajo.

Sempre fui muito irrequieto mas muito atento ao que se passava à minha volta, era destemido e não aceitava uma explicação qualquer, tinha que ser uma explicação aceitável por mim, porque senão iria fazer perguntas até esclarecer tudo e não sobrarem dúvidas.

Recordo-me de mim assim, tive que ir sempre ao fundo das questões.

Como já vos escrevi era muito irrequieto e os meninos naquela altura não iam para infantários porque não era hábito que as mulheres trabalhassem fora de casa, trabalhavam e muito em casa e foi assim com a minha mãe, tive o privilégio de ter uma mãe a tempo inteiro, que me levava para todos os jardins que existiam na capital para poder brincar, coisa que fazia até à exaustão, no regresso a casa como o cansaço era muito e eu era manhoso, pedia colo à minha mãe pois o cansaço era tamanho que não me apetecia andar e ela com a sua paciência e amor por mim dava-me colo, consegui explorar esta manha até aos 5 anos, com o meu pai era diferente também tentava mas ela o que fazia era começar a correr num determinado sentido para ver quem conseguia chegar primeiro e eu que não queria dar parte de fraco e gostava de o vencer não desistia e corria, ele não me aparava os meus golpes e bem.

Em Lisboa nessa altura e no bairro em que vivia, na altura designado por Bairro das Colónias, hoje Bairro das Novas Nações, mais propriamente na Rua Heliodoro Salgado, não passavam muitos carros o que nos permitia brincar nas ruas correr, jogar à bola, mas sempre com o olho na policia, dado que era proibido tal prática nas ruas, lá íamos arriscando sem qualquer tipo de consciência politica mas não entendíamos porque é que era proibido não estávamos a fazer mal nenhum porquê a proibição, a dúvida ficou na minha mente, pois não gosto de situações não esclarecidas.

Gostava aqui de deixar a nota que quem construiu o prédio onde nasci e outros na rua mencionada foi o meu avô e os seus irmãos, eram há época construtores civis, não construíram aquele prédio em Lisboa construíram mais, incluindo a rua onde morava.

Sendo construtores civis ao tempo nunca percebi a razão do meu avô ter que se retirar para o Arripiado, distância que naquela altura era significativa hoje não o é e um dos irmão ter ido para Moçambique. Com a idade de 11 anos tentei perceber o porquê do meu avô se ter afastado de Lisboa, soube algumas das razões mas nunca conheci a principal mas que julgo saber, meteu-se na implantação da República e por motivos que desconheço como já vos escrevi teve que se retirar e o irmão mais velho foi para Moçambique. Tenho apenas uma carta em que ele escreve ao irmão a contar o que tinha encontrado mas nada de substância que me permita tirar conclusões ou apurar motivos, o que escreve na carta ao irmão é que se encontra no meio de escuridão tremenda para todo o lado que se voltava era escuro, motivos, estados de alma, arrependimentos, nada, a única coisa que escrevia é que tinham chegado bem, não percebi nada do que aconteceu. Como acho que não se deve colocar questões abertas nunca o fiz com o meu avô ele só me contava o que queria e eu nunca insisti, algumas coisas que ele fez foi-me contado porque de forma subtil e na brincadeira ou de forma afável eu insistia em que ele me contasse algumas histórias.

Continua……

Lisboa, 18 de novembro de 2014
Henrique Pratas

 

 

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