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Alhos, bugalhos e demais trabalhos

07-06-2024 - Francisco Pereira

Domingo próximo lá iremos novamente, aqueles que antecipadamente não o fizeram já, votar para eleger uns quantos indivíduos, creio que 21, que depois de eleitos irão para o parlamento europeu representar os interesses nacionais, espero eu, junto das instâncias europeias.

Terão então, os caros votantes, à disposição, salvo erro se não me falha a memória, dezassete excelentes opções, com eleitos de todas as cores, géneros, credos e feitios, poderão desse modo escolher quais os excelsos e mui sapientes representantes deste reino do faz de conta que iremos enviar para a grande Europa, pessoalmente preferia envia-los para Plutão.

Ainda que enfadado, perdi algum tempo a escutar os debates desses putativos candidatos, além de recorrer também a podcasts e a artigos dos vários jornais, para ir auscultando as opiniões, as propostas e demais bitaites que aquelas aves raras quisessem por bem soltar, pensei que assim iria conseguir formar uma opinião mais sólida e avalizada sobre os anseios daquela caterva de pobres criaturas, fazendo-me decidir em quem votar, coloquei-me portanto nos pés de um “indeciso” mais ou menos politicamente iletrado, com dúvidas no que concerne às políticas e propostas exaradas pelas mais brilhantes mentes do firmamento nacional, para tentar elucidar a minha pobre e pequena mente.

Pois enganei-me, novamente. Os porta-vozes das candidaturas à Europa, são ainda mais miserandos e ocos do que aqueles que nos encheram o bicho do ouvido durante a campanha para as Legislativas. Entre alhos e bugalhos, venha o Demo fazer a escolha, se conseguir, facto de que tenho não bastas e firmadas dúvidas. Os partidos de laivos fascizantes quer o de Direita quer o seu homónimo da Esquerda, trouxeram os mesmos estafados discursos, o papão da imigração, a insegurança e tal e pouco mais, os fascistas nazis da Esquerda atacaram como de costume, o grande capital, os grupos económicos e pelo meios pronunciam a palavra trabalhadores, para dar a ideia de que realmente querem saber dessa massa anónima para o que quer que seja.

Seguimos para um outro quandrante, o dos irmãos socialistas, entre Temido e Bugalho, as diferenças são quase inexistentes, bem dissecadas as propostas de um e de outro, não passam de arroubos de intenções já presentes nos programas partidários dos partidos de onde os candidatos são oriundos. Olhando então para o que resta, em termos de propostas partidárias e escolhas para depositar-mos o nosso precioso voto, o que vemos, vai dos delírios do Pan, aos sonhos dos janados do Bloco ou às bojardas inconsistentes e amalucadas dos Liberais.

Restando-nos somente os malucos, os partidelhos, posso no entanto dizer-vos, sem qualquer pejo, que alguns desses, dos malucos, têm muito mais piada do que qualquer um dos outros que temos por sérios, é que os malucos, que nós já sabemos que o são não enganam, já os outros aqueles que se dizem sérios são na realidade do menos sério que existe.

Estamos pois meus caros leitores, novamente, como sói dizer-se, “à nora”, por outras palavras, quem como eu se tenha dado ao enfadonho trabalho de perder tempo a ouvir aquelas avantesmas, deu por completamente perdido o seu tempo, tendo em conta que nada daquilo que se foi vendo e ou lendo contêm alguma novidade, se descontarmos claro, aqueles arrufos patéticos entre o Bugalho e a Temido, foram apenas palha de centeio, porque ideias concretas, propostas com siso e alcance, nada, népia, nem uma, entre alhos e bugalhos escolha o Demo, não há já pachorra para tanta ave rara.

As eleições europeias foram sempre olhadas de soslaio aqui por estas lusas bandas, sempre com taxas de abstenção dignas de figurar num qualquer livro de recordes, a malta olha para aquilo com fastio, pior só se no dia aprazado estiver uma daquelas caloraças convidativas para idas a banhos, aí meus caros será mais um descalabro, recordo ainda as primeiras dessas eleições e a desgraça que foram no que à abstenção concerne.

Resumindo, no próximo Domingo, lá rumaremos novamente às escolas, aos pavilhões e ou às juntas de freguesia para exercer o nosso dever de cidadania mais o nosso direito democrático de votar, a Democracia precisa de ser cultivada e cuidada todos os dias para que possa continuar a existir, tenho muitas dúvidas quanto a isso, mas é preciso lutar, é preciso contribuir de forma cidadã para essa grande tarefa que é cuidar da Democracia para que esta se fortaleça.

Francisco Pereira

 

 

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