A Ucrânia, a Palestina e a Europa
01-03-2024 - Francisco Pereira
Tenho cada vez mais a sensação que a Europa, esta Europa comunitária, é uma grande farsa, gerida por ineptos, por gentalha medíocre, uns de Esquerda, outros de Direita, todos irmanados na mediocridade miserável dos pobres de espírito, facto facilmente constatável olhando para as posições que a Europa tem tomado acerca de problemas prementes deste Mundo, esta coisa chamada “União Europeia” que de Europa vai tendo cada vez menos e de “União” tem ainda menos, aliás eu creio que isto é a “União” do “cada qual por si e depois logo se vê”.
A falta de empenho na defesa da Ucrânia é um desses factos lamentáveis, a falta de testosterona de uma Europa fraca e medíocre é a todos títulos descredibilizadora desta dita União. É absolutamente patética a falta de empenhamento, a medíocre falta de uma União de gente forte que defenda os tais “valores” Europeus contra os ditadores miseráveis e desumanos que assassinam sem qualquer remorso.
Falharmos na defesa da Ucrânia é falharmos na defesa de causas e de valores estruturantes daquilo que queremos que a Europa seja bem como de um projecto europeu que tarda em se afirmar, falharemos na defesa da decência em detrimento das oligarquias mafiosas que sustentam ditadores de tiques nazis, todos apontaram, e muito bem, o dedo às escolas de doutrinação das SS durante a Segunda Guerra, no entanto 78 anos depois, a Europa está agora cheia de madrassas, a pregar a destruição da terra que os acolheu, falharmos na defesa da Ucrânia é falharmos mais uma vez, como estamos a falhar em relação à propagação das madrassas, na defesa de nós mesmos, será dar aos nossos netos um “nada” como futuro, e tanto que devemos à Ucrânia.
Entretanto na Palestina, desde o ataque genocida daquela turba assassina, encapotados ou antes travestidos de partido político, ataque esse, claramente incentivado pelos tais ditadores sanguinários de tiques nazis e pelos financiadores genocidas das madrassas onde se apela à nossa destruição, Israel lançou-se igualmente numa fúria devastadora que não vai levar a sítio nenhum. Temos de defender a existência da Palestina, mas também temos de defender a existência de Israel.
Aqueles territórios onde hoje se encontram a Palestina e Israel, vivem há milénios em conflitos, foram sempre uma zona tampão, uma zona de conflito, de várias raças e credos, para não irmos mais atrás, comecemos então com a destruição do templo em Jerusalém, falemos da revolta judaica que levou a essa destruição e na expulsão dos Judeis desses territórios que hoje são a Palestina e Israel, ainda no 1º século da era cristã, umas centenas de anos depois, os primeiros cristãos, constataram que necessitavam de aliciar os romanos ricos para a nova religião que despontava, depressa perceberam que para atingir esses objectivos não podiam culpar Roma por crucificar Cristo, havia que criar um bode expiatório para arcar com essa culpa, na falta alguém mais óbvio escolheram os Judeus, essa mentira perpetuada ao longo dos séculos deu azo ao antissemitismo que daí para cá tem ensombrado a presença das comunidades judaicas na Europa, sendo certo que, os “pogroms” ou seja, as ondas de violência homicída, contra Judeus, foram ao longo da história europeia uma constante, desembocando no fim do Século XIX com um crescimento do antissemitismo em países com a Áustria, a Alemanha, a França, a Polónia e a Rússia, sendo porém nesta altura que o jornalista e activista Judeu austro-húngaro Theodor Herzl lança a ideia do “Sionismo” que congrega em si a ideia da emigração e regresso dos Judeus a um estado judaico de onde tinham sido expulsos.
É desse modo que após alguns milhares de anos, após várias invasões e convulsões depois, das quais a com mais impacto, terá sido a islamização daqueles territórios, chegamos a 1914, chegamos à Grande Guerra, onde naqueles territórios restavam ainda uns 8% de judeus no conjunto da população, essencialmente etnias islamizadas, chegamos à altura em que as propostas do já citado Herzl, o “Sionismo”, estavam já implantadas em muitas mentes, prontas a serem exploradas pelas potências europeias envolvidas no conflito, da mesma forma, exploraram o antagonismo entre árabes e turcos, isto porque a ideia de um grande Islão, continuava, tal como ainda hoje, bem vivo na consciência colectiva das elites intelectuais árabes, dessa forma, promovendo o nacionalismo árabe e fazendo que os árabes quisessem abandonar o jugo turco otomano, as potências europeias esperavam fazer pender o fiel da balança para o seu lado desestabilizando o já frágil mas ainda temível Império Otomano.
É assim que a partir de 1915 em especial a Grã-Bretanha começa a explorar a abertura dos árabes, basicamente foi-lhes dito que se se revoltassem conta os otomanos teriam a independência dos seus vários territórios, aos judeus porém prometeram uma pátria, se tal como os árabes ajudassem a derrotar os Otomanos.
O jogo de interesses moveu a assinatura de acordos como a Declaracao Balfour ou o acordo Sykes-Picot, um e outro documentos tinham profundos e bem fundamentados objectivos políticos e económicos, motivados por causa da situação que os Aliados experimentavam com a Grande Guerra. Não eram apenas os Ingleses e os Franceses tinham acordos para partilhar o império otomano quando a guerra terminasse e o turcos otomanos fossem derrotados, também os Russos demonstravam interesses geopolíticos.
A Grã-Bretanha vai prometer a independência aos árabes procurando assegurar o domínio do Canal do Suez para continuar a poder mover, com relativa facilidade, o seu exercito da Índia, outro interesse que importava assegurar, na perspectiva da Grã-Bretanha, era o petróleo do Iraque.
O fim da Grande Guerra, vai deixar, árabes e judeus, descontentes, o Médio Oriente, continuará a ser uma espécie de protectorado das velhas potências Europeias, os anos 20 e os anos 30 vão passar com rapidez, não sem escolhos, existiram revoltas e desacatos violentos que começam em 1920 e vão durar até 1939, quer árabes quer judeus vão lutar à vez uns contra os outros e contra os britânicos. A partir de 1948, começa o diferendo palestino, com a criação do Estado de Israel.
A solução dos dois Estados, é a verdadeira solução, não a actualmente existente, que na minha opinião não passa do que uma farsa grosseira, a verdadeira solução dos dois Estados implica a divisão do território em duas partes, algures entre os paralelos 31º e 32, com uma capital comum sita em Jerusalém, a Palestina e os Palestinos precisam de ser defendidos, mas Israel também. Veremos se esta Europa tíbia, fraca e cada vez mais medíocre sobrevive a estes dois, se não surgirem outros, grandes dilemas, sendo que defender a Ucrânia será determinante para o nosso futuro, Macron, pessoa que não tenho em grande estima, tem toda a razão.
Francisco Pereira
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