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AS MÁSCARAS

16-02-2024 - Ivo Pereira

Com a aproximação da data que celebra o Carnaval, já se vão vendo algumas crianças a usar uma ou outra peça da fatiota cujo tema escolheram (ou foi escolhido por eles) para este ano.

Mas o Carnaval não é só para os mais pequeninos.

Este festival, cujas origens se perdem nas origens do passado, ocorre antes da Quaresma, permitindo à pessoa uma perda momentânea da sua característica individualidade e desinibir-se sem preconceitos (por vezes com algum exagero, especialmente se aliado ao consumo excessivo de álcool).

Muitos, aproveitam a altura para colocar em prática a sátira dirigida a elementos alvo das sua animosidade ou crítica, sendo estes muitas vezes as figuras políticas. Outros, caricaturam e zombam de símbolos, como os da autoridade ou cuidados públicos. Quem nunca viu nesta época o típico traje de agente da polícia, com protuberante barriga de cerveja e farto bigode ou até mesmo a figura de exageradas proporções e maquilhagem representante da enfermeira (papel geralmente assumido por homens num ritual tradicional de inversão de papéis)?

Há dança, festa e alegria.

O tema carnavalesco, no entanto, remete-me sempre para o conceito das "máscaras" que usamos no quotidiano.

Carl Jung, introduziu o conceito de Personas, como sendo as "máscaras" sociais que usamos e trocamos com vista a fazer face às exigências e expectativas do mundo envolvente. Trata-se de um mecanismo de defesa, sobrevivência e adaptação.

Estas "máscaras", podem cumprir o seu papel de forma adequada (até reforçando a nossa auto-estima), no sentido de camaleonicamente nos adaptarmos à envolvência. Podemos colocar a nossa "máscara" de confiança e comunicação formal quando fazemos apresentações em público sobre os resultados deste trimestre para a direcção da empresa; podemos ainda colocar a nossa "máscara" mais defensiva, se nos sentirmos alvo de intenso escrutínio daquele colega que parece que só nos está a querer prejudicar com a obtenção de informações mais sensíveis.

Pode acontecer irmos a um evento social, no qual não nos sintamos com grande disposição para lá estar com qualquer condicionante que nos tenha acontecido mas colocamos uma "máscara" de cordialidade e cortesia, para que possamos estar minimamente funcionais naquela ocasião, ainda que seja algo contrário ao nosso estado de espírito.

Mas depois, há quem não consiga fazer a transição de "máscaras". Como por exemplo, alguém que sinta que aquela personagem com que é identificada no local de trabalho, como sendo altamente rígido, inflexível e exigente, tem de fazer parte de si em todos os planos da sua vida. Os outros planos da sua vida, no entanto, poderão não responder bem a esta personagem. Então os amigos afastam-se, a família cria distância e os relacionamentos amorosos são cada vez mais curtos na sua duração. E sem que a pessoa entenda que aquela "máscara" (que chega a ser pesada e cansativa) não tem de estar colocada em todos os momentos da sua vida.

Se sente esta dificuldade em trocar de "máscaras", porque não procurar ajuda para se conhecer um pouco melhor?

Pela sua saúde mental.

Ivo Pereira

Psicólogo Clínico

 

 

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