COMENTÁRIO RÁPIDO

19-01-2024 - N.A.

Depois da Convenção do Chega gerou-se um verdadeiro frenesim em determinados sectores da política portuguesa e também em boa parte da comunicação social.

A julgar pelas reacções parece que muita gente terá estado distraída e só agora se dispôs a abrir os olhos para a realidade.

O fenómeno Chega ou o populismo, que é sua imagem de marca, não nasceu do nada.

Teve criadores e criadores eficazes.

Em primeiro lugar as políticas dos governos de Costa que foram incapazes de perceber o crescente divórcio entre a sociedade e a elite que a dirigia e não tiveram em conta as necessidades e preocupações de uma boa parte dos portugueses com especial destaque para a classe média.

Em segundo lugar o próprio Costa que sempre instrumentalizou o Chega, com a ajuda de boa parte da comunicação social controlada, com o objectivo de evitar o crescimento e promover mesmo o definhamento do PSD.

Depois a AR que nunca entendeu que o partido de Ventura, sufragado por quase 500000 portugueses é, para já, o terceiro partido da aritmética parlamentar e deve ser tratado como tal, impondo-lhe em contrapartida a normalização institucional necessária.

O caso da recusa de atribuição de um vice presidente da AR a que tem direito constitucional, utilizando todos os truques regulamentares, é um bom exemplo da cegueira que tomou conta de alguns dos principais dirigentes políticos.

Finalmente a instrumentalização que algumas figuras (ou figurinhas) fizeram de uma guerra primária contra o partido, como testemunho de uma fé democrática inquebrantável também ajudou ao seu crescimento.

Neste caso o destaque é de Augusto Santos Silva que usou permanentemente as funções que exercia em nome de todos para, hostilizando o Chega, escrever um roteiro de democrata sem mácula a caminho de uma (frustrada?) candidatura presidencial.

Enfim, asneiras sobre asneiras e agora … organizem-se e aturem-nos.

Neste período de crise moral, que alguns não se cansam de alimentar, vale a pena regressar e meditar com Hannah Arendt.

À atenção especial de alguns militantes responsáveis do PS.

N.A.

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