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AS VIRGENS OFENDIDAS

23-06-2023 - Francisco Pereira

Muito se ofendem as pessoas aqui por Portugal. Ofendem-se porque querem com imbecilidades, já que as coisas verdadeiramente ofensivas lhes parecem passar ao lado. Hoje tudo é racismo, tudo e xenofobia, tudo é discriminação. Já não há paciência para tanta virgem ofendida. O mais recente membro desse clube, é o senhor primeiro-ministro que recentemente ficou muito ofendido com um cartaz presente numa manifestação de professores.

Portugal, como aliás outros países da Europa e América do Norte, tem vivido uma onda de “virgens ofendidas”, que se ofendem com tudo, que se abespinham por qualquer minudência, bem, não é bem assim, como já disse, há imensa coisa que parece não os ofender, desde logo a absolutamente trágica ignorância que a maioria destas “virgens ofendidas” revela, é até confrangedor que muita desta gente, jovem, tem formação académica superior, mas não obstante isso, apresentam sintomas de uma confrangedora e avassaladora indigência intelectual que nos faz temer pelo futuro deste país, leva-me até a colocar a pertinente questão, como é que gente deste mau calibre, tão absolutamente néscia, tão burra, tão acéfala poderá assegurar, condignamente, o funcionamento deste país?

Por incrível que possa parecer, os avós desta chusma de indigentes intelectuais, apesar de muitos serem analfabetos, não demonstravam esta atroz pobreza franciscana intelectual, que os netinhos e netinhas demonstram, apesar de analfabetos eram menos retrógrados, menos imbecis, eram isso sim, donos de uma sabedoria construída sobre as sólidas bases do saber fazer, do sofrer, mais do querer, algo que o clube das “virgens ofendidas” nem sonha sequer o que seja, sob esse aspecto, infelizmente, estamos em plena regressão social, o nosso século XXI é o começo do fim disto tudo, não que isso seja nem bom nem mau, é o que é.

Mas voltando ao clube das “virgens ofendidas”, pessoalmente o que me chateia neste tipo de gentalha, nem é o serem “do contra tudo”, o que realmente me chateia, é a incomensurável ignorância com que este tipo de patetas se apresenta, por outro lado esse sintoma, tem algo positivo, significa, que felizmente há cura, queiram, as tais “virgens ofendidas” curar-se, cultivando-se um nadita melhor, mais aprofundadamente, talvez fiquem curadas, talvez até, mesmo discordando, perceber que é licito as pessoas terem outras visões sobre as coisas, respeitando essa pluralidade, que é o que as pessoas cordatas, civilizadas e intelectualmente capazes fazem, ao invés deste clube das “virgens ofendidas” sub-produto desta acéfala geração “mestrado integrado”, isto sem prejuízo de outras faixas geracionais parecerem estar também a aderir a esta triste moda, de repente, padecem igualmente destes mesmos males de condução acéfala dos neurónios, donde resulta uma aparente má utilização dos mesmos.

O senhor Primeiro-ministro parece ser um caso, da última estirpe de que falei, alguém com idade, experiência e capacidade para ter siso, mas vá lá saber-se porquê, não o tem, no que há questão dos cartazes concerne, revelando uma inusitada postura de virgem ofendida, que lhe fica mal, pior ainda, porque revela, uma atroz ignorância histórica alem de uma muitíssimo débil capacidade DEMOCRÁTICA, de responder a provocações, por tudo isto é com muita pena que vejo o senhor primeiro dos ministros ingressar nesse patético clube das “virgens ofendidas”

Quero pois perguntar às “virgens ofendidas” deste país medíocre, desta cloaca muito mal frequentada, se não existirá nadita assim mais ofensivo que os faça corar de raiva? Em vez daquelas patetices imbecis, daquelas nauseantes “americanices”, reveladoras de uma colossal indigência intelectual, que tanto preocupam essas “virgens ofendidas”. Quero pois perguntar a essas muitas patéticas “virgens ofendidas” se por um mero e singelo acaso, existirem, grosso modo, números oficiais, dois milhões de concidadãos a viverem na pobreza, não vos ofende? A mim ofende-me e muito!

Será que não vos ofende, o facto de existirem milhares de velhotes, abandonados em hospitais, “enjaulados” em lares, a receberem reformas miseráveis, a terem de optar, entre comprarem medicação, essencial às suas vidas ou comprarem comida e pagarem contas, será que isto não vos ofende?A mim ofende-me e muito!

Será que não vos ofende o nepotismo, a corrupção, o clientelismo, o esbanjamento do erário público, perpetrado por toda a espécie de falcatos, desde o mais medíocre funcionário público, ao empresário vigarista, passando pelos autarcas trafulhas e restante tralha politiqueira e partidária que vivem essencialmente a expensas do erário público, será que nada disto vos ofende? A mim ofende-me e muito!

Será que não se sentem ofendidos, por ao fim de quase 50 anos de Democracia, continuarmos a ser um antro miserável, um antro que obriga os mais jovens a emigrar e que mais tarde ou mais cedo vai deixar de funcionar por falta de pessoas válidas e capazes, será que nada disto vos ofende? A mim ofende-me e muito!

Será que não vos ofende a miséria em que neste país vivem milhares de crianças, será que os maus tratos dados a velhos, a mulheres e a crianças, próprios de um pais de terceiro Mundo, que ocorrem num país que se diz uma Democracia e um Estado de Direito não vos ofende? Não se sentem ofendidos por um país com instituições do faz de conta, onde falta quase tudo, um país de ordenados de miséria onde os patrões e a corja política vivem como nababos e o resto da maralha vive como porcos num redil cada vez mais atascado, será que nada disto vos ofende? A mim ofende-me e muito!

Será que uma Justiça mentirosa e fraca, uma Educação medíocre e patética mais uma Saúde miserável e esclerosada não vos ofende? Será que este inicio do soçobrar das instituições não vos assusta, não vos faz sentir ofendidos, envergonhados e tristes, será que nada disto vos ofende? A mim ofende-me e muito!

Por isso minhas caras virgens ofendidas, percam o vosso tempo a tentar edificar um país onde a decência, o respeito pelas pessoas, mais a civilidade façam cada vez mais parte do quotidiano, ofendam-se com causas que valham a pena, ofendam-se com ataques à Democracia vindos das extremas direitas e esquerdas, ofendam-se com a escumalha, com a mentira e com a vigarice, não se ofendam com pobres cartazes e quejandos, não se ofendam com a Democracia. Correm um risco de um dia acordarem e nem sequer se poderem ofender!

Francisco Pereira

 

 

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