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O MEDO

17-10-2014 - Henrique Pratas

Instalou-se na sociedade portuguesa um clima de medo relativamente a tudo, as pessoas têm medo de falar, de questionar, de expor o que pensam e muito mais de afrontar o “poder” instalado.

Não me recordo desta ocorrência nos anos de Salazar e Caetano, em particular este último, nessa altura as pessoas ousavam, talvez por ser um ditadura, hoje estamos “supostamente” numa democracia decadente e é o salve-se que puder.

As pessoas têm medo de pensar, preferem engolir sapos do que exprimir as suas opiniões, pois pensam que desta forma se alinham com aqueles que têm ou pensam ter poder e não sofrem consequências.

As ameaças são muitas e constantes, por dá cá aquela palha, ameaça-se com um processo disciplinar e estou a falar de “biltres” que julgam que têm poder e frequentemente utilizam a frase “eu aqui ainda mando alguma coisa”.

Vivemos num clima de medo e muitos calam as injustiças e agruras que sofrem na vida, quando temos o privilégio que elas desabafem connosco o que sentem e o que é a sua vida deparamo-nos com situações perfeitamente inacreditáveis.

Esta suposta democracia na minha opinião é pior que o que acontecia no regime de Salazar e Caetano, porque naquela altura o “inimigo” era só um e sobejamente conhecido por todos nós, hoje com esta falsa democracia onde se perderam princípios como a ética, o respeito, a consideração, humildade, honradez, verticalidade, a palavra entre outros valores que devem caracterizar os cidadãos livres, instalou-se um clima de suspeição generalizado, onde aqueles que têm poder conferido por qualquer despacho, decreto-lei, ou normativo legal aplicável, exerce-o de forma descriminada e por muitas vezes violenta, sob a capa de democratas de aviário sem passado, sem ética sem experiência, sem nada.

O que ocorre na nossa sociedade do ponto de vista psicológico é violentíssimo, a coacção que se faz às pessoas em meu entender é passível de serem considerados de actos passiveis de crime contra os mais elementares direitos do ser Humano.

Detectado este facto que aflige muitas das pessoas que integram a nossa sociedade, não tenho soluções para a mesma, mas a proporção que este MEDO colectivo instalado, tomou é perfeitamente desastroso, tenebroso e violador dos mais direitos elementares de uma sociedade que se diz democrata. Os exemplos são muitos e não os enumero porque vão faltar sempre alguns porque todos os dias ocorrem situações deploráveis, mas que corroem a sociedade onde vivemos.

Fazendo alusão às janelas de oportunidades que o 25 de abril de 1974 criou e que não foram aproveitadas convenientemente, estamos no processo regressivo, voltando aos anos 60, a história repete-se como sabem e não me admira que as licenças para utilizar os transístores, aparecidos e os isqueiros para acender regressem, não com a mesma forma mas devido ao avanço tecnológica com outro cariz diferente, mas na sua essência revestido do mesmo objectivo, isto é, conter a utilização das novas tecnologias criando taxas/impostos sobre a utilização de determinados equipamentos, que por esta via não vão chegar a todos e o avanço tecnológico não irá decerto ser estendido à generalidade da população em beneficio próprio por forma a permitir-lhes uma maior e melhor qualidade de vida, pois se não conseguem satisfazer as necessidades mais elementares para a sua sobrevivência como é podem alcançar uma tecnologia que avança e que devidamente utilizada trás um contributo para a melhoria das suas condições de vida.

Instalaram este clima de MEDO e de SOFRIMENTO atroz, dos quais as pessoas não se conseguem libertar, entrámos num círculo vicioso as pessoas não ousam pelas razões que indiquei e ao não ousarem vão-se retraindo cada vez mais, não sei até quando, mas que estamos a caminhar para um beco sem saída, estamos e alguns de nós estão a ficar encurralados, sem esperança de vida, outros desistem e põem termo à vida e ninguém responsabiliza os políticos que levaram a este estado de coisas, para mim o que se passa é simplesmente horrível e é um caminho cheio de escolhos e atrocidades que alguns de nós não consegue vencer, muito menos ultrapassar, tal é a violência das medidas implementadas.

O clima instalado é o do salve-se quem puder, sem olhar a meios, processos, ou formas para sobreviver, como não pensamos em termos de sociedade, cada um tenta safar-se à sua maneira sem pensar que os episódios que passam por ele, estão acontecer com outras pessoas, enquanto não deixarmos de estar na sociedade desta forma não vamos a lado nenhum, porque temos que pensar em termos colectivos de uma sociedade constituída por pessoas e que existe porque as pessoas existem, a solução é COLECTIVA e não INDIVIDUAL e só assim poderemos ser FELIZES.

Lisboa, 15 de outubro de 2014

Henrique Pratas

 

 

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