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2321, há futuro?

24-12-2021 - Francisco Pereira

Hoje vamos fazer futurologia, vamos pensar numa Europa longínqua, projectada num futuro, mais ou menos próximo, vamos, por exemplo, imaginar uma Europa daqui a 300 anos, se ainda existir o Mundo com o concebemos, que Europa será esta, aliás que Mundo será este, vamos reflectir sobre uma Europa quiçá distópica, vamos falar sobre como será o Mundo quando a Europa cair.

Vivemos hoje no início daquilo a que chamei em escritos anteriores “As Guerras da água”, acossadas pelas alterações climáticas, por conflitos bélicos e pelas consequências que tais eventos dramáticos trazem, populações oriundas de África, da América do Sul e Central bem como da Ásia lançam-se em migrações à procura da “fartura” norte americana e europeia, estamos apenas a ver o início dessas migrações em massa, é minha convicção que com o agudizar dos problemas climáticos a tendência será para um recrudescimento dessa migração, junte-se-lhe o problema dos Estados baseados em arquipélagos como por exemplo Kiribati, Vanuatu e Ilhas Salomão que irão desaparecer, ou Estados populosos com zonas costeiras extensas e muito desprotegidas como o Bangladesh, as Filipinas, Moçambique ou a China, Portugal, segundo projecções baseadas em modelos ambientais computorizados, perderá vastas extensões, sendo um país de risco médio segundo avançam os cientistas. O que iremos fazer com todos esses milhões de pessoas que terão de ser deslocadas?

Assolada por trezentos anos de migrações a Europa ruiu, deixou de existir. Amanhece naquilo que foi Lisboa, o que resta é uma amalgama de ruínas, o ano é 2321, Portugal, que deixou de existir, enquanto unidade geográfica e política, perdeu um terço do território devido às alterações climáticas, a União Europeia deixou de existir há mais de 200 anos na sequências das guerras internas, às crises pandémicas recorrentes juntaram-se as crises provocadas pelas pressões migratórias, pelas consequências das alterações do clima, por fomes e surtos de doenças, pelos conflitos étnicos que entretanto eclodiram e por pressões externas de regiões terceiras.

Os países europeus eclipsaram-se, hoje onde era Lisboa o dia nasce com um estranho nevoeiro, é quase sempre assim pela manhã, uma névoa, que a partir de meio da manhã quando a temperatura já rondar os 30º, se dissipará, deixou de haver Londres, Madrid, Bruxelas, Roma, Berlim ou Paris, o Vaticano ao que parece vai resistindo, mas sem qualquer vestigio da glória do passado, os antigos Estados dos Balcãs foram engolidos pelas marés humanas do Médio Oriente, gentes que professam outra religião, daí vão partindo ataques ocasionais que dizimam os territórios limítrofes ocupados por minorias étnicas mais antigas.

Aquilo que já foi França, está dividida em enclaves em permanente estado de guerra, o Sul dominado por populações de origem norte africana, magrebinos e do Médio Oriente, a norte onde era a Bretanha, resistem os últimos dos descentes dos antigos habitantes, na antiga Alemanha é o caos com enclaves étnicos que se digladiam sem quartel, as instituições desapareceram, há centenas de anos que não existem meios de comunicação daqueles que existiam nos tempos antigos, como a televisão, a rádio, os jornais, a internet, tudo soçobrou com os grandes cataclismos, quando a Europa caiu, quando a união das nações se desfez corroída por dentro por conflitos tribais, religiosos e por pressão das vagas de povos famintos vindos de Sul, parece que acabou a civilidade, das Américas não se sabe nada, nem da Austrália, sabe-se que muitas ilhas do Pacífico desapareceram engolidas pela subida das águas, e sabe-mo-lo por causa dos milhares de migrantes que chegaram.

Existem áreas catástrofe, sem vida, depois de antigas centrais nucleares terem visto os seus reactores colapsar, vastos arsenais nucleares estão escondidos debaixo do solo em catacumbas que se desconhecem, mesmo que as achem, já não existe o conhecimento para utilizar essas armas, permanece o perigo o enorme perigo nuclear, uma bomba relógio para um Mundo, para um planeta doente que parece querer recuperar, mas que na verdade está moribundo.

Quando a Europa deixou de conseguir financiar-se, muita coisa do outro lado do Mundo deixou de funcionar muitas ajudas, muitos fundos, muita solidariedade, muita actividade que era essencial para a ainda assim ténue sobrevivência de povos residentes em zonas e países ditos pobres, depois vieram as doenças mais hediondas, as fomes devastadoras, incêndios descomunais, temperaturas escaldantes, secaram lagos e rios, exterminaram toda a vida, a água vale hoje mais que qualquer matéria prima e ou minério valeram em tempo algum daquele que levamos enquanto seres humanos, hoje matamo-nos por um simples regato de água suja, muitas vezes ainda contaminada pelos disparates e pela ganancia de séculos passados, espectros miseráveis com roupas em farrapos arrastam-se pelas areias abrasadas pelo Sol, sobra-lhes a esperança, mas mesmo essa parece-se cada vez mais com uma brisa fresca num dia de calor.

Feliz Natal.

 

 

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