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A Insustentável Leveza da Ignorância

10-10-2010 - Henrique Pratas

Chegámos a um ponto em que a ser ignorante é um requisito indispensável para o exercício de qualquer função em organismos do Estado, não importa o conhecimento e a experiência adquirida e a formação de base adquirida em qualquer Universidade Pública ou Privada o que interessa é ter padrinhos, filiado ou ter pertencido a uma J de qualquer dos partidos que constituem o arco do Governação, ter participado em cursos de Verão, que se encontram na moda, sejam eles do PS, PSD ou CDS/PP.

Os organismos públicos estão cheios de meninos e meninas com nome de famílias supostamente bem que tiraram cursos em Universidades Privadas pagas pelos papás, muitos delas saem das Universidades e vão logo assumir cargos de chefia sem nunca terem metido na massa, o saber fazer para mim é muito importante assim como o saber estar. Por isso não são difíceis de encontrar “meninos” com nomes de famílias supostamente aristocratas a deambularem pelos organismos públicos, alguns deles são filhos de uma aristocracia decadente ou rejeitados, pelas famílias pois não correspondem às expectativas que os papás e as mamãs depositaram neles. É fácil encontrar nomes com Vasconcellos, Neves, d’Ó, Paes e outros que não irei enumerar porque me pode faltar algum.

O que fazem, nada, porque não sabem rigorosamente nada, são pessoas que dizem sim a tudoindependentemente das normas legais que saem e que possam de alguma forma introduzir factores de mudança, eles pura e simplesmente não produzem efeitos nenhuns porque o corporativismo, ainda não desapareceu do Estado e o 25 de abril de 1974 não chegou ao Estado.

Poder-lhes-á parecer estranho mas é verdade ainda temos um Estado Corporativo, onde as chefias intermédias são “escolhidos” entre os amigos dos amigos que fazem favores aos nomeados políticos para o exercício de cargos públicos, assim não será de estranhar que o Estado seja ainda uma matriz de cariz altamente Corporativa.

A resistência à mudança é muita e apesar de a sociedade estar em mudança a maior parte dos funcionários do Estado ainda possuem uma cultura corporativa, assim mesmo que ocorram novas admissões de pessoas que pretendam alterar o actual estado de coisas são imediatamente abafados, porque há que manter a evolução na continuidade. Todos os processos de inovação são mortos à nascença porque se alguém tiver capacidade de iniciativa, seja eficiente, eficaz e com capacidade para pensar e quiser introduzir alterações decorrentes das evoluções tecnológicas e de resultados práticos de mudança nas organizações, no Estado isto é logo visto como um alvo a abater.

As resistências à mudança são significativas e a evolução de processos de métodos de trabalho não se faz porque não é desejada e das duas uma as pessoas que lá trabalham se adaptam ao sistema ou são estigmatizados e voltadas ao ostracismo, não quero com isto que não existam pessoas nos organismos estatais que pretendam a mudança elas existem, só que são abafadas pelos dirigentes e pelas chefias intermédias que são uma fauna do piorio porque não gostam de ser apeados e tentam a todo o custo manter os lugares que lhe são atribuídos, baseados em critérios subjectivos, compadrio e depois para os tirar de lá é o cabo dos trabalhos. Concretizo a gestão participativa, prática desejada e propangueada, aos sete ventos não ocorre porque as chefias intermédias pura e simplesmente não deixam e boicotam é este o termo todos os processos de inovação que lhes possam retirar poder, há que manter o lugarzinho, depois existe uma particularidade os dirigentes só conhecem uma verdade que é aquela que as chefias intermédias lhe fazem chegar e que lhes interessa, que os outros saibam, a realidade é uma coisa completamente diferente.

Por isso não se admirem que tenhamos um Estado inerte, sem capacidade de resposta, mas por outro lado independentemente de o actual Governo andar a dizer que quer emagrecer a despesa pública do ponto de vista prático não o pode fazer porque se não acaba com a coutada onde pode colocar a sua clientela e pagar os favores, através de colocações profissionais, para os chamados Boys (rapazes) ou Gilrs (raparigas).

Chegados a este ponto instala-se a inércia nos serviços do Estado, porque a inovação não é desejada e se alguém pretende introduzir novos métodos é abafado, concretizo se há que fazer uma nova lei vai sempre ver-se como se fez no passado é obrigatório, ninguém faz um novo procedimento saído da sua própria capacidade intelectual, porque este acto não é estimulado antes pelo contrário é encarado como uma afronta ao sistema, há que ver como é que foi feito no passado para garantir a continuidade do sistema, por isso não há que admirar quando acontecem as broncas que acontecem na Justiça com a plataforma electrónica onde correm todas as peças processuais.

Ás pessoas que trabalham para o Estado é-lhes pedido que não pensem sejam acéfalos, quem não respeitar este principio vai ter que enfrentar e travar muitas batalhas.

Posso-lhes dar a uma noção do actual estado de coisas eu quando comecei a trabalhar em 1980 já possuía métodos de trabalho e na organização onde exerci funções, já possuíamos métodos de trabalho mais avançados e mais envolventes dos que hoje existem, regredimos.

Felizes os ignorantes.

Henrique Pratas

 

 

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