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TURISTAS AUTÁRQUICOS

27-08-2021 - Francisco Pereira

Continuando com a temática “Autárquicas”, quero hoje falar-vos um pouco desse fenómeno lusitano que são os politiqueiros profissionais, gente que nunca fará nada na vida excepto gastar os dinheiros públicos, encher os bolsos e dizer disparates, dentro dessa classe surgem como é mais que óbvio os autarcas, nomeadamente os presidentes de edilidade profissionais, tal sem prejuízo de tanto elas presidentas, como eles presidentes serem da mesma igualha no modo de agir.

Antes da famosa, e por muitos aclamada, legislação que limitou os mandatos dos senhores presidentes dos municípios, a Lei 45/2005 de 29 de Agosto, era vulgar referir-mo-nos a muitos presidentes como “dinossáurios” por causa da sua longevidade política, agarrados que nem lapas, firmemente às cadeiras do Poder, verdadeiros herdeiros inamoviveis do caciquismo endémico deste Portugalete enfezado, uma grande colecção de “Odoricos Paraguaçu”, essa excelente personagem de uma novela brasileira que retratava um edil de uma vilória do interior brasileiro, mas que bem podia ser de Portugal, porque os vícios, métodos e patifarias são os mesmos, processos que ainda hoje apesar de algumas mudanças cosméticas ainda podemos facilmente reconhecer nalguns dos actuais senhores e senhoras presidentes lusos.

A propósito desses sauropodes autárquicos, um dos nossos canais de televisão passou recentemente uma reportagem sobre essa rapaziada onde alguns dos entrevistados nos deram as suas opiniões sobre essa Lei, das muitas patranhices e abstruzidades ditas nessa reportagem, a par com algumas verdades, retive duas frases que acho emblemáticas, a primeira, foi proferida pela senhora presidente Maria Meira distinta edil de Setúbal, que a páginas tantas durante a entrevista declara “… a limitação de mandatos é na minha opinião anti democrática…”, tendencialmente sou forçado a concordar com a senhora presidente, no entanto, quer-me parecer que essa sua opinião radica primeiramente no facto simples da senhora ser comunista, rapaziada avessa a tudo o que é democrático, por outro lado essa Lei seria desnecessária, acaso os cidadãos “politiqueiros” fossem dotados de uma ética e cultura democráticas que cumpridos um ou no limite dois mandatos se afastassem voluntariamente dando lugar a outros ao invés de se agarrarem ao Poder, é pois muito triste e degradante para a classe politiqueira que seja necessária uma lei para impor a decência e o bom senso, a gentinha que parece não possuir nem uma coisa nem outra.

Mais à frente no programa falou o senhor Rondão de Almeida, presidente que foi de Elvas durante décadas, ao ponto de metade das ruas, avenidas, becos, ruelas, fontanários e instalações municipais se chamarem “Rondão de Almeida”, claro que exagero, mas a coisa é de tal modo gritante que pode ser apontado como um dos grandes exemplos do caciquismo retrógrado que infelizmente ainda se vive neste país, ora dizia eu, que a dada altura aquando da entrevista para o já anteriormente citado programa o senhor Rondão de Almeida atira com esta “...o país deve muito a muitos dinossauros…”, novamente sou forçado a parcialmente concordar com o senhor antigo presidente, é um facto bem conhecido que o país ficou a dever muito.

Ficámos a dever muito graças ao esbanjamento sem pudor efectuado por esta récua autarquica, num país onde se adora gastar dinheiro para nada, ou já esqueceram a moda dos pavilhões, das bibliotecas, dos campos sintéticos, dos pavilhões multiusos e dos centros culturais, mais das piscinas, equipamentos que pululam por esses localidades afora, muitos destes equipamentos vivem em agonia permanente, como viveram as muitas empresas municipais criadas para dotar estes espaços de recursos humanos, gente que durante décadas, deram o seu melhor nestes locais e que com a extinção destas empresas se viram na sua maioria na rua, sem emprego.

Muitos desses equipamentos hoje estão sub aproveitados alguns até ao abandono, porque nunca houve planeamento, as coisas foram feitas ad hoc, porque existiam fundos comunitários para desbaratar, dinheiro que hoje continuamos a ter de pagar, isto porque os senhores autarcas gerem os municípios a quadriénios sem visão de longo prazo, gerem para os votos, para serem eleitos e pouco mais, contam-se pelos dedos de uma mão as autarquias onde existem laivos de uma visão estratégica a longo prazo, o que devemos a muita dessa gentalha é termos herdado uma colossal dívida que agrilhoa o futuro do país.

E mesmo a Lei que limita os mandatos, é mais do mesmo, a legislação em Portugal tem sempre essa subtileza de fechar uma porta para abrir várias janelas e ou criar alçapões, criando sempre escapatórias, no caso desta lei, ela limita os mandatos a três consecutivos na mesma localidade, mas se o político profissional assim o desejar pode candidatar-se à terreola do lado, deixaremos de ter “dinossaurios autárquicos” para termos “turistas autárquicos” naquilo que é mais um exemplo de falta de ética, pudor, vergonha, decência e respeito pela Democracia, se bem que tendo em conta o poveco medíocre que somos, bem que merecemos isto.

Francisco Pereira

 

 

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