Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 25 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

VAGAS COMPROMETIDAS

23-04-2021 - Rabim Saize Chiria

É do domínio público que, a publicação de vagas do emprego, não énada mais, nada menos que uma fase de seleção dos candidatosconcorrentes. Pois, éneste momento que a pessoa presta as suas informações essenciais sobre a sua formaçãoacadémica, a sua experiência profissional, suas habilidades, em fim, seu perfil. Ora, a partir desta fase os candidatos são submetidos aavaliação seguida de uma entrevista para se verificar se são aptos ou não, porque afinal das contas, sem candidatura não há seleção, ou seja, a concorrência é a condição primordial para a seleção.

De acordo com a constituição da República de Moçambique, o emprego não se vende e não se compra. Portanto, havendo um concurso público, todo cidadão que tenha alguma formação relacionada a vaga publicada tem o direito de concorrer em pé de igualdade com cos outros concorrentes. Atenção, esta citação não é literal da brochura constitucional, mas sim traduzida pelo autor deste artigo, aliás, não sou leitor de leis que são violadas antes de endireitarem a quem quer que seja.

Ora, no meu solo pátrio, a corrupção continua a ser um empecilho no acesso às oportunidades de emprego, quase em todas áreas e, em todas entidades empregadoras, quer públicas quer privadas. Tudo indica que estamos numa fase em que, o mérito e formação académica contam menos ou quase nada. Recentemente concorri umas vagas em Chuiuta e Chifunde, dois Distritos localizados na Província de Tete. Chamaram-me para fazer entrevista, mas logo depois tivemos a informação de que as vagas eram comprometidas. O mais engraçado é que as pessoas que difundiram essa mánotícia everossímil foramos próprios entrevistadores. Olha, uma informação que sai da fonte, a probabilidade de ser falsa énula.

Na verdade na verdade, os chefes provinciais, falo do Governador e seus comparsas, já tinham fechado todas vagas para os seus familiares. E nós que não temos influência do acaso, apenas fomos concorrer uma vaga não concorrida por nós. É como se tivéssemos dado um vindo por não ido, é constrangedor não é?Já imaginou você, gastar os seus pacatos recursoscom cópias e reconhecimentos só para encher o cofre do Estado. O miserável fundo que devia usar para iniciar o meu pequeno negócio, deposito na conta do indivíduocujo filho é dono da vaga a que me iludo concorrer. Quantamaldade!

Ora, em Moçambique quando falamos da justiçasocial, recordamo-nos do hino da vitória que exaltava os valores da igualdade entre os homens em todos âmbitos: social, oportunidades, saúde, política, educação etc. Recordamo-nos o período de 1975 em que foi consolidada a unidade e a vitória do povo moçambicano. Recordamo-nos da Frelimo, partido que estava na vanguarda na consolidação da nossa vitória. Recordamo-nos da prova de heroicidade exibida pelos nossos camaradas que se entregaram de corpo e alma para libertar o povo dojugo colonial.

Portanto, depois de vencer esta batalha contra o colonialismo, a jovem moçambique tinha um propósito fundo de vencer a burguesia interna, a exploração do homem pelo homem, o nepotismo, o amiguismo, o lambebotismo, a corrupção e outras vergonhas imensuráveis que actualmente enfermam a nossa sociedade. Porém, até esta altura em que eu escrevo este artigo, este propósito ainda não se refletiu nesta minha terra amada. E a pergunta que coloco é, o que está falhar os meus camaradas?

Rabim Saize Chiria

LICENCIADO EM FILOSOFIA PELA UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE; MOÇAMBIQUE

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome