Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 26 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Com a vida por um fio…

16-04-2021 - Cândido Ferreira

Cumpri ontem 72 anos, o último aniversário que meu pai comemorou. Em 1996, e subitamente, ele não conseguiu ultrapassar o dia mais inglório da minha própria vida.

Um 7 de abril de 2021 que esperava feliz, mas que, entre outros incidentes, ficou também ensombrado pelo falecimento de Jorge Coelho, alguém com quem mantive uma relação muito próxima e franca no século passado, embora não isenta de divergências.

Sendo eu também um combatente, mas sonhando com um Portugal diferente, a certa altura o nosso percurso divergiu: sem traumas nem ressabiamentos, antes com a rara lealdade de quem é capaz de defender sem receio diferentes opiniões. E assim, ainda que singelamente, lhe presto a devida homenagem.

O dia de ontem, porém, tal como quase todos os trepidantes dias que vivo, ficou marcado por muitos mais “episódios”. Com uma manhã para esquecer, pela tardinha bateu à minha porta um “amigo” que transportava um medalhão romano, de lápis-lazúli, com cerca de 15 centímetros. Na posse de um privado há dezenas de anos, entrava nesse mesmo dia no mercado. Por favor, analisem esta maravilha que qualquer museu do mundo gostaria de expor…

As fotos poderão ser vistas em "Duas Linhas - Cândido Ferreira" - no Google

Já agora, e como ainda não tive tempo de fazer qualquer pesquisa, alguém sugere qual o Imperador que representa? "Premiarei" quem ajudar…

Pensando nunca poder ver uma peça tão rara, verifiquei, contudo, que o seu preço até era muito inferior ao que “corre” em feiras internacionais. A razão residia em urgentes razões, que não ajudaram a melhorar o meu estado de espírito:

No dia 5, o proprietário, ainda pessoa “jovem”, achara-se subitamente doente e percebeu que tinha contraído uma forma violenta de Covid-19. De mal a pior, resolveu desfazer-se de tal peça logo na manhã seguinte, assim garantindo a sobrevivência de sua família, durante semanas. O tempo necessário para que, a tudo correr bem, sair do hospital. Desconheço quem seja, mas, ao que me foi dito, ainda na noite de 6 foi internado de urgência em “Cuidados Intensivos”, onde corre o risco de não sobreviver.

Deste mundo das “artes e antiguidades”, recordo ainda um velho amigo a quem, tendo um dia recusado a compra de um precioso lote, dado o baixo preço que pedia e que não era justo, enigmaticamente me anunciou:

- Ai o doutor, que é o meu melhor amigo, não me ajuda? Então, já sei o que vou fazer…

E na manhã seguinte, na reta do Cabo, em Lisboa, AG acabaria os seus dias enfaixado, a “muitíssimos à hora”, na traseira de um camião TIR.

A partir dessa “lição”, e embora sempre com a condição de devolver, sem juros, as peças adquiridas, em caso de “arrependimento”, passei a ter outras “cautelas”. É que a cada passo, a vida nos reserva surpresas: nem sempre as melhores e, quantas vezes, de todo inesperadas…

Numa fase, em que o número de casos de Covid-19, em Portugal, parece estar a aproximar-se do “limite” sustentável, que ronda os mil novos casos/dia – e esqueçam preciosismos estatísticos como o R e quadros às cores, que só complicam –, seja-me permitido afirmar que os próximos dias serão cruciais para se saber, se quem agora dá alento à “geringonça”, está habilitado a conduzir “veículos” destas dimensões.

Eu nunca abriria as populares esplanadas, em desfavor da restauração, atividade que sanitária e economicamente seria muito mais justificada, como há semanas defendi. E também, porque no campo da medicina não se pode “receitar” o mesmo a todos, tenham ou não tenham tosse, também nunca se recomendaria o desconfinamento de concelhos com taxas de contaminação acima do tolerável. Por exemplo, o que se passa desde há dias na cidade da Figueira da Foz, com as esplanadas a abarrotar, é intolerável num país bem dirigido e civilizado.

Veremos o que os próximos dias nos dirão: se há mesmo “gato” e onde o “gato mia”. Só após criteriosa análise das novas incidências, poderemos perceber quais os setores de atividade que, eventualmente, estarão a afetar a saúde pública. E só depois, RAPIDAMENTE, se pode definir se Portugal pode avançar no desconfinamento ou se, pelo contrário, terá de recuar nas áreas em que, inequivocamente, se prove aumento de contágios.

Notícias preocupantes, as que aqui vos deixo. Com a certeza, podem crer, de que desejo ao “proprietário” da peça romana que entendi preservar, a possibilidade dele a poder retomar, em breve.

Cândido Ferreira

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome