Edição online quinzenal
 
Domingo 28 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Memória ou falta dela

26-09-2014 - Henrique Pratas

Temos assistido todos a uma falta de memória colectiva que eu sempre considero como preocupante e de relevante para o atraso da sociedade portuguesa.

A primeira situação que é do conhecimento geral é a Presidente da Assembleia da República, que como é do conhecimento geral é reforma por invalidez do Tribunal Constitucional, cuja causa principal é uma doença do foro psíquico/psicológico. Mas este facto não evitou que a pessoa em questão fosse nomeada para o cargo que exerce, mal a meu ver, de Presidente da Assembleia da República.

Por mais voltas que dê à minha cabeça não consigo entender, se alguém que leia este meu texto entenda agradeço que me explique, como é que uma pessoa reformada por invalidez, pelas razões já invocadas é nomeada Presidente da Assembleia da República, em termos hierárquicos é a 2.ª figura do Estado Português, logo a seguir ao Presidente da República, que na minha opinião e dados os episódios ocorridos recentemente tem vindo a revelar, facto que para mim não é inédito porque já conheço a personagem desde o tempo de Económicas em que ele começava a chorar quando os alunos tinham dúvidas sobre a matéria de que ele era docente e o interrompiam para pedir esclarecimentos, a cadeira chamava-se Noções de Contabilidade Orçamental, eu até acho que esta o persegue, mas enfim são destinos que alguns abraçam e que não se conseguem livrar, nem têm competência para o exercício de funções nessa área.

Agora o Primeiro-Ministro não se lembra de ter recebido da TECNOFORMA, a exígua quantia de 5.000,00 € mensais durante um certo e determinado período de tempo até perfazer o montante global de cerca de 160.000,00 €, afirma que não se recorda e que sempre respeitou os procedimentos tributários exigidos a todos os cidadãos, mas não se recorda e até está disponível para prestar declarações junto Ministério Público para esta situação seja esclarecida o mais rapidamente possível e dentro da normalidade democrática desejada.

Eu questiono apenas a afirmação como é que uma pessoa pode contribuir para o esclarecimento de uma situação da qual não se recorda?

Alguém me diz? Eu sei que é fácil, basta ir às declarações feitas normalmente por qualquer trabalhador por conta de outrem e estão ou deveriam estar os rendimentos do trabalho declarados, os que não são declarados e pagos por formas enviesadas não se encontram lá nem em lado nenhum, foram registados num bloco de gelo que entretanto se derreteu.

Eu que não tenho intenções de chegar a Primeiro-Ministro, recordo-me muito bem que quando comecei a trabalhar em agosto de 1980 o meu 1.º vencimento foi de 17.500,00 escudos, assim como me recordo que quando dei formação sobre Politica Económica e pagaram a 22.000,00 escudos à hora e fizeram parte das minhas declarações de rendimentos descontei o designado na altura imposto profissional, descontei para a Segurança Social, apesar de poder não fazê-lo dado que exercícia funções de trabalhador por conta de outrem, podia muito bem ter apresentado um requerimento a solicitar a isenção de pagamento de Segurança Social e não o fiz por duas ordens de razão a primeira porque estava a contribuir e a ser solidário para quem auferia reformas os subsídios pagos na esfera da Segurança Social e por outro lado estava a engrossar a minha carreira contributiva.

Eu que não sou tão inteligente como a personagem em causa, porque se fosse mais, era eu o Primeiro-Ministro e não ele, faz-me alguma confusão que ele não tenha ideia nenhuma de ter recebido os montantes já referidos. Se perguntarem a um trabalhador que aufira um parco salário ele sabe muito bem o que recebe se fizerem o mesmo exercício com um reformado que tenha uma pensão reduzida eles também o sabem, acho muito estranho esta falta de memória e faz lembrar o ditado popular que quemcome muito queijo esquece-se depressa das coisas, deverá ser este o caso e então chegados aqui encontramos um culpado o queijo e a situação está resolvida dentro da normalidade democrática desejada.

Também ontem a Ministra da Justiça que foi interpelada a prestar declarações na Assembleia da República sobre as situações causadas pelo não funcionamento do CITIUS, plataforma electrónica colocada à disposição dos agentes que se movem nesta área, afirmou que afinal não tinha sido um erro mas sim um percalço. Vamos evoluindo o motivo que a levou a apresentar desculpas e que não estava avisada para que a referida plataforma pudesse não aguentar com tanto processo, agora passou a percalço e quem é que já não teve um percalço, valha-nos Deus, há que ter um bocadinho de compreensão estas coisas acontecem por amor de Deus.

Também durante a audiência vou tentar reproduzir duas intervenções de pessoas que questionaram a Ministra, um deles dizendo-lhe que ela tinha conhecimento do potencial risco que estava a correr e foi chamada à atenção para isso, esse documento tem pelo menos seis (6) meses e foi escrito pelo seu Chefe de Gabinete, que entretanto se demitiu do cargo, mas a senhora insiste em que não se recorda de ter visto tal documento, parece-me que toda a gente sabe que ele existe menos ela. Foi-lhe proposto que não valeria a pena continuar com a audição enquanto ela não colocasse à disposição da Comissão de Inquérito chefiada por Fernando Negrão, homem com vasta “ experiência” em matérias ligadas as aspectos menos transparentes. Outro representante de um outro partido descrevendo as razões pelas quais a Ministra tinha pedido desculpas ao País, desafiou-a a apresentar a sua demissão e pasme-se na resposta imediata, “Oh, senhor deputado arranje-me motivos mais importantes do que este que eu faço-o de imediato, deserta estou eu”.

Não me querendo alongar mais neste meu escrito sou obrigado a concluir que estamos a sofrer de um síndrome de falta de memória muito grave e apelo a todos os médicos, aprendizes de feiticeiro e a todos que possam intervir nesta área para que daqui a algum tempo, ninguém se lembre do que é que fez no minuto anterior.

A falta de memória para mim é um problema gravíssimo se isto se estende ao POVO em geral, daqui a uns anos ninguém consegue fazer história e não vão existir registos do passado, muito menos do passado recente.

Lisboa, 24 de setembro de 2014

Henrique Pratas

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome