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A pública tristeza …

30-10-2020 - Francisco Pereira

Nestes trinta e tal anos que levo a arrastar-me pela vida profissional, e digo arrastar-me porque confesso que odeio ter de trabalhar, passei por vários sectores da Administração Pública, daí que quando falo dos serviços públicos e da sua por vezes fraca prestação, o faça com a visão, não abrangente como é óbvio, de alguém que conhece aquilo por dentro, apesar de ser um mero peão num tabuleiro muito maior, no entanto a visão conjuntural que tenho, foi sendo construída e consolidada ao longo destas três dezenas de anos, feita de boas e menos boas experiências.

Passei por locais tão díspares como um Estado-maior das forças armadas, uma Junta de Freguesia, um Município, entre outras experiências em contexto profissional com organismos públicos, ministérios e quejandos a que posso juntar as interacções com os serviços públicos enquanto cidadão, deste guisado de experiências resulta uma visão pouco abonatória dos serviços públicos, sendo que os serviços públicos bem como a qualidade dos seus funcionários sejam uma realidade demasiado grande para que neste curto espaço possa de uma forma que não seja redutora definir padrões gerais comportamentais, a realidade de um funcionário público de uma qualquer vilória lá nas berças e muito diferente da realidade de um funcionário de um grande centro urbano, a realidade de um funcionário de um ministério é diferente da de um funcionário de um Município, ainda assim existem alguns traços comuns e é nessa parcela que me quero centrar.

Da experiência que tenho, afirmo sem pestanejar que os Municípios e as Juntas de Freguesia são antros de incapazes, viveiros de néscios, ajuntamentos de bandalhos, não que por lá não haja muita gente séria, capaz, diligente e profissional, creio até que serão a maioria, no entanto quem domina é a chusma de sabujos, autênticos perdigueiros da lambe botice, sempre no encalço de um cu para lamber, e não se julgue que os eleitos políticos são melhores, pois não são, bem antes pelo contrário, entre vereadores e presidentes disto e daquilo, regra geral é uma tropa fandanga digna de dó, onde campeia o miserabilismo intelectual, a incompetência e a ausência de formação cívica e moral, alguns deles, pobres coitados, munidos de bússola e de mapa se conseguirem sequer utilizar esse equipamento, não conseguem encontrar os próprios pés, no entanto mercê de um qualquer milagre cósmico conseguem ser eleitos para alarvemente gastarem o dinheiro dos nossos impostos nas mais surreais loucuras, disparates e putarias.

Nestes antros autárquicos, os bons funcionários, seguem por norma um de dois caminhos, ou se fecham na sua concha, continuando a desempenhar as suas funções e a “vestir a camisola” sabendo que toca apenas aos sabujos colherem os louros, resignam-se, enquanto que outros, abdicam de tudo, optam por fazer o menos possível tendo como objectivo chegar ao fim-de-semana para pelo menos durante dois dias estarem livres daquela porcaria toda, de uma forma ou de outra perdem-se os bons funcionários, enaltecem-se antes os incapazes, sendo que as chefias intermédias são disso exemplo, dou o meu exemplo, em 30 anos se exceptuarmos o tempo do serviço militar, as chefias que tive, com duas honrosas excepções, foram a maior caterva de incompetentes, mal formados, intelectual e academicamente indigentes que vi até agora e continua.

Entre os sabujos a luta é incessante, dos que fazem horas, quando as fazem e ou serões madrugadas adentro, fazendo sempre mais do que lhes é pedido, colocando em cheque todos os outros colegas, até aos que nunca fazem nada, logo nunca erram e por isso são sempre premiados com as promoções, surge uma miríade de gentalha medíocre, de péssimos colegas que são, uma das mais graves doenças de que padece o serviço público, uma praga de autómatos medíocres que estraga a vida aos outros, uma corja de tristes sem vida própria, mas porque por vezes poderosos e mesquinhos importa não confrontar, gente há nesta administração pública que nem um anexo de correio electrónico sabem imprimir, de tudo se vê nesses locais, sendo que muito do que se vê era preferível não vermos e ainda bem que o público em geral não vê, porque senão a imagem, péssima que infelizmente é, sobre os funcionário público típico ainda seria pior.

E a coisa poderia melhorar com a Administração central, ou antes seria de esperar que a experiência fosse melhor, infelizmente assim não é, a admistração central enferma dos mesmos males da administração local. Apenas mudam os contextos e os locais, da labreguice do tratamento por “Dr.”, ao despesismo burocrático, é tudo mimético entre os vários graus da administração pública, sendo que o grande e maior dos problemas é a falta de lideranças competentes, porque a administração pública está atulhada de “nomeados”, de gente de “confiança política”, de amigos e demais família, que outros pergaminhos não possuem do que as relações de nepotismo oligárquico bem ao estilo dos sistemas políticos podres do século XIX, sem prejuízo de até exemplarmente se encontrarem bons profissionais no meio de toda esse rebotalho. As instituições públicas são a cara daquilo que somos enquanto sociedade e que bom seria se o sector privado fosse diferente, infelizmente não é.

Francisco Pereira

 

 

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