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AFECTOS

23-10-2020 - Henrique Pratas

Portugal nunca foi um País de afetos, de solidariedade, de fraternidade ou onde a igualdade fosse defendida até às últimas consequências, mas na época por que estamos a passar mantemo-nos pior porque estamos cada vez mais isolados e preocupados apenas com o nosso bem-estar ou com o estado de saúde da nossa família ou de nós próprios, sinais dos tempos que estamos a passar.

Se já estávamos mal no que aos afetos diz respeito prevejo que quando sairmos e no atual estado de coisas estamos ainda pior, porque não sabemos o que nos espera, mas o que está a acontecer é muito mau e deixa a maior parte da população sem saber o que fazer, algumas delas sem condições sequer para poder viver condignamente, quanto mais para cumprirem as orientações que emanadas da Direção-Geral de Saúde.

Entrámos numa fase em que as pessoas escondem a doença que nos pode afetar a todos, será medo ou apenas vergonha de enfrentar uma realidade onde o SNS, já não consegue dar respostas, por falta de meios de toda a espécie humanos e materiais, estamos a rebentar pelas costuras, não sabemos o que é que nos poderá acontecer no caso se sermos apanhados pelo COVID.

A ocultação de pessoas infetadas dá-se a todos os níveis desde empresas até às Unidades de Saúde, porque chegados aqui é o alarmismo total, eu defendo que as situações devem ser divulgados para quem passou ou lidou com uma dessas pessoas possa e deva fazer o que se encontra protocolado, outras defendem o contrário que é ocultar a situação para não gerar alarmismos, apesar disto entendo que a minha posição é a mais certa, nada como ser transparente, mas meus amigos o pior é que existe muita coisa escondida e muitas falhas neste processo.

Concretizo o que escrevo com um exemplo num destes dias uma pessoa que está afeta a uma Unidade de Saúde Familiar, foi “convidada” a ir para um dos polos da Saúde Pública, contrariada lá foi como estava estabelecido, o horário de trabalho é trabalharem dois dias seguidos, entrando um às 8 horas da manhã e sair por volta das 16 horas sem parar o outro é entrar às 14 e sair depois das 20 horas sempre com o mesmo ritmo e depois descansam um dia, como imaginam isto cria uma desestabilização tremenda. Bem mas como dizia eu essa pessoa foi “convidada” a ir para exercer as suas funções em dois polos de saúde, dois dias num os outros dois a seguir á folga noutro e o que é que lhe aconteceu no primeiro dia de trabalho, chegou lá e não tinha à sua disposição os meios de trabalho que eram necessários, nomeadamente o computador que nos dias que correm é um dos elementos indispensáveis em todas as áreas que cobrem a Saúde se o sistema que dá suporte ao SNS, nada feito e para os médicos é o melhor que pode acontecer porque dão logo à “sola”.

Isto serve apenas para vos dar a noção do “improviso” como as coisas estão a ser conduzidas nas diferentes Associações Regionais de Saúde (ARSs), assim muito dificilmente lá vamos ou somos profissionais ou não, numa situação destas não há que facilitar, pois o que está em causa é o bem-estar de todos nós e mesmo que o não fosse, esta não é a melhor forma de trabalhar, mas é o que temos, infelizmente e o que temos para nos “governarmos”.

Nesta altura todos os meios disponíveis deveriam estar há disposição do SNS para que este desse a resposta que todos esperamos que ele desse, mas com as condições que lhes dão muito fazem os trabalhadores que lá trabalham e não fosse a muita boa vontade que anda por lá as coisas já teriam estoirado, a gosto de muitos que sempre foram contra um SNS a funcionar como foi concebido.

Numa fase destas tentar acabar com o SNS deveria ser considerado crime, pois os seus utentes não podem sair prejudicados das guerras de alecrim e manjerona dos que são contra este Serviço Nacional de Saúde (SNS) que foi implementado há muitos anos e que funcionou convenientemente os que sempre se opuseram a que o mesmo existisse estivessem na mó debaixo, agora que conseguiram vir à tona d’água querem acabar com o mesmo.

Em meu entender isto revela falta de carácter porque quando uma pessoa não concorda com uma coisa deverá sempre manifestar a sua opinião e não esperar por alguma fratura ou situação mais débil para se opor com toda a força que possui para levar os seus intentos a bom porto isto para mim é cobardia e das grandes, falar e contrapor apenas quando o vento sopra a favor, esta é uma das razões pelo facto de termos chegado a estado a que chegámos a maior parte das forças que possuem voz ativa neste País só se manifestam quando as coisas lhe são favoráveis até lá uns mantêm-se calados, outros são politicamente corretos chegando mesmo a defender coisas com as quais não concordam, mas que no momento lhes dá jeito.

Somos um País pouco convicto do que quer basta soprar um ventinho lateral e mudamos de rumo mais depressa do que este sopra, andamos sempre ao sabor da corrente, das marés e dos ventos, não construímos um Plano bem gizado e elaborado com a indicação onde é que vamos querer estar daqui a 20 ou 30 anos, limitamo-nos a viver o dia a dia e amanhã logo se vê, ora isto é o mais instável e sem rumo que pode existir. Não quero com isto afirmar que um Plano não tenha que ter correções, não senhor, o Plano deverá ser sempre ajustado há realidade, que como sabemos é cada vez mais volátil, mas uma coisa é certa um País terá que saber sempre onde é que vai querer estar e saber tirar “partido” das suas mais-valias, para poder construir uma Nação sólida e consistente.

Henrique Pratas

 

 

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