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A cidadania que nos falta…

02-10-2020 - Francisco Pereira

A propósito de uma disciplina de nome Educação para a Cidadania, surgiu recentemente uma petição que juntou muita gente, muitos iluminados, uns mais ilustres outros mais a puxar para o lustre, dos lustrosos destaco duas das mais insignes luminárias da sapiência nacional, o senhor Silva ex tudo o que se queira, de gasolineiro a presidente do bairro de moradores do IMI não pago, e o senhor Coelho, igualmente versado em vastas matérias, de deputado a primeiro dos ministros a não pagador de impostos travestido agora por milagreira intervenção em professor universitário, estando os nomes destas duas alimárias apostos entre os signatários daquela aberração é meio caminho andado para eu ser terminantemente contra a mesma, mas vamos devagar ao encontro daquilo que interessa.

Esta pretensa petição advoga, pasmem-se, o direito à objecção de consciência de pais que não queiram filhos nas aulas de Educação para a Cidadania. Este tipo de imbecilidades, é perigosa, encerra porém, questões muito interessantes do ponto de vista sociológico, e é bem reveladora da fraca qualidade desta gente, muito em especial daqueles dois passarões a que aludi anteriormente, porque tendo ambos desempenhado funções governativas da mais alta importância, dizem eles, a nível nacional, não se percebe que se revelem tão absurdamente analfabetos, ao ponto de assinar uma petição promovida por uma súcia de completos indigentes intelectuais.

Como noutros episódios rocambolescos da mesma igualha, este caso começa com um daqueles “ratos de sacristia” típicos que por aí, infelizmente, abundam em barda, a gritar “aqui d’el Rei” acudam, que andam a falar de meias desfeitas e de dildos ao Afonso Maria mais à Francisca, vai daí que o extremoso, e direi, analfabeto, papá, leva de proibir os fedelhos de ir assistir aquela malévola disciplina, coisa claramente engendrada pelo Demo, para danar as almas dos puros e castos jovens das melhores famílias já que das famílias dos pobres se espera de tudo, cruzes canhoto, abrenúncio, se isto não fosse anedótico e patético era de facto muito grave.

E mais grave se torna porque o extremoso progenitor se terá, quiçá, esquecido de ler os conteúdos da tal disciplina, que pessoalmente também abomino por ter a convicção que aquilo não serve para absolutamente nada, que é uma absurda perda de tempo, apesar da ideia que subjaz à sua implementação não seja de todo descabida, mas lá chegaremos, por ora continuemos a zurzir na laia dos sacristas, que mais parecem talibãs vindos das profundezas de um “qualqueristão” teocrático, preconceituoso e analfabeto.

O que mais me chateia nesta palhaçada peticionária, não é essa aberrante coisa da objecção de consciência, pressuposição de uma estupidez gritante aduzida por mentecaptos analfabetos. O que me chateia é mesmo isso, o analfebetismo funcional que essa gentalha demonstra, pior durante anos a fio nas Escolas públicas de uma pretensa república laica a Santa Madre Igreja enfiou o seu catequismo pelo gorgomilo do povinho, mas aí estava tudo bem, esse proselitismo patego era benquisto, aí não existia mácula, estava tudo dentro dos seráficos cânones da carneirada.

Sempre me insurgi contra a disciplina de religião e Moral nas escolas públicas, coisa que não serve para além de ser um desperdício de recursos, o mesmo se passa na minha modesta opinião com esta coisa da Cidadania, que é usada essencialmente como uma aula para descomprimir a miudagem, isto sem prejuízo de eu acreditar que os conteúdos propostos são efectivamente pertinentes, devam ser discutidos, no entanto nos moldes em que me parece que a coisa funciona, é mais uma daquelas “pra inglês ver” como diria o Feijó.

Urge implementar uma disciplina de Educação Sexual, dada por gente com competência e formação adequadas ao invés daquilo que se faz com a tal Cidadania, uma disciplina onde as Constanças e as Marias Franciscas, tal como as simples Cátias Vanessas e Jéssicas bem como os Bernardos Marias mais os Martins Salvadores junto com os Edmirsons e os Joões aprendam a usar dildos e a saber o que é e onde é o clitóris e para eu serve, mas aprendam sobretudo a valorizar o bem precioso da vida humana, o respeito pelo Outro, para irmos conseguindo moldar uma sociedade que consiga mitigar e limitar o disparate da gravidez precoce.

Mas ao mesmo tempo precisaríamos dessa disciplina para que se o percalço sucedesse as mães e os pais adolescentes aprendam a cuidar de um bebé, urge pois ensinar, falar e discutir não apenas o sexo em si, mas as relações humanas, a realidade do Mundo é branca e preta mas entre uma e outra existem muitos tons de cinzento, que importa discutir e mostrar que existem.

Há tempos vi um post numa rede social onde uma matrona já com idade de ter juízo, fazendo gáudio da alarvidade analfabeta, exibia um cartaz onde podíamos ler mais ou menos isto “menina tem pipi, rapaz tem pilinha”, um comentário cheio de bom humor questionava a criatura nestes moldes; “e se tiver as duas é o quê, um cavalo?” Pois é isso mesmo que esta corja analfabeta parece não perceber, que a realidade humana tem um espectro muito abrangente, que a Natureza não é espartilhada por cânones religiosos e ou pretensamente morais, que todas essas realidades devem também ser respeitadas, discutidas e conhecidas.

Quanto à petição imbecil, gostaria de ver essas mesmas alimárias a insurgirem-se sobre coisas pertinentes como por exemplo o mobiliário escolar que é uma porcaria, a comida servida nas escolas por empresas manhosas que é uma porcaria, o amianto que anda daqui há duas décadas para ser retirado, a falta de meios e de condições, a falta de recursos humanos, o ensino especial que é uma patranha, era em petições a reivindicar melhores condições para a Educação, para combater a violência doméstica, o abandono escolar por exemplo que eu gostaria de ver os nomes esses biltres poltrões, agora desperdiçar tempo em ridicularias próprias de indigentes intelectuais é demasiado, mesmo para essas duas miserandas criaturas.

P.S. – Se ao invés dos analfabetos signatários da petição quiserem por vós verificar os conteúdos da tal disciplina, aqui vos deixo a hiperligação internautica: https://cidadania.dge.mec.pt/

Francisco Pereira

 

 

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