Uma ova é que “vai ficar tudo bem”

25-09-2020 - Francisco Pereira

Nada me irrita tanto ultimamente como essa frase parola e labrega proferida e reproduzida até à exaustão por todo o lado e por muita gente, “vai ficar tudo bem”, faz-me lembrar outra coisa que desde inicio da pandemia igualmente me irritou, que foi o dizer-se que, “sairemos disto melhores pessoas”.

Eu até percebo essas ondas do chamado “positivismo” as “boas ondas” as “boas energias” os “Namastês” e o mais que se queira dessas abordagens patetas, propaladas até quase ao vómito por gente muito seráfica, muito fotografia de cãezinhos e gatinhos, apetece dar-lhes um abanão e dizer-lhes aos berros, “olhem para a merda do Mundo pá, acordem!”, acreditam mesmo que isto vai ficar bem.

Eu também quero ser positivo, quero acreditar, quero ter esperança, mas quando se cruzam informações e se vão lendo e vendo coisas, percebemos que o Mundo está demasiado cheio de vigaristas, oportunistas e parasitas, para sairmos disto melhor.

O Mundo está demasiado cheio de trafulhas, gatunos, ladrões, bandidos e bandalhos para que fique tudo bem. O Mundo está cheio de monstros, ogres, trasgos, bruxas e demónios, para que fique tudo bem. O Mundo tem demasiados corruptos, demasiado clientelismo, nepotismo, amiguismo e velhacaria em geral para podermos ficar todos bem.

Apenas almas cândidas, almas a roçar a tolice intelectual e ou o total desprovimento de neurónios funcionais podem achar que “vai ficar tudo bem”, pior, como é que se pode esperar que vá “ficar tudo bem”, se nunca sequer esteve tudo menos mal?

O Mundo está demasiado cheio de egocêntricos narcisistas, de umbiguistas, de egoístas, de misóginos e de preconceituosos para que isto corra sequer menos mal, o Mundo está demasiado cheio, está a abarrotar de energúmenos, descerebrados, de cretinos e de imbecis, de lorpas, de tansos e de mentecaptos, vítimas perfeitas para as teorias da conspiração, para as religiões, para os partidos políticos e para todas as agendas mais ou menos manhosas que fazem perigar a decência, a Democracia e a Liberdade individuais.

Como é que podemos esperar que vá “vai ficar tudo bem”, num Mundo demasiado cheio de falta de respeito pelo Outro, de falta de civismo, de falta terrível de empatia para com o sofrimento alheio, como é que alguém pode acreditar que poderemos sair deste atoleiro sem mossas? Pois só sendo alguém um nadita burro ou então alguém que tenta enganar-se a si mesmo, por que o Mundo está infelizmente a abarrotar de miseráveis, de gentalha torpe, de biltres, de escroques e de pulhas, que seguem à risca as suas agendas de ganância, de conquista do poder, nem que para isso, assassinem, torturem, lesem, vilipendiam, prendam e maltratem todo e qualquer ser vivo que lhes faça a mais ténue das oposições, como é que alguém que viva num Mundo destes pode dizer que “vai ficar tudo bem”.

Pessoalmente é minha convicção que a pandemia trará ao Mundo o pior da Humanidade, curiosamente, vamos vendo sinais daquilo que está para vir, aqui e além vamos percebendo que o Mundo está em plena convulsão e que nunca foi, por vários motivos, um lugar tão perigoso.

Os Estados estão dominados por elites corruptas e mafiosas, nunca nestes últimos 200 anos, tantos países do Mundo se viram liderados por autênticos “cromos”, gentalha sem preparação, sem bom senso, sem ética e sem decência, gentalha torpe, que dá os piores dos exemplos à populaça analfabeta que enxameia nesses locais, da Ásia às Américas é já vasta a procissão de cretinos que preside aos destinos de países, alguns deles países poderosos, detentores de armas nucleares, que vivem momentos de atribulação.

Este Mundo em que vivemos está infelizmente cheio de gente, há gente a mais, há lixo a mais, há ignorância a mais, em contrapartida falta decência, falta o Humanidade, falta compreensão respeito e empatia, num Mundo destes, só um milagre, coisa em que não acredito, poderá fazer com que esse desejo pateta do “vai ficar tudo bem”, aconteça ou isso ou um cataclismo de dimensões gigantescas que limpe este Mundo da muito escumalha humana que por aqui anda.

Francisco Pereira

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