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AS FAKE NEWS AO SERVIÇO DO PODER

28-08-2020 - Pedro Pereira

As fake news, ao contrário do que muita gente de boa fé possa pensar, não são exclusivas de gente singular ou organizações, usam-nas, sobretudo, dezenas de governos. É tudo uma questão da cor política (e dos seus desígnios)que domina os respectivos aparelhos de Estado.

Assim, em 2019, uma equipa de investigadores da Universidade de Oxford, liderada por Samantha Bradshaw e Philip N. Howard, levaram a cabo um estudo que revela que70 governos usaram nesse ano redes sociais para realizarem campanhas de fake news. Assim, por exemplo, a China revelou-se como um dos exemplos cimeiros da falsa propaganda a nível mundial.

Desta feita, o estudo da Universidade de Oxford vem colocar a descoberto a difusão de notícias falsas, fabricadas com os mais diversos fins por dezenas de governos em várias partes do mundo, usando e abusando da comunicação social domesticada ao seu serviço, das agências de comunicação e imagem lautamente pagas por eles e das redes sociais como meio de propaganda de falsas informações, nomeadamente o Facebook, o YouTube e o Twitter, como fim de manipularem a opinião pública.

Os objectivos do “bombardeamento” desinformativo, vão desde denegrir líderes de partidos políticos da oposição, às notícias de acontecimentos escabrosos para desestabilizar a opinião pública, virando-a contra os partidos opositores ao partido do poder.

No caso da China, a partir dos protestos de 2019 e até hoje, em Hong Kong, o governo do partido comunista chinês aumentou de nível as campanhas agressivas no Twitter, no Facebook e no YouTube.

Face a este cenário, como fazer para destruir o metralhar de notícias falsas e de mentiras sobre os cidadãos?

O ato de mentir é passível de variadas explicações de carácter científico, que vão desde técnicas sofisticadas de manipulação e de mentiras que ludibriam o inimigo, até às que são utilizadas para conquistar uma posição, manter o respeito e a liderança de um grupo, empresa, associação ou partido político, iniciar e manter relacionamentos em diversas actividades e outras.

Porém, ninguém escapa ao inevitável, ou seja: a verdade. Citando o velho ditado: “A verdade é como o azeite. Mais tarde ou mais cedo vem sempre ao de cima de água”.Ressalve-se, no entanto, que até lá e na maioria dos casos, por via das mentiras, das notícias falsas, muita gente e organizações são destruídas pelo caminho.

A massificação, e ampla difusão das redes sociais verificadas nos últimos anos, tem propiciado uma enxurrada de mentiras e fake news, que poderemos classificar como destrutivas em todos os níveis da sociedade.

É raro o dia em que não surjam notícias falsas envolvendo celebridades, políticos, empresas e até comuns mortais, com o objetivo de atrair e manipular a atenção de uma parcela da população que são alvos fáceis das fake news.

Muito embora a liberdade de expressão esteja consagrada nas cartas constitucionais da maior parte dos países ocidentais, a verdade é que quando esta deixa de respeitar a liberdade e dignidade do seu semelhante, propagando calúnias, difamações e mentiras, deixa de ser liberdade de expressão para passar a ser crime.

As fake news espelham a incapacidade de a sociedade exercer a sua liberdade de pensamento e de expressão, processo decorrente do abuso do poder político aliado ao económico, utilizando os meios de comunicação social ao seu serviço para “bombardear” com informações falsas os cidadãos a um ritmo diário infernal, incapacitando a maior parte das pessoas para destrinçar o que é verdadeiro do que é falso, porque as mentiras são veiculadas, sobretudo, por órgãos de comunicação social, que até há bem pouco tempo eram respeitáveis veículos de informação.

O fenómeno das notícias falsas encontra-se entrosado como uma verdadeira “pandemia” no seio das sociedades, desafio que estas têm de enfrentar, procurando sem descanso destrinçar a verdade contra as fake news. Esse trabalho passa por um trabalho de parceria entre sociedade, associações cívicas, grupos de jornalistas independentes e outros.

Urge que a reacção contra as notícias falsas parta de acções conjuntas de grupos de cidadãos, numa primeira fase e da sociedade em geral numa fase seguinte, se necessário recorrendo a formas de luta musculadas. Estas devem de ter em consideração princípios constitucionais como a liberdade de expressão e o acesso livre à informação.

Eis aqui alguns aspectos que o leitor deve de ter em atenção se quiser “separar o trigo do joio”, ou seja, apartar a verdade da mentira. Assim:

-Procure informar-se sobre a veracidade dos acontecimentos relatados e desconfie das manchetes e notícias sensacionalistas. As notícias falsas normalmente apresentam destacados títulos apelativos em letras maiúsculas e com pontos de exclamação;

- Em comum as fake news revelam erros de escrita, por vezes, até grosseiros;

- Desconfie da maior parte dos sites de checagem de notícias falsas, sobretudo quando por detrás deles se encontram apaniguados do partido que estiver no poder;

- Desconfie da maior parte das informações, sobretudo quando não sabe de onde provém, uma vez que essas possuem sempre uma origem;

- Quando as fake news são divulgadas na internet, procure com atenção informações veiculadas por esse link;

- Procure saber se a reportagem foi escrita por uma fonte idónea e de boa reputação. Se essa for proveniente de uma organização desconhecida, tenha em atenção a origem do site;

- Muitos sites de notícias falsas contêm erros ortográficos ou apresentam layouts estranhos. Faça uma leitura mais atenta e se reparar nesses sinais, está perante uma fake news.

- As notícias falsas por vezes são acompanhadas por imagens ou vídeos manipulados. Muito embora as fotos possam ser autênticas, normalmente encontram-se fora de contexto;

- Notícias falsas frequentemente apresentam datas que não fazem sentido ou que foram alteradas. Verifique sempre a data da publicação;

- Procure publicação da mesma notícia em outras fontes. Se não a encontrar, pode ser um indicativo de que a história é falsa. Ao invés, se a reportagem for publicada em fontes confiáveis, é provável que seja verdadeira.

Pedro Pereira

 

 

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