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Rir em Almeirim, logo pela mahã…

14-08-2020 - Francisco Pereira

Ia fresca a manhã, prenunciando porém uma tarde de estio abrasador, lentamente de rafeiro à trela, rente aos carros como faz gáudio em seguir todos os dias, pelo menos três vezes ao dia, para que o dito rafeireco possa inundar de urina fétida as rodas dos veículos estacionados, seguia a nossa conhecida “avozinha badalhoca”, era pois mais uma manhã normal, aqui neste parque de estacionamento, que é também urinol público de bestas e animais, improvisado local de coito, de tráfico e do mais que se queira, nada de novo portanto, bem no centro deste pardieiro a que chamam Almeirim.

Esta personagem a “avozinha badalhoca”, faz parte da vasta colecção de possuidores de cães que pulula por esta cidadezeca, inundando todos os recantos possíveis de urina e dejectos de cão, a honestidade exige que diga que uma minoria destes possuidores de cães são pessoas educadas e cívicas capazes de educar os seus animais, não é porém o caso da “avozinha badalhoca”, que faz parte da grande maioria de badalhocos e porcinos passeadores de cães, pessoalmente deixei de me importar com isto, não quero saber, e se trago este assunto aqui hoje à baila é porque o episódio que de seguida vou descrever foi de tal modo hilariante e surreal que merece ser contado.

Seguia então a “avozinha badalhoca”, na sua senda habitual, eu sentado à mesa da cozinha bebia o meu chá e lia o jornal, isto quando começo a ouvir um grande alarido, ao fundo do parque, na rua paralela, a “avozinha badalhoca”, era invectivada por um pobre adicto que faz as vezes de “arrumador de carros” onde seguramente colhe as moedas essenciais para ir matando seu vício diário, o som do fundo do parque afunila e chega aqui bastante audível se bem que por vezes pouco perceptível, como foi o caso e tal era o alarido que agora éramos dois aqui à janela a tentar perceber o que se passava pois entretanto o meu filho juntara-se a mim.

Pelo que íamos percebendo, a “avozinha badalhoca”, deixara o cão urinar à porta de uma casa ali em frente. Íamos percebendo que o rapaz dizia à “avozinha badalhoca”, que era mal-educada, que devia era levar o cão a mictar para a porta dela e não fazer isso à porta dos outros nem nas rodas dos carros estacionados, ali estiveram uns bons cinco minutos até que a “avozinha badalhoca”, se pôs na alheta dando às de Vila Diogo para evitar a escandaleira, porque começavam a passar mais pessoas.

- Pai, já reparaste, que o gajo que passa o dia a bombar heroína tem mais juízo que a velha – diz o meu filho, enquanto eu largo uma grande gargalhada. Pois essa era uma grande verdade, o pobre rapaz, adicto, com o ar massacrado por décadas de consumos parecia ter muito mais noção de civilidade e de higiene que a senhorica toda aperaltada, - nunca julgues o livro pela capa – disse ao meu filho, este episódio é disso uma boa prova, os comportamentos incivilizados, porcos e a falta de educação, não vieram de quem à partida o podíamos, preconceituosamente, esperar, mas antes dos antípodas, ademais, uma pessoa daquela idade deveria ter mais educação, mais civismo, mais respeito pelos outros e mais higiene, aquilo foi surreal, o “agarrado” a dar lições de civismo à pretensiosa.

Levantei-me, fui tomar banho e ainda a rir saí de casa para ir beber um café e comprar pão. Regressava com o meu pão ainda quente a largar um ensurdecedor odor, um rasto de promessas de puro deleite, assim que chegasse a casa, ia nestas cogitações quando topo caminhando apressadamente na minha direcção o rapaz que de manhã cedo viramos naquela cómica altercação que acima transcrevi, aproveitei o ensejo e interpelei-o nestes termos;

-Bom dia, então há bocado estavas a apertar com a velha?

- Bom dia. Ó senhor nem me diga, só pedi à senhora que não deixasse o cachorro fazer xixi nos carros, porque já houve queixas e a polícia foi lá ao parque para falar comigo, eu na disse nada que não quero problemas…

- Então e a velha – pergunto-lhe.

- Foi mal-educada, mandou-me aquelas partes com as letras todas e depois foi por o cão a fazer xixi no portão mesmo em frente, passei-me, disse-lhe para não ser mal-educada e ir por o cão a fazer isso à porta dela, as pessoas queixam-se e depois a polícia disse para eu tomar conta dos carros, tá a ver senhor, mesmo mal-educada aquela senhora.

Desejei-lhe um bom dia e seguimos os nossos caminhos. Tenho pena daquele rapaz, tenho pena que não consiga sair daquela espiral tenebrosa em que entrou. No entanto tenho de saudar a lição de civismo que um vulgar “drogado” deu a uma presunçosa com hábitos de higiene mais que deploráveis.

Mas acham que algo mudou? Nada. No dia a seguir pela manhãzinha cedo, lá ia novamente a “avozinha badalhoca”, com o seu rafeiro de passo trôpego que ela insiste em levar a urinar nos pneus dos carros estacionados e quem estiver mal que se mude, e se por ali passarem à hora certa seguramente poderão ver a “avozinha badalhoca”, esta senhora é só mais uma entre centenas de labregos porcos e incivilizados com hábitos de higiene deploráveis que andam por aí…

Francisco Pereira

 

 

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