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TRAPALHICES E TRAFULHICES

14-08-2020 - José Janeiro

A historia do Novo Banco é uma novela mexicana, ou talvez mais apropriada seja a classificação de filme obsceno tal a pornografia envolvida. Desde há umas semanas que as noticias,mais indecorosas sobre a situação dos activos do dito banco bom ocupam as primeiras paginas das noticias do espaço mediático.

Segundo o que sabemos, e não é muito porque aquele contrato de venda do novo banco á Lone star é muito pouco transparente, as perdas do banco que são compensadas pelos meus impostos, já ascendem a mais de 500 milhões de euros apenas em duas operações manhosas, a venda dos imóveis do “portofolio viriato” e a venda da seguradora GNB Vida, agora imaginemos o efeito multiplicador destes negócios que tem levado a esgotar as injecções de capital do fundo de resolução que previam contratualmente 3, 89 mil milhões de euros, em perspectiva este buraco equivale a 1/3 do orçamento da saúde; 1/2 do orçamento da educação ou ainda 2, 5 o orçamento da justiça, mas se quisermos ir mais longe os valores referentes á perda dos dois negócios conhecidos e atrás indicados representam o custo de construção de um hospital. Estes são os valores em perspectiva para que entendamos o que está em causa no roubo dos bens de todos nós e aonde deveriam ser aplicados os nossos impostos. Falsamente contam-nos uma historia de que o fundo de resolução será pago pelas contribuições bancarias, mesmo a ser assim, os bancos para obterem esse dinheiro cobrarão comissões bancarias aos clientes e obviamente reduzirão a devolução de impostos sobre lucros para o Estado, assim serão sempre os mesmos a pagar tu e eu, num horrível circulo vicioso.

Apesar da historia estar muito mal contada e cheirar terrivelmente mal, tudo isto tem claramente uns contornos além de pouco dignos e um tanto ou quanto obtusos de aproveitamento de uns quantos abutres. Na verdade, todos os bancos intervencionados ou não, foram obrigados pela troika a vender os ditos activos tóxicos, deram-lhes um prazo para limparem o dito balanço, ora sabemos pela lei do mercado que vender sob pressão e com prazos apertados os negócios nunca são bons, esta é a regra. Os Ingleses do Lloyd´s bank mandaram os tipos ás ortigas e foram cumprindo as regras conforme o mercado lhes era favorável e assim não fizeram estes disparates, surpreendentemente o actual CEO do Novo Banco vem do LLoyd’s e surpreendentemente faz tudo ao contrario como se tem vindo a ver. Isto não serve de desculpa para a barbaridade, mas explica alguma coisa.

Entretanto viemos a saber que o contrato de venda do banco bom (não se riam este era o banco bom, segundo os idiotas do costume), poderá ser nacionalizado, ou seja, ainda vamos ver o banco envolvido em mais uma historia mal contada com o termino da injecção de capital que acontecerá brevemente, a reverter para o espaço publico e pagaremos em consequência uma indemnização choruda á Lone Star, a imbecilidade no seu melhor.

O que me tem surpreendido por estes dias, são a procura em sacudir a “água do capote” dos intervenientes políticos que estão enterrados e já submergidos no poço de merda que é o Novo Banco, pelas decisões tomadas e agora tentam pegar a coisa pelo lado limpo, ora sabemos que não há lado limpo para pegar na merda.

Estão todos envolvidos, uns porque decidiram, outros porque votaram a favor, outros ainda porque promulgaram, o disparate, todos sem excepção estão muito mal na fotografia e foi preciso o escândalo rebentar para começarem a abandonar o navio que naufraga, que nem ratos. As crises de amnésia, as crises do desconhecimento, as crises do síndrome da criancice e as crises da cozedura, já começaram. O “não me lembro”, o “não vi”, o “não sei”, o “foi o outro menino” e o “que é preciso é apurar”, já estão a tomar conta dos do costume, da esquerda á direita até ao Ti Celito, incapaz mor, todos estão envolvidos e com culpa no cartório.

Podem dar as voltas que quiserem, podem encontrar as desculpas esfarrapadas que julguem que são aquelas que justificam o injustificável, podem tentar berrar sobre as causas desta marmelada toda, proporem as comissões de inquérito que queiram, como algumas já se perfilam, mas o resultado será apenas um: INCOMPETENCIA absoluta.

Os termos contratuais de venda do dito Banco Bom (é para rir), os conhecidos, claro, eram já indiciadores deste desastre anunciado, para todos menos para os idiotas dos políticos, houve muitos alertas ao longo deste tempo, nomeadamente os alertas da rapidez de venda de activos acordados com a Europa e acima de tudo o facto de o banco e seus novos acionistas não deixarem de ir buscar ao fundo de resolução o valor contratualmente acordado fosse de que forma fosse. As provas estão á vista, a despreocupação com que se produziram as vendas e os prejuízos arrecadados demonstra bem o facilitismo para ir buscar capital de forma desavergonhada.

O cumulo da historia conta-se em duas historias macabras, uma a venda do portefólio Viriato, deviam ter tido vergonha em lhe chamar assim, pois desonra a memoria dele, que foi vendido a um fundo abutre que ninguém sabe quem são e para terminar a estupidez nem entraram com um simples cêntimo, o banco emprestou o dinheiro, apareceram depois os imóveis á venda com lucros de 26 vezes em alguns casos. E a venda da companhia de Seguros parece ter sido outro filme pornográfico, terá sido vendida a um tipo condenado por corrupção e com idoneidade certificada pelo Instituto de seguros, ou segundo outras informações mais recentes, foi afinal substituído no ultimo momento, para ficar bem na fotografia e houve assim aparentemente um “cabeça de turco” que assumiu o lugar do verdadeiro comprador. Estas mascaradas, estas trafulhices, demonstram bem a pouca importância que se dá ao dinheiro arrecadado dos nossos impostos e não me venham contar as habituais historias da carochinha em que querem fazer querer que quem paga é o fundo de resolução, mas que fundo? Com que dinheiro? Pois sabemos que o fundo não está capitalizado para suportar esta macacada e sai, via empréstimo, (não se riam), do Orçamento do Estado para o dito fundo, que é apenas um saco sem fundo. São ambos casos de policia e não vale a pena tapar o sol com a peneira, pois ela, a peneira, está totalmente esburacada e escancarada. Deviam ter vergonha nas ventas.

Até para a semana.

José Janeiro

 

 

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