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EU, ELES, NÓS

31-07-2020 - Henrique Pratas

Por cá temos o hábito de utilizar estes prenomes pessoais.

Quando se faz alguma coisa certa utilizamos o prenome pessoal “Eu” e damos grande ênfase e repete-se várias vezes o mesmo, para que quem nos ouça assimile e guarde para si que foi aquele pessoa que fez algo que esperavam.

Quando a conversa não nos interessa porque determinado facto não deu certo ou foi objecto de alguma celeuma então aí verificamos que os nossos políticos utilizam a palavra “Eles” fizeram isto ou aquilo com o intuito de nos demarcamos do acto que não está conforme o que se pretendia e se porventura quem executou foi um outro politico ou membro filiado em Partido Politico diferente daquele que profere que não foram “Eles”, então o caso muda de figura e acentua-se mais este pronome pessoal, para se demarcarem de algo que não estão de acordo.

Na minha opinião utilizamos pouco o “NÓS”, porque a maior parte das decisões tomadas não são colegiais e caímos na asneira de andar a tomar decisões avulso, sem entrar em contacto com outros parceiros interessados na resolução de um determinado problema.

Tenho escrito amiudadas vezes que a resolução das situações existentes em Portugal e que apoquentam a maior parte dos portugueses deveriam ser tomadas em colectivo, por forma a construir uma ideia mais sólida e congregar/vinculara mais pessoas há tomada de um processo de decisão, deste modo evitava-se que aparecesse alguém a dizer que “Eles” decidiram mal. Mas como sabemos lamentavelmente as coisas não são assim e refugiamo-nos no “Eu” e no “Eles”, porque desta forma não ficamos obrigados a nada e temos sempre a possibilidade de criticar quem fez alguma coisa, é muito mais fácil dizer o que está errado do que contribuir para a solução de um problema.

A nossa sociedade padece deste mal, há muitos anos, nunca pensámos em termos colectivos, porque nos empurraram para isso e deixámo-nos ir, porque somos muito influenciáveis e com pouca vontade própria, apesar disto ainda existem alguns resistentes que afirmam que por aí não vão e esses são logo apelidados de terem mau feitio, rezingões ou o que queiram conforme já ouviram muitas vezes, estes últimos fazem parte de uma série de resistentes que continua a lutar por aquilo que acha que é correto, já não são muitos, mas são os suficientes para demonstrarem que nem tudo neste País vai bem, são aqueles que se preocupam com o evoluir da sociedade e com as atitudes que o Estado deveria tomar e não toma, são os mesmos que a toda a hora e instante estão a fazer reparos aquilo que não acham que está bem, digo que são os críticos construtivos que restam na nossa sociedade.

São estes que incomodam o poder instalado e em boa hora o fazem porque senão se as coisas já nãos estão bem, então seria o granel e independentemente do esforço que estes críticos construtivos fazem para tecer considerações sobre o que o que entendem que está e não está correto, às vezes já com um certa desmotivação porque conseguem alterar muito pouco, mas este muito pouco para mim é muito, tendo em consideração a “máquina” que foi montada a partir do 25 de novembro de 1975, com o intuito de devolver o património aos privados o que deveria estar sob a alçada do Estado para que a Economia tivesse crescido de forma sustentada e alicerçada em pilares sólidos e de forte consistência e desde essa altura tem sido um fartar vilanagem com a utilização sistemática do “Eles” fizeram isto e não fizeram aquilo e por aí adiante, já conhecem a música, o que é de bom foi feito para melhorar as condições de vida dos portugueses e fazerem com o que nosso País tivesse uma estrutura económica sólida. A resposta vai ser “Eles”, não fizeram isto não fizeram aquilo, jamais vamos ouvir o prenome pessoal “Nós”, não fizemos isto ou aquilo.

Nos debates políticos a que assistimos a conversa é sempre a mesma coisa anda há roda do “Eu” e dos “Eles”, nunca falam no “Nós”, porque não o podem fazer porque a maior parte das decisões são individuais que comtemplam apenas os interesses de uma minúscula, mas influente parte da sociedade portuguesa, os mais interessados ficam de fora e é-lhes vedada a participação nestas decisões, ou são completamente afastados delas para não incomodarem.

Termino escrevendo “Nós” nunca decidimos nada neste País, quem tomou as decisões foram e será sempre “Eles” e “Nós” continuaremos a ver passar os comboios, ou melhor a assistir há delapidação do nosso património sem que possamos intervir ou sejamos chamados a isso.

Henrique Pratas

 

 

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