A PROPÓSITO DO BES
24-07-2020 - Joaquim Jorge
Estou cansado, farto, exausto de tanta roubalheira à descarada e de fazerem de mim totó. Ao menos se não soubesse, não me indignava, aborrecia, enfurecia e me revoltava.
Portugal é um país faz de conta, em tudo, até na sua democracia. O meu filho é que tem razão ao dizer-me para desligar, não vale a pena lutar e nada muda, as coisas estão cada vez piores.
A política portuguesa não é digna de confiança, mas recuso-me dar razão aos jovens que dizem que não vale a pena votar.
O país precisa de uma redefinição ética, cívica e moral, acabar de uma vez por todas, com os privilégios e excepções dos políticos, banqueiros, gestores e afins.
Nós precisamos de ter gente na política e na administração pública livre de preconceitos e maus hábitos de pensar e de agir.
Há gente em Portugal que perdeu, de vez, a vergonha.
Ninguém acredita em nada e até é repugnante: dizem uma coisa e fazem outra.
O comum do cidadão ao tomar conhecimento desta situação, não sei se dá para rir ou chorar!
Como foi possível deixarmos chegar à situação de bancarrota do BES? Que contribuiu para a bancarrota de Portugal.
Uma coisa é barafustar nas redes sociais sobre isto e aquilo, outra coisa é perder dois minutos, dar o nome completo, o número do BI para participar na sociedade civil. Somos um povo com pouca tradição na expressão pública da nossa opinião em sede de direito. Temos uma abstenção nos actos eleitorais ilustrativa disso mesmo.
Os movimentos cívicos ou movimentos independentes são também gestos políticos – sendo que política é tudo o que envolve a polis, se seguirmos os princípios milenares que tentam gerir estas coisas – e existem. Todavia não existem muitas formas de divulgação das mesmas, não são notícias escaldantes nem contribuem para a silly season, talvez por isso não surjam com abundância e, menos ainda, nas televisões.
Biólogo , fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente
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