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MIMOS RIBATEJANOS

19-06-2020 - Henrique Pratas

Vou partilhar convosco uma coisa que sentia há muito tempo e que na passada sexta-feira dia 12 de junho do ano corrente experimentei.

Para já queria alertá-los para o facto de não vos escrever sobre Almeirim, porque também deve ter mimos como o que vou partilhar convosco, só que ainda não tive a oportunidade ou não me deram a conhecer os mesmos, porque a melhor publicidade que se pode fazer é a do passa palavra.

Como vos escrevi em Almeirim desde muito cedo conheci o Toucinho, na minha opinião quando o Toucinho era Toucinho, do tempo em que os bancos eram de madeira corridos e as mesas também do mesmo material e onde era superiormente servido, desde a afamada sopa da pedra, passando pelo coelho assado na brasa, até aos bifes grelhados, as soberbas sobremesas e vinho com fartura acompanhado de uma bagaceira no final da refeição que ajudava muito a fazer a digestão.

Desta vez segui a indicação e fomos jantar há Casa da dona Emília em Alpiarça e meus amigos ganhei anos de vida, porque comi uma sopa de feijoca, regada com um pouco de vinagre, como tempero, antes de iniciar as hostilidades comemos farinheira assada, queijo seco e ovos mexidos com espargos selvagens, a acompanhar esta entrada e depois de conhecer o anfitrião da casa senhor Mário João e após ter-mos trocado algumas breves palavras depositei-me nas suas mãos e foi ele que escolheu o vinho que era um tinto ribatejano excelente.

A conversa foi fluindo eu só lhes posso dizer que nos sentámos há mesa às 19h20m e só de lá saímos às 23 horas. Fiquei a saber que o meu anfitrião tinha trabalhado na MAGUE, indústria metalúrgica que o ex-primeiro e presidente de origem algarvia se apressou a encerar não sei a mando de quem.

Com estas decisões o País ficou mais pobre porque tudo o que era indústria metalúrgica e de reparação naval pura e simplesmente desapareceu, a troco de quê, ainda estou para descobrir e não entendo como é que ainda existem pessoas que afirmem que a personagem fez um bom trabalho.

Mas voltando ao tema que me levou a escrever este texto, foi uma afirmação que o meu anfitrião fez num determinado passo da nossa conversa e que foi a seguinte: “ O senhor já viu que muitas regiões do nosso País, como o Alentejo, o Douro, o Minho, estão representadas em muitos restaurantes em Lisboa e o Ribatejo não existe quase nada ou mesmo nada.

Manifestei a minha concordância porque sei que no Ribatejo existem muitas coisas boa, mas não lhes é dada a devida notoriedade, existe uma desigualdade de tratamento, os motivos certamente que existem e uma análise mais cuidada justificará este facto, uma delas talvez seja o facto dos autarcas ribatejanos, não se empenharem o suficiente para mostrarem o que de bom existe no nosso Ribatejo.

Voltando ao repasto fiz-me acompanhar por sável frito e depois veio um lombinho de porco assado à moda do Ribatejo, aliás esta casa pauta-se por ter uma ementa com pratos tipicamente ribatejanos, que já vêm dos primórdios.

As opções são muitas, para além daquelas que vos mencionei, indo mesmo até há galinha corada, os mais velhos devem-se deste prato que apenas era feito em dias de festa.

A conversa fluiu e eu fiquei a conhecer mais um local onde vale a pena ir e as pessoas são ótimas, não deixando que a mesma terminasse com mais uma prova para mim que já julgava que tinha provado tudo.

Pedi uma bagaceira que fosse caseira, então o senhor Mário João decidiu trazer-me uma aguardente de mirtilo, saboreei e gostei a meio da minha prova ele questiona-me se sabia o que estava a beber, eu não me fiz rogado e respondi-lhe, não sei, mas como me depositei nas suas mãos, só lhe posso dizer que o que me serviu é uma delícia, se faz favor servia-me um pouco mais.

Terminada esta jornada de luta dirigi-me para a aldeia dos meus avós onde me encontro e só lhes posso dizer que nessa noite dormi a bem dormir.

Termino deixando aqui a questão que me apoquenta há muitos anos, porque é que o Ribatejo, os produtos que são produzidos e as suas tradições não têm a mesma divulgação que as outras regiões do País.

Henrique Pratas

 

 

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