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Quando liberdade rima com insanidade…

19-06-2020 - Cândido Ferreira

Portugal está à beira de comemorar cento e cinquenta anos sobre a realização de um evento histórico, que a nossa “história oficial”, nem sempre feliz e justa, ainda procurava silenciar um século depois. 

Refiro-me às célebres “Conferências do Casino”, destacando aquela em que o “cavaleiro andante” Antero de Quental defendeu a liberdade, enquanto direito humano inalienável e valor imprescindível ao desenvolvimento dos povos.

Este conceito peregrinou durante gerações no imaginário dos portugueses e, com avanços e recuos, alguns “chamaram sua” à liberdade, enquanto outros deram a sua própria vida para ser consignada na Constituição, em vigor desde há décadas.

A liberdade é um conceito básico e estruturante de qualquer democracia, mas o seu reconhecimento, pela atual República, também nem sempre foi o mais “feliz e justo”, tendo sido várias vezes alvo de interpretações oficiais controversas e que, vendo, ouvindo e lendo, não podemos ignorar.

Choca a consciência nacional, por exemplo, o perdão concedido aos magistrados dos Tribunais Plenários e aos pides, muitos deles reintegrados com todas as honrarias e prebendas. Tal como confrange a proteção de que gozam os novos assaltantes de Bancos e de Instituições, por quem a República até frequentemente distribui galardões.

Quem esquece, mais do que um perdão que até poderia resultar de um sincero arrependimento, a atribuição da “Medalha da Liberdade” a uma figura sinistra que, já em plena democracia, dirigia um bando de sociopatas que se alimentava de extorsões e assaltos violentos? Que assassinava indistintamente os opositores políticos, fossem adversários ou “camaradas”? Que, ainda há pouco, declarava “ter transportado muitas bombas e que a sua única mágoa era nunca ter feito deflagrar nenhuma”?

Há vezes demais em que ficamos sem palavras, mas outras há em que o silêncio ainda mais magoa. Será hoje admissível calar, sem crítica, que a “República” possa conceder a “Medalha da Liberdade” a uma congregação que se limita a condenar alguns excessos terroristas indisfarçáveis, mas que ainda insiste na defesa de preconceitos medievais? Que distinção é esta, recusada às restantes minorias étnicas e religiosas que até permitem a livre visita aos seus santuários?  

E, finalmente, como não soltar um grito de protesto perante a ação de energúmenos que, à vista de todos, vandalizam estátuas de personalidades que representam o melhor que a Humanidade produziu e de que o Padre António Vieira é bom exemplo? Que lição pode essa gente esperar de “autoridades” que, de “liberdade em liberdade”, premeiam quem não merece? Que, nitidamente, estão mais interessadas na injeção de influências e dinheiro nas suas máquinas eleitorais, do que no normal funcionamento do Estado?

Que raio de República é esta, em que a liberdade não assenta no primado da razão, da lei e da ética, mas sim em interesses pessoais e corporativos?

Cândido Ferreira

 

 

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