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“SUSPENSÃO DA DEMOCRACIA” E MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO

22-05-2020 - Francisco Garcia dos Santos

Ignoro se o caro leitor se deu conta de que desde o primeiro minuto até ao último de vigência do primeiro período do “estado de emergência”, iniciado a 18 de Março e que perdurou por 45 dias, até dia 2 deste mês de Maio, diariamente o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues (2ª figura da hierarquia dos órgãos de soberania do Estado, ou da República Portuguesa) e o Primeiro Ministro António Costa “encheram a boca” com a expressão ou frase: “A democracia não está suspensa!”.

Não sei se a mesma não o esteve efectivamente em relação a todos os Portugueses no pretéritofim-de-semana de Páscoa entre 10 e 13 de Abril; para a esmagadora maioria no de 25 e 26 de Abril; e para todos, com excepção dos militantes do PCP/CGTP-Intersindical, no de 1 a 3 de Maio. Mas sobre tal, oportunamente escrevi no meu artigo “PORTUGAL – “O TRIUNFO DOS PORCOS” ATÉ QUANDO!?” publicado neste mesmo jornal.

Contudo, a verdade é que desde o início do mês e meio do “estado de emergência” até à presente data, salvo o (não)caso dos 8,5 M de Euros injectados indirectamente no ex-BES NOVO BANCO mediante empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, a oposição parlamentar pouco ou nada se fez,ou tem feito,ouvir.

É certo que a História e Sociologia Políticas provam que os povos, quando se sentem ameaçados por fenómenos de origem natural ou humana, se unem e “agarram” ao “poder instituído”, e no caso da epidemia do SARS-Cov2 e da Covid-19 em Portugal essa união em torno do “poder” verificou-se,verifica-se e verificar-se-á, o que é pouco salubre em termos de fiscalização do Governo pela Assembleia da República e do normal funcionamento das instituições do Regime Republicano e do sistema democrático pluralista e representativo consagrado na Constituição da República Portuguesa vigente, a qual em 1976 instituiu formalmente esta III República.

De notar que desde há mais de dois meses todos os telejornais e outros programas informativos são preenchidos na sua quase totalidade com assuntos directa ou indirectamente relacionados com o SARS-Cov2 e Covid-19, e aparecendo nos mesmos várias vezes ao dia e todos os dias da semana até ad nauseamo Presidente Marcelo, o Primeiro Ministro Costa e outros membros do Governo, e só esporadicamente o putativo líder da oposição Rui Rio do PSD, bem como outros líderes partidários de formações políticas com assento parlamentar.

Portanto,desde 18 de Março de 2020 até hoje, ainda que informalmente, a democracia tem estado e estará “suspensa”.

Só os mais incautos, que infelizmente constituem a grande maioria dos Portugueses, não reparam que desde há muito, mas nestes tempos de pandemia da Covid-19 mais ostensivamente, são manipulados pela comunicação social de âmbito nacional (jornais e tvs) e igualmente por alguma de carácter local e/ou regional.

Ora vejamos as notícias diárias, intervenções de jornalistas e suas perguntas (por vezes encerrando já a resposta pretendida), números apresentados e opinações de comentadores políticos avençados e subservientes ao “sistema” e ao “politicamente correcto”sobre a dita pandemia a nível nacional e mundial.

No que a Portugal concerne, para além das constantes e persistentes presenças televisivas, a propósito e a despropósito, de Marcelo, Costa e seus ministros, quase tudo o que se escreve e diz sobre os mesmos é de carácter laudatório, podendo contar-se pelos “dedos de uma mão” as críticas e discordâncias, aliás sempre fugazes e inexpressivas em termos de amplificação pelos media ou eco junto da Sociedade em geral.

Já no que respeita às notícias e comentários sobre o que se tem passado e passa além fronteiras, foram eleitos como alvos preferenciais o Primeiro Ministro Britânico Boris Johnson e os Presidente dos EUA Donald Trump e do Brasil Jaír Bolsonaro, aos quais não têm sido poupadas críticas sobre a forma com que lidaram e lidam com as epidemias da Covid-19 nos seus países, apresentando-se e comentando-se sempre pejorativamente as políticas seguidas e os números de infectados e de mortos em bruto, e nunca os respectivos ratios por milhão de habitantes. Mas já relativamente à Bélgica, Holanda e Suécia (elegi estes três países como exemplos) nem um “pio”!

Vejamos então as políticas e números sob o prisma correcto, que é o do referido ratio.

Boris Johnson optou inicialmente pelo método de imunidade de grupo, ou seja, grosso permitir o alastramento de contágios relativamente controlado com vista a que fosse a própria população, mediante infectados que resistam naturalmente a determinada bactéria, víruse doenças por estes provocadas, obtendo assim, a partir dos “resistentes”, pelo contacto entre estes e outros não imunes, o desenvolvimento de resistências por parte dos últimos, e assim da população em geral -é um dos métodos científicos aceites e utilizados pela comunidade científica e médica internacional; o outro, o do confinamento, que no caso da Covid-19, como é sabido, foi e está a ser usado de forma geral. Porém, o método de imunidade de grupo verificou-se não ser o adequado no caso britânico, pelo que Boris Johnson, ele próprio também infectado e a necessitar de internamento hospitalar, viu-se obrigado a mudar para o método de confinamento.

No caso do Reino Unido, a população é de 66,65 M e o número de mortos a 21 de Maio por Covid-19 de 36.042, o que dá 0,000540 óbitos/Mh e nos restantes países supra referidos, os números são os seguintes:

População
Mortos
Rácio
EUA 328,20 M 93.8060 000 285
Brasil 209,50 M 18.8940 000 090
Bélgica 11,46 M 9.1860 000 801
Holanda 17,28 M 5.7480 000 468
Suécia 10,23 M 3.8310 000 374

(estes números não estão actualizados

No caso da Holanda, o governo optou por um sistema de semi-confinamento e no da Suécia o de imunidade de grupo, o que faz com que hoje seja o país do mundo com o maior ratio de mortes por milhão de habitantes. E como se pode ver, os EUA e o Brasil têm ratios muito inferiores aos de muitos dos países considerados. Porém, como os seus Presidentes Trump e Bolsonaro são malditos pelo “sistema” e “politicamente correcto”, têm sido os “bombos da festa”, já os governos da Holanda e, sobretudo, da Suécia, por se inserirem nos ditos, não têm merecido qualquer censura ou reparo por parte da comunicação social e seus parciais comentadores.

Portanto, cada um que tire as conclusões que quiser.

Francisco Garcia dos Santos

 

 

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