CHINESICES?
15-05-2020 - Cândido Ferreira
A sabedoria técnico-política de alguns dos protagonistas da nossa classe dirigente não cessa de surpreender.
Ainda ontem, num anúncio que depressa foi varrido da comunicação social, soubemos que o atual Presidente da República esteve em estreito contato com o seu homólogo chinês, a quem terá “exigido” a entrega imediata de centenas de ventiladores… já pagos.
Muita “fartura” para este tristonho maio, despido das tradicionais barraquinhas dessa "doçaria" popular. E, sobretudo, após “Portugal” também ter sido distinguido, e durante um quarto de hora, com as atenções de um outro grande guia mundial, ao caso um tal Donald Trump, não sei se sabem quem é...
A quem se debruçar sobre as dezenas de escritos que tenho vindo a produzir, dúvidas não restam de que, se tomadas as devidas medidas a tempo e horas, como o uso de máscaras, o nosso SNS, embora enfrentando a mais decisiva batalha da sua existência, não irá claudicar.
E também percebe que a ventilação assistida, embora faça parte do arsenal desse combate, será sempre um último recurso que, embora necessário, ainda assim demonstra fraca valia.
A pandemia até nem corre mal de todo e, ainda que os “cuidados intensivos” portugueses tenham demonstrado qualidade e taxas de sucesso que merecem destaque, sempre estivemos longe de esgotar a capacidade instalada. Até na improvisação de soluções de recurso fomos ímpares. É hoje uma realidade que, com a procura em retrocesso e a multiplicação da oferta, o défice de ventilação, que nunca existiu, já nem se põe.
Daí que eu não entenda a grande preocupação das nossas autoridades: tendo Portugal pago à cabeça ventiladores que foram desviados para a República Checa e outros mercados europeus, certamente mais exigentes, por que razão o Supremo Magistrado da Nação vem insistir agora no cumprimento de um contrato que foi violado. E quando, todos os dados apontam, já nem se justifica.
Se ousasse “falar grosso” ao Presidente chinês, e até porque já temos esse material disponível, teria preferido um Presidente que renunciasse a esse contrato de fornecimento e "exigisse" uma choruda indemnização. Alguém que conseguisse falar a língua que o mundo entende e até aproveitasse para pôr algum controlo noutros ilegítimos apetites.
Passo a explicar. Sem qualquer dúvida, muitos dos incêndios ocorridos em Portugal nos últimos anos, e alguns foram bem trágicos para milhares de portugueses, deveram-se à incúria na manutenção das linhas por parte de uma empresa chamada EDP, que nos cobra o couro e o cabelo e que, perante a “distração” dos nossos responsáveis, mantém o estatuto de intocável.
Para que servem os Tribunais, nacionais e internacionais?
Percebem por que mais uma vez pergunto por que certa malta nem sequer admite que se fale de mim?
Cândido Ferreira
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