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Sobreendividamento

29-08-2014 - Henrique Pratas

Nos dias que correm lemos, ouvimos muito falar em sobreendividamento das famílias e das organizações, mas ninguém escreve, esclarece ou explica os motivos pelos quais esta situação ocorre.

Não esperem que vos explique cientificamente este fenómeno que até há uns tempos ocorria apenas nas empresas mas agora com frequência acentuada nas famílias.

Relativamente a empresas este conceito é explicável de forma sucinta como pedidos de apoio financeiro à banca ou outras instituições, que não são compensados pela produção ou prestação de serviços, isto não entrando com outros factores que podem contribuir para o sobreendividamento das empresas que são motivos de ordem gestionária, quero dizer a descapitalização das organizações.

Este último acontece quando os donos ou os administradores das mesmas realizam despesas em proveito próprio, utilizando o nome da empresa para suportar essa despesa sem que haja um correspondente acompanhamento produtivo ou de prestação de serviços, maus investimentos, compras de acções adquiridas no mercado especulativo.

Os empresários em nome individual, descapitalizam as organizações comprando bens, equipamentos, propriedades, objectos pessoais, arte e maisons com janelas tipo fenêtre, como diziam os nossos primeiros emigrantes e em mercedes, passe a publicidade à marca automóvel.

Em relação às famílias a coisa complica-se porque uma grande fatia delas sobre endivida-se porque muitas das vezes, por culpa do marketing/publicidade que é feita no sentido de as pessoas consumirem ou usufruírem de bens de primeira necessidade, nesta dimensão estão inseridas os automóveis, porque foi por aqui que começou a concessão de crédito fácil para aquisição de viatura própria, mas rapidamente se estendeu a todos os segmentos de mercado incluindo o dos bens alimentares. Convém fazer um reparo aqui que antes dos anos da concessão de crédito pelas Instituições financeiras, existiam os merceeiros e donos de mercados de venda de géneros alimentares que tinha um livro de acentos que era de alguma forma um tipo de concessão de crédito. Só que nessa altura as pessoas ficavam a dever porque não ganhavam o valor justo pelo trabalho que desempenhavam e havia meses em que os dias sobravam e com vergonha,coisa que agora não existe, socorriam-se das mercearias de bairro ou locais, para solicitarem que lhes fosse permitido levar o necessário para casa para poderem alimentar-se a eles próprios e ao resto da família, mas no final do mês quando recebiam a jorna lá iam eles pagar as suas dívidas.

Actualmente os tempos são outros e as famílias empenham-se através de créditos para fazer face a encargos alguns que podemos considerar de investimento, caso da educação dos filhos, ou na saúde do agregado familiar, mas em muitos casos a contracção de empréstimos são para passar férias, em sítios paradisíacos ou em consumo não produtivo, em bens não necessários.

Daqui resulta o que está a acontecer na nossa sociedade e que está a tomar uma dimensão significativa que é a apresentação da situação de falência de muitas famílias, esta situação decorre em grande na expectativa que a generalidade das pessoas tinha do crescimento da economia associado a uma actualização salarial de acordo com os valores da taxa de inflação anual, por forma a repor o poder de compra dos trabalhadores, ora esta filosofia deixou de ocorrer e o que está a acontecer são os cortes nos salários e nas pensões e aumento dos impostos, para além de verem o seu rendimento disponível diminuído as famílias vêm o seu poder de compra e de satisfazer ou honrar os compromissos assumidos.

A verificar-se a tendência que este Des) Governo tem relativamente às medidas de política económica estas situações vão-se agravar e por aquilo que sei, pretendem com a apresentação do Orçamento Rectificativo, aumentar os impostos e é visível que querem implementar os cortes salariais já nomes de setembro do corrente ano, o que irá provocar nas famílias um maior sufoco financeiro. Muitos de vós sabe que algumas delas foram obrigadas a contrair empréstimos para a aquisição ou construção de habitação, dado que o mercado de arrendamento não existia ou em certos casos praticam rendas que fazendo contas mais vale comprar ou construir porque para além do valor que que se paga era inferior ao valor das rendas praticado e ainda ficavam com o seu património aumentado. Mas tudo isto era num contexto de política económica em expansão dado que nos aplicaram estas “belas” medidas entrámos em recessão acentuada e com tendências para o seu agravamento o que irá provocar nas famílias danos irreparáveis, vai levar muito tempo para que as pessoas voltem a acreditar, nas medidas de combate à crise instalada por este Des) Governo. É muito difícil que as pessoas acreditem nos mercados e no seu bom funcionamento quando vêm “assaltos” e atitudes que violam todos os princípios de uma boa, eficaz e eficiente gestão das organizações, com isto tudo a economia paralela dispara e não conseguimos, com estas medidas que nos foram impostas, sair desta espiral recessiva em que nos colocaram.

Termino escrevendo que não nos resta outra saída senão implementar outras medidas de politica económica que visem o aumento produção dos sectores que geram riqueza na nossa economia, aumentando o Investimento Público e Privado, com um controlo mais “apertado”, porque o dinheiro é um bem escasso se se investir bem só daqui a 20 ou 30 anos é poderemos começar a colher os frutos desse investimento se isto não for feito vamos direito e certinhos para o abismo.

Há que pensar no País e nos portugueses, nós somos capazes, não dá é para tanto esbulho e ganância.

Henrique Pratas

 

 

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