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Crise Económica

15-08-2014 - Henrique Pratas

A crise que se vive em Portugal e que todos falam acentua-se cada vez mais e com as medidas utilizadas para a combater e as que serão anunciadas em setembro de 2014, irão cavar mais as assimetrias existentes.

No momento actual o capital domina, sobrepõe-se ao politico, quero dizer os políticos são instrumentalizados pelos detentores do capital e obedecem-lhe cegamente. Esta situação pode levar-nos a uma ruptura nos meios de produção e pode abrir portas ao aparecimento de “um salvador da pátria”, estamos a passar por uma situação gravíssima, em que as Instituições não funcionam, são postas em causa e não se vislumbra no horizonte alternativas credíveis ou sustentadas. A par disto ao nível mundial a situação de instabilidade também não é brilhante e a tendência será para que as situações se agravem neste planeta e criadas as condições para o aparecimento de um ou vários “MESSIAS”.

Eu não gosto de escrever muito utilizando termos técnicos, porque penso que alguém que leia este texto não os entenda, sou agora tentado a fazê-lo.

Tudo o que aprendi e li quando tirei o meu curso (Economia) macro, não corresponde às medidas que estão a ser aplicadas.Tenho assistido à utilização de medidas que contrariam tudo o que qualquer economista na verdadeira acepção da palavra, preconiza, não se estimula o consumo interno ou das famílias como quiserem antes pelo contrário ele é retraído, também o Investimento Público não é estimulado em simultâneo com o Investimento Privado, sendo certo que este último não pode ser controlado mas o primeiro pode ser realizado e deve desde que seja orientado para Investimento produtivo, devidamente controlado, para que não aconteça o que aconteceu no passado com as chamadas derrapagens e investimento em que não ouve retorno, nem financeiro, nem social.

As componentes de um modelo económico voltado para o desenvolvimento do País não estão a ser “mexidas” está a tomar medidas económicas que supostamente visam resolver problemas de curto prazo, de tesouraria, o endividamento do País está a aumentar para não falar no das famílias, os apoios sociais estão a decrescer significativamente, a saúde e a educação estão como estão, a segurança atingiu níveis desastrosos, a confiança bancária está pelas ruas da amargura e o funcionamento das organizações sejam elas de cariz público ou privado de uma forma geral não funcionam pura e simplesmente, os oportunistas são cada vez em maior número e a corrupção aumentou significativamente. Atingimos níveis nunca antes vistos, já não existem pruridos, as pessoas perderam a vergonha e quantos de nós já não foi abordado por qualquer representante de um organização institucional, iniciando a conversa com o mote, sabe temos um problema para resolver mas eu queria resolver isto a bem o melhor seria conversarmos e indicam o dia. Muitas pessoas caem nesta abordagem, porque já não estão para ter mais chatices do que aquelas que têm e os “rapazes” lá vão enchendo os bolsos à custa de cargos que exercem, voltámos a tempo salazarista. Este tipo de comportamento foi fomentado por este Governo com a história de pedir facturas, num primeiro ano o fim era para abater no IRS o valor do IVA cobrado por sectores de actividade definidos pelos “inteligentes”, enganaram os contribuintes que caíram neste logro porque viram no final do apuramento da nota de liquidação do IRS, que os valores a deduzir eram inferiores ao que os que eram indicados na plataforma electrónica que servia para registar e confirmar as facturas. Agora em 2014 veio a história das rifas, para quem peça facturas com o n.º de contribuinte habilita-se a uma viatura topo de gama e assim colocam os contribuintes uns contra os outros e a desempenhar as funções que cabem ao Estado, comigo não contem.

Instalou-se um clima de suspeição entre os cidadãos e nos locais de trabalho colocam-se trabalhadores uns contra os outros e ninguém consegue enxergar que é isto que o Governo quer e fomenta, desviando assim as atenções das pessoas do que é importante para o fútil e mexericos comezinhos, estamos a afundar-nos a passos largos e a uma velocidade alucinante, não vejo forma de isto dar a volta e sinto que as pessoas estão cada vez mais alheadas do que é viver em sociedade e pensam cada vez mais na sua “vidinha”, como se esta forma de estar fosse solução para qualquer coisa,mas não é para as pessoas que se comportam desta maneira nem para os outros que contra tudo e todos vão resistindo.

Mas voltando às medidas de política económica necessárias para solucionar esta situação elas assentam em vários pilares básicos a saber:

  • Aumento do Investimento (público ou privado) nos sectores e subsectores produtivos da economia, os que geram riqueza, agricultura, pescas, indústria;
  • Redução da idade de reforma;
  • Redução do horário de trabalho;
  • Melhoria na qualidade da prestação de serviços;
  • O Estado deve tomar para si os sectores chaves da Economia Portuguesa;
  • Redimensionamento dos sectores chave da economia, exemplos transportes, comunicação, energia, saúde, educação, sector bancário, não temos mercado para tantas empresas que operam no mercado interno, há que dar consistência e dimensão a estes sectores de actividade, visando uma melhor prestação de serviços e qualidade de vida aos cidadãos, não digo que estes sejam deficitários, alguns deles poderão dar lucro mas os outros deverão estabelecer um equilíbrio entre proveitos e despesas;
  • Tornar-nos auto-suficientes relativamente aos produtos em que temos vantagens comparativas mais relevantes;
  • Assentarmos o desenvolvimento da nossa economia em sectores chave, devidamente apoiados e auto-sustentáveis;
  • Diminuição da carga tributária, provocando imediatamente o aumento do rendimento disponível das famílias que se transforma em consumo;
  • Aumento dos salários na generalidade, acompanhado do aumento do salário mínimo e do aumento das pensões mínimas;
  • Criação de condições de vida com dignidade para os reformados em particular e para os trabalhadores em geral;
  • Ajustamento da carga tributária de forma progressiva, quem menos rendimentos recebem, é tributado de uma forma que não ponha os seus rendimentos em causa, isto é pelo mínimo. Progressividade dos impostos aumentando significativamente para quem tem rendimentos superiores a um valor determinado numa relação entre as necessidades do agregado familiar, considerando a sua composição e as suas necessidades para fazer face a uma vida condigna, que não quantificarei agora porque entendo que deve ser calculado não de uma forma geral mas sim atendendo à especificidade de cada uma das famílias ou das pessoas.

Não existem receitas pré-concebidas mas sim medidas que se podem ajustar em função do comportamento da economia e do Estado da Nação.

Não me alongando mais em medidas imediatas a pôr em prática para que se saia desta situação, fico-me por aqui para não entrar em pormenores técnicos e específicos que são decorrentes das medidas elencadas anteriormente e com os efeitos daí decorrentes.

Termino fazendo alusão a um caso real, para quem leu o meu escrito com a designação fim-de-semana, voltei a passar por Alpiarça e fui de novo comprar melões e melancias, cerca das 13 horas, ao mesmo sítio que referi e a senhora informou-me que até aquela hora ainda não se tinha “estreado” em termos de vendas, comprei 5 melões e uma melancia grande e paguei a módica quantia de 5 euros, sinais da crise, ou estrangulamento dos produtores efectuados pelos intermediários ou os efeitos das grandes superfícies que compram em grandes quantidades impondo o preço de compra aos produtores e vendendo a umpreço em que lhes permite retirar um beneficio, com uma margem de lucro superior a 100%, auferindo um lucro maior do que quem efectivamente produz o lucro ou beneficio maior fica em quem vende e nos intermediários e os produtores ficam com as calças na mão, os canais de distribuição são outra matéria que mereciam um olhar mais cuidado e de maior intervenção.

Henrique Pratas

 

 

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