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A linha vermelha

18-10-2013 - Francisco Pereira

Durante o breve período em que Portas delirou com a linha vermelha e a irrevogabilidade da sua, dele, decisão em se demitir, ficámos a pensar na tal linha vermelha e na maneira em como algo heróico e decente foi desvirtuado pelo tragalhadanças popularucho.

Inicialmente a expressão foi utilizada num artigo do jornalista W.H.Russell do jornal inglês "The Times” sendo mais tarde imortalizada no poema de Rudyard Kipling "Tommy" em 1892, essa expressão dava uma alma poética a um acontecimento que teve lugar a 5 Novembro de 1854, falamos da batalha de Inkerman, ocorrida durante a Guerra da Crimeia, nessa batalha a dada altura uma carga da cavalaria russa é sustida pelo 93º Sutherland Highlanders Regiment of Foot e por algumas dezenas de homens dos 30º e o 47º Regimentos de Infantaria, acção que ficou imortalizada num quadro de 1881 intitulado «The Thin Red Line», uma pintura de Robert Gibb.

Ora acontece, que a ideia da linha vermelha, traduz uma imagem de honra, heroísmo, coragem, resistência e perseverança, tudo aquilo que Portas não revelou com a sua encenação patética, destinada somente a fazer o governo refém das suas tolices e ego desmedido. Dito isto, o que nos traz a este devaneio epistolar é tão-somente declarar que Portugal capitulou, acossados que estamos por tudo e por todos, estamos tristemente sós!

Sós, porque não existe, nenhum grupo de homens ou de mulheres corajosos, que se interponham entre a cáfila de abutres que nos suga e todo o resto. Falta-nos como quase sempre nos faltou aquele punhado de homens corajosos que façam a diferença, falta-nos essa pequena linha vermelha de heróis que se entreponha entre a cobardia e ditadura dos governantes e a pasmada carneirice do povinho, sereno e impávido, ensimesmado e parolo, povo capado ab origine, que a nada reage, que a nada se opõe com veemência e com coragem, esta gentinha nunca teria descoberto nem sequer as Berlengas, esta gentinha não pode descender da Ínclita Geração, onde estão os conjurados que eram apenas quarenta, onde estão os heróis de Mazagão ou de Coolela, de La Lys ou de Chaimite, pois não estão, não existem mais homens dessa têmpera.

Um dos últimos homens notáveis deste país disse em 1948, “ Quando a ditadura é um facto, a revolução é um direito.” Esse homem foi Henrique Galvão e vivo fosse hoje quase de certeza o teríamos a conseguir fazer coisas que nos fariam corar de vergonha pela nossa falta de coragem e de fibra, para nos defendermos desta corja de corruptos que nos suga a vida!

Francisco Pereira

 

 

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