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PORTUGAL - “O TRIUNFO DOS PORCOS”
ATÉ QUANDO!?

08-05-2020 - Francisco Garcia dos Santos

Quem não leu o romance, ou viu a sua adaptação cinematográfica, “Animal Farm” (“O Triunfo dos Porcos”na tradução portuguesa editada por Editora Perspectivas & Realidades, Janeiro de 1976) do insuspeito George Orwell? Aliás, o mesmo lutou na Guerra Civil de Espanha de 1936-1939 integrado nas “Brigadas Internacionais” ao lado da facção republicana esquerdista Frente Popular, que se opôs ao Alzamiento nacionalista liderado por Francisco Franco. Depois também escreveu em relação a si próprio:

Todas as linhas de trabalho erudito que escrevi desde 1936 foram escritas, directa ou indirectamente, contra o totalitarismo e em defesa do socialismo democrático, tal como eu o compreendo”.

Mas para quem não tenha lido ou visto tal obra fundamental da intelectualidade mundial do Séc. XX crítica do stalinismo comunista soviético e escrita entre Novembro de 1943 e Fevereiro de 1944, aqui fica um brevíssimo sumário.

Numa quinta, os animais, sob a liderança dos porcos, dando-se conta de que eram explorados, mortos e comercializados pelo homem seu proprietário, revoltam-se, expulsam-no e tomam o poder, com vista ao seu auto-governo segundo os princípios da liberdade e da igualdade. Os porcos, liderantes da revolução, assumem democraticamente o poder em nome de todos os animais, mas paulatinamente começam a denunciar alguns dos seus discordantes como coniventes do agricultor, “silenciando-os”; depois, na mesma linha, e sempre indicando e justificando o que era correcto e incorrecto, controlando a comunicação e as mentes dos restantes, foram adoptando as mesmas práticas humanas que tinham motivado a revolução, passando aexplorar, matar e comercializar os outros animais, à semelhança do ex-dono da quinta;por fim, à noite, iamao pub mais próximo conviver e tratar de negócios com os humanos donos de quintas vizinhas e com eles beberem “copos”. O lema e regra da quintagovernada pelos porcos e seu grande líder Napoleão, ditador mor totalitário, era:

"TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS”.

E a obra termina com os animais “menos iguais” a espreitarem à noite pela janela do pub, descrevendo o que viam no parágrafo final:

Não havia dúvidas agora sobre o que estava acontecendo às caras dos porcos. Os que se encontravam lá fora olhavam do porco para o homem, do homem para o porco e novamente do porco para o homem, mas já era impossível distinguir uns dos outros”.

Perguntar-se-á o leitor a que propósito vem esta estória. É simples, e só não o entenderá quem tiver sido cego e surdo relativamente ao que se passou em Portugal nos fins-de-semana da Páscoa de 10 a 13 de Abril, de 25 de Abril e de 1 a 3 de Maio passados.E em pleno estado de emergência “reforçado”, no primeiro e último daqueles, em que para além da obrigação ao confinamento doméstico da maioria dos cidadãos, à proibição de aglomerados de mais de 5 pessoas na rua e em espaços fechados de acesso público (salvo supermercados e unidades de saúde), ainda proibiu a circulação de pessoas entre Concelhos limítrofes, e muito mais atravessar outros, fosse por que meio fosse (a pé, de automóvel ou transportes públicos), excepto em casos muitíssimo excepcionais e inequivocamente comprovados mediante documentação especial ou por outros meios.

No entanto, oNapoleãoEduardoFerro Rodrigues -infelizmente “segunda figura” do Estado português, já que nos termos constitucionais compete ao Presidente da Assembleia da República exercer as suas competências e, cumulativa e interinamente, as de Presidente da República em caso de grave impedimento para o exercício da função ou morte do titular do primeiro órgão de soberania- numa atitude de “posso, quero e mando”, fanática e irracionalmente, com tiques ditatoriais totalitaristas bacocos, impôs a comemoração já bafienta, oca, ritualista e sacral do “25 de Abril de 1974” no Parlamento, juntando nesse espaço fechado quase uma centena de pessoas, e obrigatoriamente sem máscara anti-SARS-Cov2 e Covid-19, a que acresceram pelo menos mais algumas dezenas de pessoas entre funcionários do Parlamento, militares e agentes da GNR e da PSP, motoristas de participantes na liturgia e elementos da comunicação social.

Depois, condescendendo e vergando a espinha ao camarada Jerónimo de Sousa, efectivo líder do órgão oficioso do PCP denominadoCGTP-Intersindical (segundo estatística fiável, hoje só 15% dos trabalhadores portugueses estão sindicalizados, sendo na sua esmagadora maioria funcionários públicos, e nem todos em sindicatos da Central comunista) Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa permitiram a livre circulação de milhares de pessoas entre, e atravessando, vários Concelhos por qualquer forma de transporte (incluindo autocarros de Câmaras Municipais), para outro ritual sacro-santo anacrónico da celebração do “1º de Maio”, que foi a concentração pública na Alameda Dom Afonso Henriques em pleno “coração” de Lisboa, bem como na Avenida dos Aliados na baixa do Porto e em outras localidades do País -todos devidamente protegidas por elementos da GNR e PSP, enquanto camaradas e colegas destas Forças de Segurança e da Polícia Marítima impediam os demais cidadãos de saírem dos seus Concelhos e dentro dos mesmos irem à praia, sob pena de incorrerem no crime de desobediência, detenção e responderem em tribunal, arriscando penas de prisão até 1 ano ou com multa até 120 dias, ou, em caso de a mesma ser considerada qualificada, de 2 anos de prisão ou de multa até 240 dias, tudo conforme o artigo 348º do Código Penal.

Tudo isto emflagrante e grosseira violação do “Princípio da igualdade” consagrado no artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, que nem em estado de emergência e/ou estado de sítio pode ser ofendido

Por ocasião da liturgia abrilista na Assembleia da República, tal violação merece censura porque efectuada ao arrepio da opinião de mais de 110.000 Portugueses expressa em petição pública legalmente válida e dade 6 deputados democraticamente eleitos e representantes de 5,51% dos votos válidos dos cidadãos nas eleições para aquela ocorridas a 06/05/2019 (1 do Chega e 5 do CDS), com desdenho, ou se se preferir, “cagando-se” bacoromente Ferro Rodrigues para tal; para mais com o sumo topete boçal e imbecil do mesmo classificar quem naquela circunstância específica discordava de tal forma de celebração como sendo contra o “25 de Abril” e quem concordava como sendo a favor da “Revolução”. Mas, justiça seja feita ao Ferro, pois também as suas declarações tiveram algo de muito positivo, que foi ter denunciado aos Portugueses algo de que ninguém suspeitava: ser o seu camarada do PS João Soares, filho de Mário Soares, um “anti-25 de Abril”, logo um perigoso fascista.Lá que o Soares filho é maçon, já toda a gente sabia, pois o mesmo o assumiu por várias vezes, agora porra, fascista!? Isso é que ninguém imaginava (coitado do Pai que deve ter dado 46 voltas no caixão)!

Mas mais grave foi o que se passou com as peregrinações do PCP-CGTP-In no 1º de Maio. É que para além do que acima se referiu sobre o assunto, e depois da Conferência Episcopal Portuguesa da Igreja Católica ter dado uma forte “bofetada de luva branca” a todos estes suínos, anunciando pela primeira vez na História, e ao fim de 103 anos das “aparições na Cova da Iria”, que as tradicionais cerimónias religiosas de 12 e 13 de Maio próximos não se realizariam no Santuário de Fátima com a participação de Peregrinos, hipocritamente Marcelo Rebelo de Sousa veio a público elogiar a posição “responsável e sensata” da Hierarquia da Igreja Católica e “sacudir a água do capote”no que concerne à liturgia comunista no Dia do Trabalhador -como muito bem referiu Pedro Adão e Silva no programa de comentário e debate político#OOUTROLADO da RTP 3 na passada 3ª feira, 5 de Maio. Note-se que o Presidente Marcelo disse que não era aquilo que esperava por parte da CGTP e que a responsabilidade era do Governo, como se não tivesse sido ele a incluir a excepção que permitiu tais factos no Decreto presidencial de declaração do 3º período do estado de emergência. Sobre isto o Primeiro Ministro António Costa “assobiou para o lado” e nada disse, como se não tivesse nada a ver com o assunto; a Ministra da Saúde Marta Temido, atabalhoadamente e metendo os “pés pelas mão”, como aliás é seu timbre, depois de saber que a Igreja Católica não promoveria tais celebrações, veio dizer que se quisesse poderia fazê-lo (como se diz no meu Alentejo, “sopas depois do almoço”); confrontado com tal incómoda situação pelosjornalistas na diária conferência de imprensa sobre a Covid-19, o Secretário de Estado da Saúde António Sales respondeu que tudo tinha sido previamente acordado com as autoridades de saúde competentes -leia-se com a Direcção-Geral da Saúde, cuja Directora Graça Freitas, estando a seu lado, não “piou”; e por fim o Ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, “esquecendo-se” publicamente do “1º de Maio”, elogiou profusamente a posição da Igreja Católica que, segundo ele, responsavelmente abdicou das celebrações de Fátima em prol dum bem maior que era a saúde pública e a segurança dos Portugueses.

Para finalizar, a “cereja em cima do bolo”.

Nos debates no plenário da Assembleia da República por ocasião da primeira declaração de estado de emergência, e durante as três semanas do mesmo, parajustificar que o PCP não votava favoravelmente os Decretos presidenciais, o camarada Jerónimo de Sousa e outros seus parlamentares, invocouque tal restringia os direitos dos trabalhadores, e sempre que pôde apregoou aos “7 ventos” que o layoff atentava contra aqueles e que as não renovações de contratos a prazo ou despedimentos deveriam ser impedidos.

E não é que para surpresa geral, no último sábado 2 de Maio, logo a seguir às “cerimónias religiosas do 1º de Maio” da CGTP, o PCP veio a público criticar um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que condena o “partido dos trabalhadores” a reintegrar nos seus quadros o trabalhador Miguel Casanova por si despedido -e passo a citar:

É inaceitável que alguém queira impor ao PCP como quadro político (expressão eufemística para designar trabalhador do próprio Partido) a tempo inteiro uma pessoa que se oponha ao PCP”!

Concluindo, em Portugal, à semelhança da quinta de George Orwell,

TODOS OS PORTUGUESES SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS”.

Até quando se permitirá o triunfo dos porcos!?...

Francisco Garcia dos Santos

 

 

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