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GLOBALIZAÇÃO MORTAL

24-04-2020 - Francisco Garcia dos Santos

A presenta pandemia do SARS-Cov2 e Covid-19, mais generalizadamente conhecida por Cononavírus, é a primeira do Séc. XXI, mas cuja mortalidade efectiva final ainda é muito difícil de prever. É que se já existem países, sobretudo europeus e alguns Ásia Oriental ou Espaço Ásia Pacífico, que atingiram o pico e entraram na fase de estabilização,ou ainda, mas poucos, de decréscimo da doença, como por exemplo Luxemburgo e República Checa na Europa,Coreia do Sul e Taiwan no Estremo Oriente e Ásia Pacífico(em linguagem científica “achatamento das curvas”ou “planalto” e descendente daquelas -relativas a infecções e de óbitos, mas também de subida progressiva de pacientes curados-, embora continuem a registar diariamente números significativos de novos infectados e de óbitos), outros há que ainda não só não alcançaram tais níveis, como muitos outros em que a pandemia se encontra no início ou aos quais, pura e simplesmente, ainda não chegou,situados na África, Américas, Ásia Central, Médio Oriente e Oceânia (ilhas do Pacífico),sub-Continente Indiano e Indochina.

Porém, como já referido nos meios de comunicação social por historiadores académicos da área da saúde e outros, já existiram no passado pandemias provocadas porvírus, e bactérias, como: a Gripe Espanhola (em Portugal conhecida por Gripe Pneumónica) no início do Séc. XX, 1918-1920, provocada pelo vírus Influenza H1N1 de origem controversa, mas que uma das hipóteses mais credíveis é a de ser originário da China, tendochegado primeiro aos EUA e depois aos campos de batalha na frente franco-germânica durante a Grande Guerra ou I Guerra Mundial, atingindo tropas de vários países aliados e a partir deles infectando 500 milhões de pessoas em todo o Mundo (à data ¼ da população mundial) e causando entre 17 a 50 milhões de mortos; aVaríola nas AméricasCentral e do Sul (com estrema incidência nas áreas dos actuais México e Peru),provocada pelo Orthopoxvirus Varíola Vírus, ocorrida após a chegada dos conquistadores espanhóis no Séc. XVI, que a levaram consigo de Espanha e que dizimou as populações ameríndias Azteca e Inca -principal responsável pelo desaparecimento dessas duas grandes civilizações pré-colombianas; a famosa e terrífica Peste Negra (também conhecida por peste Bubónica)no Séc. XIV, 1347-1353, provocada pela bactéria YersiniaPestis, com grande probabilidade de seroriginária da Ásia Central e Ásia Oriental(curiosamente de territórios da China, tal como o SARS-Cov2Covid-19), que assolou quase todo o Espaço Euro-Asiático, e se traduziu globalmente entre 75 a 200 milhões de mortos, reduzindo a população mundial de 475 milhões para 350/375 milhões, e a europeia entre 30% e 60% -tal bactéria chegou à Europa através da Rota da Seda, que interligava o Velho Continente e China, e que terá chegado à Península da Crimeia, donde imediatamente passou para a Península Itálica transportada por navios mercantes genoveses, e dessas regiões alastrou-se rapidamente por toda a Europa, desde Portugal a Ocidente até à Rússia a Oriente, passando pelas Ilhas Britânicas e Norte da Europa (Escandinávia e também a remota Islândia).

Ora, com excepção da Varíola levada para o “novo Mundo” pelos Espanhóis, as outras pandemias tiveram origem no Continente Asiático (China) e importadas para a Europa.

Assim, podemos concluir que tais pandemias foram todas provocadas pela globalização, a qual deve serentendida como contactos entre humanos de países ou regiões longínquas -incluindo continentes- e nos respectivos contextos históricos.

Aqui chegados, o que é que tornou possível a propagação do SARS-Cov2 a nível mundial em menos de 3 meses, qual reacção em cadeia de tipo nuclear? A resposta é simples: mais uma vez, a globalização!

No presente caso a “Globalização” não é só a de enorme facilidade de alguém, mediante transporte aéreo, poder partir de um ponto do Globo e ao fim de 24 horas chegar ao seu homólogo mais longínquo, mas também o intenso tráfego comercial entre os mais diversos países e territórios do Mundo, bem como a fácil, e muitas vezes descontrolada, migração ente os mesmos, invariavelmente de populações dos mais pobres para os mais ricos -e neste último caso vide as centenas de milhar de migrantes, salvo raras excepções, todos ilegais e ditos “refugiados”, que nos últimos anos têm aportado às praias do sul da Europa, mormente de Itália e Espanha, mas também da Grécia, provindos do Próximo e Médio Oriente (Síria, Curdistão, Iraque, etc.), da Ásia Oriental e sub-Continente Indiano, bem como de forma mais intensa da África subsahariana -basta olhar para Portugal, onde têm chegado centenas ou milhares de migrantes de países africanos, que vão desde o desenvolvido, democrático e pacífico Marrocos, à sub-desenvolvida, mas também pacífica Gâmbia, passando pelo Senegal do execravelmente célebre Mamadou Bá, ex-BE e chefe da famigerada SOS Racismo, que mais não é do que uma associação racista anti-brancos e anti-Portugal.

Mas o pior que esta Globalização revelou foi a não tradicional e até saudável interdependência entre Povos nos aspectos de investigação científica e tecnológica, de segurança latu senso, bem como de “troca” de bens e serviços que a uns faltam por natureza e outros têm em abundância e excedentária, e vice versa.Antes sim, a trágica dependência de países ditos desenvolvidos e ricos, como a título de exemplo os europeus -sobretudo da EU e Reino Unido, Noruega e Suíça- e EUA, que devido à ganância e lucro fácil, deslocalizaram para a China, India e Indochina (Bangladesh, Mianmar ex-Birmânia, Tailândia, Vietname, etc.) as suas indústrias de vestuário e calçado, de produção de equipamentos e productos sanitários, outros equipamentos e respectivos componentes industriais, de veículos automóveis e respectivas peças, etc.. E pior ainda, alguns países terem vendido ou continuarem a vender a estrangeiros as suas empresas estratégicas, como as de abastecimento de água, de produção, refinação e distribuição de combustíveis fósseis e de energia eléctrica, de telecomunicações, de transportes aéreos de “bandeira” e de navegação, etc.. Tudo isto provocando em tempos crise (entenda-se crise como todo o facto de origem natural ou humana que altere de forma mais ou menos grave a normal vida duma comunidade) a fragilização dos que não produzem ou não são detentores de tais productos, equipamentos, meios de transporte, não esquecendo a de bens alimentares, entre outros, o que hoje é bem patente.

Dando-se conta desta realidade, o próprio Vice-PresidenteExecutivo e Alto Representante para a Política Externa da Comissão Europeia, o espanhol Josep Borrell, há dias veio a público dizer que era necessário pensar na nacionalização, ou detenção da maioria do capital social ou qualquer outra posição accionista de referência de, ou em, empresas estratégicas,o que “passou ao lado” da comunicação social portuguesa (sabe-se lá porquê!).

Concluindo, os países do “mundo euro-ocidental”, e dentre este os da EU, têm necessariamente de rever, cada um de per si e depois em conjunto, as suas políticas defesa e segurança, de “escancaramento” de fronteiras, de defesa e segurança, económicas e comerciais, pois o atual sistema ultra permissivo de imigração e acolhimento de migrantes ilegais pseudo-refugiados, de laxismo do sistema de defesa e segurança e modelo económico capitalista ultraliberal acabam de dar sobejas provas de fracasso, pois revelou-se uma globalização mortal.

Francisco Garcia dos Santos

 

 

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