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Da minha janela…

24-04-2020 - Francisco Pereira

Durante estes dias, já largos, que levo de isolamento, passo mais tempo à janela, o que me permite, para distrair, ir observando com mais acuidade o que passa lá fora, francamente tem sido muito divertido verificar o país de tontos onde vivo, com uma maior atenção.

Tenho então enchido a barriga com gargalhadas, a ver passar, a diversa avifauna local. É curioso que desde a instauração do dito “estado de emergência”gente existe que se esteve integralmente nas tintas para esse estado. Gente dos grupos de risco a julgar pela idade, outros apenas uns malucos, muitos malucos, aliás os tontos são uma das grandes forças motrizes deste nosso país.

Diverti-me a arranjar-lhes nomes, que os caracterizassem, dado que não sei os seus nomes, socorri-me das suas características, para os classificar, divertindo-me com as manias de cada um, pelo menos aquelas que consegui observar da minha janela.

Começo com a “Avó do Zorro”, chamei-lhe assim por causa da máscara que desde os primeiros tempos a vi utilizar. É uma senhora já de idade, terá mais de 65 anos, andar engraçado como alguém que percorre o tombadilho de um navio durante um malagueiro, impreterivelmente pela manhã, lá passa ela com os sacos para as compras, todos os dias, mas mesmo todos os dias aquela senhora sai de casa à mesma hora, pela manhã, para ir às compras.

O “Boinas” coloquei-lhe esse nome por causa do típico boné que utiliza, surge sempre pela manhã a pedalar lentamente uma, quase tão velha quanto ele, bicicleta, todos os dias sensivelmente à mesma hora aquela alminha tem passado aqui, passada uma hora lá vem de volta com um saquito com compras, todos os dias vai às compras.

A “Irrequieta”, é a campeã destas aves raras geriátricas. Chamei-lhe a irrequieta, porque esta senhora, todos os dias da semana, sai de casa, umas quatro ou cinco vezes. A primeira saída é bem cedo para despejar o lixo, normalmente um baidezito com duas ou três coisas, depois vem a ida à reciclagem, a ida às compras e mais uma saída para voltar a despejar lixo, e assim é todo o santo dia, a senhora não consegue estar de todo quieta em casa.

Um dos mais divertidos é o “Devagar”, um cavalheiro que surge a passear uns canídeos, aos quais, como não consegue controlar vocifera “devagar…devagar…” daí o nome que lhe dei, um dia agradecer-lhe-ei as gargalhadas que me provoca ao ver a pobre criatura armada em “encantador de cães” coisa para a qual não tem a mínima apetência, mas ele lá insiste, todos os dias, quando começo a ouvir cães a ganir já sei que me vou rir com aquela figurinha.

Por último, temos o “Pateta”, que sou eu, passando horas a uma janela, como tantos de vós por aí, de quando em vez a olhar o Mundo lá fora que agradece o estarmos quietos, apesar de muitos de nós fazermos de tudo para não estarmos quietos.

Mais avantesmas haveria para dissecar, gente que não pára, que não se percebe o porquê da pressa, o porquê do desvario, mas que interessa isso, na próxima pandemia, que espero que seja daqui a cem anos, conto já cá não estar, outro “eu” se sentará a uma janela para se rir com o Mundo de tontos em que vivemos.

Francisco Pereira

 

 

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