Haverá um mundo depois do vírus. Mas que mundo será?
17-04-2020 - Joaquim Jorge
Nunca pensei ver os cidadãos a apoiarem medidas mais duras que os governos preconizam num estado democrático: impedir de viajar, vigiar as pessoas, fechar as fronteiras, expulsar estrangeiros, fechar praias, encerraras pessoas em casa, polícia a patrulhar as ruas.
As pessoas estão fechadas em casa e acham que isso vai resolver todos os problemas. Ao fazerem isso ficam aliviadas e que está tudo resolvido, mas não está.
A quarentena obrigatória transformou cada um de nós em inquiridor. Acusar alguém é um orgulho, ver alguém na rua acusá-lo como irresponsável.
Em cada esquina há um cidadão anti- má conduta social, mas esquece-se que ele pode ser portador do vírus e contagiar alguém.
O medo do vírus criou uma nova classe de justiceiros, que se auguram dos sabichões, dos bons e dos responsáveis.
Há umas semanas para cá Portugal tornou-se num hospital pelos infectados, mas também porque parece uma ala de psiquiatria.
O medo faz vir ao de cima o pior das pessoas. A espiral de informação cria pânico. Há gente que está a ficar louca.
Há pessoas que têm medo e vergonha de ter medo. Há pessoas que não têm medo, mas têm medo de dizê-lo porque as torna perigosas e irresponsáveis aos olhos dos outros.
Não há certezas de nada, unicamente precisamos de tempo para estarmos munidos de meios. No séc.XXI com tanta evolução e tecnologia, a única forma de combater este vírus é isolamento, método aplicado na Idade Média.
O Mundo depois do vírus vai ser pior, mais gente egoísta, desconfiada, apreensiva, ressabiada, colérica e susceptível.
Um Mundo incapaz de conviver com outras pessoas e justiceiro. Não auguro nada de bom.
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e do Matosinhos Independente
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