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EPIDEMIAS E PANDEMIAS DO SÉCULO XX QUE ATACARAM PORTUGAL

10-04-2020 - Pedro Pereira

A gripe asiática, sub-tipo do vírus H2N2, cuja temporada foi de 1957 a 1958, desenvolveu-se no norte da China e avançou para Ásia, Oceânia, África, Europa e Estados Unidos. Alastrou-se por todo o mundo em dez meses, principalmente por terra e por mar. Entrou em Lisboa em 9 de Agosto, provinda do navio Moçambique, que vinha de África, transportando tripulantes e passageiros portadores da doença.

Uma criança de 11 anos que havia ido com a família ao porto de Lisboa receber o avô, que viajava nesse navio, dois dias passados estava doente. Nos três dias que se seguiram adoeceram todos os seus familiares, bem assim como o médico assistente, a mulher e os filhos, que residiam no mesmo prédio, no bairro de Alvalade. A partir de então, os focos de infecção espalharam-se rapidamente. A epidemia continuou a progredir.

Na época não havia isolamentos para os infectados, essa era uma decisão que cabia a cada família com os seus doentes.

Nesse tempo não existiam serviços de saúde pública, nem antivirais que protegessem os doentes.

Em 1957, para além da vacina nacional, Imunadol, os tratamentos, o ataque ao vírus, foram efectuados com antigripais e supositórios. Nos casos mais difíceis recorreu-se à penicilina e a promicina. Não obstante, hoje sabe-se que a maior parte dos doentes foram tratados em casa sem recurso a medicação, tão só a caldos de galinha, chá de limão e comprimidos antigripais Saridon, Veganine...

Por ter sido inicialmente isolada em Singapura, a pandemia a que deu origem tomou o nome de “gripe asiática”.

As enfermarias do Hospital de Santa Maria, passaram a ter muito mais camas, o dobro ou o triplo. Só em Lisboa registaram-se 288 óbitos. Sujeitos à Censura, os jornais não dão notícias dessas mortes, referiam que era uma gripe “benigna”. No estrangeiro morria-se, enquanto em Portugal era um “oásis” num mundo contaminado pela gripe. Mesmo quando, em 9 de Outubro de 1957, foi noticiado o encerramento dos ensinos técnico, liceal e primário de Lisboa, era referido cinicamente, que tal ficava a dever-se a causas “meramente pedagógicas”.

A verdade é que o absentismo ao trabalho em Lisboa, tal como em outras cidades era enorme (40%). Registavam-se graves problemas de funcionamento dos transportes públicos, sobrelotação de hospitais, aumento extraordinário de afluxo aos postos dos serviços médico-sociais da Federação da Caixa de Previdência e suspensão de visitas na Maternidade Alfredo da Costa e, posteriormente, nos Hospitais Civis de Lisboa. Calcula-se que, apesar das boas notícias, tenham morrido cerca de 10 mil pessoas em Portugal.

A pandemia de gripe de 1957 matou em todos os países por onde passou, cerca de quatro milhões de pessoas e a Europa foi fortemente atingida quando já se encontrava a baixar na Ásia.

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A GRIPE DE HONG KONG

A “Gripe de Hong Kong” esteve activa entre 1968 e 1969, provocada por vírus de tipo H3N2, causou dois milhões de mortos. O vírus foi transportado para os Estados Unidos pelos soldados que tinham estado no Vietname. Afectou principalmente as pessoas idosas. Foi transmitida por aves, sobretudo as criadas à solta e sem regras de higiene. Provocava febre alta, cansaço e dor nas articulações. Teve uma progressão rápida e avassaladora e matou muita gente em pouco tempo, sobretudo em Hong Kong, origem da pandemia, e nos Estados Unidos, onde quase 34 mil pessoas sucumbiram a ela. Dado que o mundo caminhava a passos largos para a globalização, o enorme e exponencial número de voos internacionais ajudou na transmissão do vírus.

Em Dezembro de 1968, a “gripe de Hong Kong” chegou a Portugal.

Provocou cerca de 3 milhões de mortos em todo o mundo.

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A GRIPE AVIÁRIA

O H5N1, activo entre 1997 e 2004, matou cerca de 300 pessoas em todo o mundo, número bem abaixo dos outros surtos epidémicos anteriores. Foi um surto de pequena dimensão, mas ainda assim bastante letal em Hong Kong. A doença passou pelo Sudeste Asiático, Europa e África e, para travar a sua proliferação, só em 1997 foram mortas um milhão e meio de aves. Muito embora este vírus infecte galinhas, acabou por passar para outras aves e para seres humanos que estiveram em contacto com estas.

De acordo com declarações do Subdirector-Geral da Saúde (DGS), Francisco Henrique Moura George, em 2004, “Portugal dispõe de um plano de contingência para a gripe aviária (vulgarmente chamada gripe das aves), formulado quando surgiu a primeira crise com expressão humana em 1997, em Hong Kong, onde foram diagnosticados 18 casos. Nessa altura, os epidemiologistas ordenaram o abate sanitário das aves e agora as medidas estão a ser revistas”. Acrescentava ainda que, “todas as semanas é monitorizada a actividade gripal, sendo determinados quais os vírus que estão na sua origem. Na gripe aviária o vírus em causa é o H5N1”.

Pedro Pereira

 

 

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