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O Covid-19 e a cultura do tomate

10-04-2020 - Cândido Ferreira

Assumo-me como um inveterado “contador de histórias”, mas nunca permiti que a mentira ou a fantasia impregnassem qualquer dos meus escritos.  

Certo de que raros países estariam preparados para enfrentar esta crise, que há muito se previa, tenho de reconhecer que, nem mesmo em pura ficção, eu poderia imaginar uma trágico-comédia como a que se desenrola perante os nossos olhos.

Um pouco por todo o mundo, uma classe dirigente inculta e malformada exibe comportamentos demonstrativos de uma total impreparação técnica e política, emitindo ordens desajustadas e até contraditórias. E não é só em África e na América do Sul.  

Desde logo se destacam os EUA, hoje transformados num gigantesco circo em que um “domador de feras” se desdobra em números de ilusionismo, enquanto improvisa malabarismos, equilibrismos e contorcionismos… até cair do trapézio. Uma palhaçada.

No Brasil, alguns generais já puseram o “capitão” Bolsonaro em sentido, antecipando um “golpe” de que ainda se desconhecem pormenores. Coincidência ou não, foi no mesmo dia em que, na mesma onda, André Ventura se suicidou politicamente.

No Reino Unido, o truculento Boris surgiu subitamente sem fanfarronices e o seu internamento nada de bom prenuncia e ainda lança mais dúvidas sobre o êxito do brexit.

Na devastada Europa, já fustigada por vagas incontroláveis de emigrantes e refugiados, estalam agora velhas rivalidades. Mais feridas em aberto, que será necessário curar…  

Portugal não podia deixar de ser afetado, mas aqui parece evidente um melhor controlo dos mostrengos que devassam os países limítrofes e onde as cenas de horror se multiplicam.

A condução de António Costa, entretanto assumida, e embora tardia e lenta, não será alheia a esta evolução.    

Recomendo, contudo, que sejamos mais lestos e racionais: no diagnóstico das carências, na rápida aquisição ou improvisação de recursos e na implementação das medidas.

Ressaltam ainda hoje falhas inadmissíveis e que revelam grande descoordenação, com gente demais sem meios, nem formação, para entrar nesta “guerra biológica”.  

Cena anedótica, a que assistimos há dias na TV, foi uma aparatosa ação de controlo, em Lisboa, a saldar-se por única “medida drástica” de forças de segurança totalmente desprotegidas. Refiro-me à detenção de um idoso, com a carta de condução caducada.

Também depois de ter abandonado o leme ao “roçar do primeiro mostrengo”, para “ir para casa passar roupa a ferro”, o Presidente reaparece agora a procurar recuperar a face. Esforço quebrado, contudo, por comentários e atuações que revelam fragilidades inimagináveis.

Registo os seus dois desempenhos públicos, de ontem:

- que foi por recomendação dos netos, que passou a usar máscara quando vai às compras;

- para depois visitar uma plantação de tomates, no Ribatejo, não usando qualquer proteção e com “tudo à molhada”.

Uma boa notícia temos, porém, de reter:  

Tomates de sobra… não vão faltar em Portugal!

Cândido Ferreira 

 

 

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