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Défice de 2019 vai ser o triplo do que diz o governo

12-04-2019 - Zap

O défice público de Portugal vai ser o triplo do que prevê o governo. Em vez de 0,2% do PIB, o FMI projeta 0,6%, revendo assim em alta o valor avançado no final de novembro (0,4%) ou no início de outubro (0,3%).

De acordo com o novo Panorama Económico Mundial, o FMI considera que as medidas existentes vão dar um défice de 1354 milhões de euros em 2019, e não de 409 milhões de euros, como reafirmou o governo no reporte dos défices que o Instituto Nacional de Estatística enviou para Bruxelas no final do mês passado.

É uma diferença substancial, sendo que a missão que acompanha o pós-programa de ajustamento até já tinha explicado algumas das razões que explicam o desvio nas contas. O défice mais elevado “reflete um   crescimento económico mais moderado ” e a implementação de medidas como “o descongelamento das progressões nas carreiras” dos funcionários públicos, por exemplo.

Há ainda outras despesas que ajudam a explicar este deslizamento na meta do défice, de acordo com o Dinheiro Vivo. O Novo Banco vai precisar de um empréstimo muito maior do que está previsto no Orçamento do Estado. “O montante de recapitalização pode atingir 1149 milhões de euros em 2019 , mais 749 milhões de euros do que o previsto no OE2019, confirma o Conselho das Finanças Públicas (CFP). No OE estão reservados apenas 400 milhões de euros para o efeito.

Já o peso da dívida cai, mas menos do que o esperado. Em vez de recuar para 117,9% do PIB  ou para 117,2%, a instituição dirigida por Christine Lagarde diz que o rácio da dívida desce para 119,5%   do produto.

Esta quarta-feira, Vítor Gaspar, diretor do departamento de contas públicas do FMI, apresenta o estudo Monitor Orçamental, que irá reiterar estes valores. Avançará ainda com outros elementos que enquadram a situação portuguesa no contexto internacional.

O crescimento interno está a perder força, o que contribuirá para atrasar a redução do défice como quer o primeiro-ministro e o ministro das Finanças. Estes têm vindo a ensaiar que é possível que o governo termine este ano já   muito próximo do equilíbrio   orçamental, mas o FMI diz que não.

Segundo as contas atualizadas, o país vai   ter de esperar até 2021   para que tal aconteça. A recuperação da economia portuguesa vai perder mais alguma força este ano face ao esperado anteriormente. Avançará cerca de 1,7% e a taxa de desemprego descerá menos, ou seja, foi revista em alta de 6,5% para 6,8% da população ativa.

O governo fez o Orçamento de 2019 assumindo que o desemprego fica nos 6,3%. A instituição sedeada em Washington alinha a sua projeção de crescimento pela mesma bitola da Comissão Europeia e do Banco de Portugal. O Conselho das Finanças está um pouco mais pessimista já que projeta um   crescimento de 1,6% .

O FMI esperava que Portugal crescesse 1,8% em 2019. Todos os novos cenários que se estão a formar são notoriamente mais adversos que o previsto pelo Governo. A conjuntura internacional está cada vez mais apertada. Acresce que o orçamento está construído em cima do pressuposto de que a economia interna vai avançar 2,2%.

Já a meta do défice ficará  intacta . Na semana que vem, as Finanças vão atualizar o cenário macroeconómico e as linhas orçamentais até 2023.

Europa a piorar

Portugal sofre um corte de uma décima no crescimento, mas a zona euro foi mais penalizada. A área da moeda única  só deve crescer 1,3%  este ano, a pior marca desde a última crise.

A região está a ser arrastada pelo abrandamento das suas maiores economias. A Alemanha, a maior delas, só deve avançar 0,8% em 2019, França cresce 1,3% e Itália está virtualmente estagnada com uma expansão de apenas 0,1%. Nem Espanha escapa: o maior parceiro económico da economia portuguesa cresce 2,1% este ano.

O FMI refere que “após um forte crescimento em 2017 e no início de 2018, a atividade económica global desacelerou notavelmente no segundo semestre do ano passado, refletindo uma confluência de fatores que afetam as principais economias. O crescimento da China reduziu-se após uma combinação de mais regulação para conter o sistema bancário paralelo e um  aumento nas tensões comerciais  com os EUA”.

“A economia da zona euro perdeu mais dinamismo que o esperado, uma vez que a confiança dos consumidores e das empresas enfraqueceu   e a produção automóvel na Alemanha foi interrompida pela introdução de novas normas para as emissões” de gases poluentes. Em Itália, “o investimento caiu à medida que as taxas de juro soberanas aumentaram; e a procura externa diminuiu”.

Noutros pontos do mundo, o FMI menciona os “ desastres naturais   que prejudicaram a atividade no Japão”, bem como as referidas tensões comerciais “que penalizaram cada vez mais a confiança das empresas e, assim, o sentimento do mercado financeiro”.

Tudo somado, a economia mundial deve avançar apenas 3,2% em 2019, menos 0,2 pontos percentuais do que se pensava em janeiro.

 

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