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Manuel Grilo substitui Ricardo Robles na Câmara de Lisboa

03-08-2018 - Cristina Sambado

O professor Manuel Grilo, número três na lista, vai substituir Ricardo Robles como vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa. A decisão foi anunciada na última noite após a reunião da Comissão Política do partido.

Em comunicado, a Comissão Política do Bloco de Esquerda afirma que “aceitou o pedido de renúncia feito no domingo por Ricardo Robles”.

“O elemento que lhe sucede na lista eleitoral do Bloco de Esquerda, Rita Silva, manifestou a sua indisponibilidade para assumir o cargo, tendo em conta as responsabilidades dirigentes que tem num movimento social e que considera incompatíveis com o exercício do cargo de vereadora”, acrescenta o comunicado.

O cargo de vereador na Câmara de Lisboa vai ser assumido pelo “terceiro elemento da lista eleitoral, Manuel Grilo, que dará continuidade às responsabilidades executivas que o Bloco de Esquerda tem na Câmara Municipal de Lisboa, no quadro do acordo político celebrado entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista”.

Manuel Grilo é professor e membro do Conselho Nacional de Educação e foi durante vários anos dirigente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, membro do secretariado nacional da Fenprof e do Conselho Nacional da CGTP.

Atualmente, Manuel Grilo, de 59 anos, presta assessoria ao grupo parlamentar do BE na área da Educação, depois de ter deixado de dar aulas em 2016.

“Já exerceu a representação do Bloco de Esquerda na vereação no presenta mandato, em substituição de Ricardo Robles”, remata o comunicado.

Prédio em Alfama derruba Robles

A demissão de Ricardo Robles surge na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico, segundo a qual, em 2004, o edil adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e colocado à venda em 2017, avaliado em 5,7 milhões de euros.

Ricardo Robles chegou à Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017 e teve como bandeira a luta contra a especulação imobiliária.

"Informei ontem, domingo, a coordenadora da Comissão Política do Bloco de Esquerda da minha intenção de renunciar aos cargos de vereador na Câmara Municipal de Lisboa e de membro da comissão coordenadora concelhia de Lisboa", refere a declaração de renúncia, endereçada à imprensa na segunda-feira e posteriormente colocada nas redes sociais.

Robles afirmou que foi “uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares que expliquei e no respeito pelas regras legais, revelou-se um problema político real e criou um enorme constrangimento à minha intervenção como vereador”.

O ex-vereador da Câmara de Lisboa acrescenta que a decisão de renúncia foi "pessoal" e que surge com o objetivo de "criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade".

Ricardo Robles chegou à Câmara de Lisboa em outubro como vereador da Educação e Direitos Sociais, pelouros que conseguiu com um acordo firmado com Fernando Medina, e sai ao fim de nove meses.

Nas últimas eleições autárquicas, o PS (que também integrou independentes na lista) perdeu a maioria na Câmara de Lisboa, passando a contar com oito dos 17 vereadores. No mesmo sufrágio, o Bloco de Esquerda (BE) conseguiu eleger Ricardo Robles, com mais de 18 mil votos.

Já depois da tomada de posse, que decorreu a 26 de outubro, PS e BE assinavam um acordo que dava responsabilidades a Robles e a maioria que faltava a Fernando Medina.

Foi eleito diretamente para a Assembleia Municipal de Lisboa pela primeira vez em 2013, ocupando o terceiro lugar na lista do partido.

Ricardo Robles assumiu a liderança da bancada do BE na Assembleia Municipal de Lisboa com a saída de Mariana Mortágua, que também chegou a ser apontada como possível candidata à presidência do município.

Durante a campanha para as últimas eleições autárquicas, o tema da habitação foi sempre uma aposta forte. O primeiro comício arrancou mesmo com o testemunho de moradores do centro histórico, ameaçados de despejo.

Neste âmbito, os bloquistas propunham também o aproveitamento de edifícios municipais que estejam desocupados, para serem disponibilizados à população.

Ao longo dos meses em que foi vereador, Ricardo Robles foi muito crítico da especulação imobiliária e da falta de soluções de habitação em Lisboa, chegando mesmo a marcar presença em alguns protestos relativos a esta questão.

“Acordo com BE mantém-se inalterado”

O presidente da Câmara de Lisboa, o socialista Fernando Medina, já garantiu que o acordo de governação da cidade firmado com o Bloco de Esquerda “mantém-se inalterado” e agradeceu o trabalho de Ricardo Robles enquanto vereador.

"No momento em que é conhecida a decisão pessoal de renúncia de Ricardo Robles ao cargo de vereador da Câmara Municipal de Lisboa quero agradecer o seu trabalho e o seu empenho ao serviço da cidade, qualidades que demonstrou como deputado municipal e como vereador, quer na oposição quer no exercício de funções de vereador com pelouro", escreveu o presidente do município numa publicação na sua página da rede social Facebook.

Quanto ao acordo político assinado entre socialistas e bloquistas já após a tomada de posse do executivo da capital, Medina foi taxativo: "Mantém-se inalterado".

"Entrei em contacto com a direção do Bloco que garantiu o empenho na prossecução do acordo", aponta.

Na mesma publicação, Medina acrescenta que vai "solicitar que nas próximas semanas o PS Lisboa reúna a sua Comissão Política e que se realize uma reunião com os órgãos do Bloco de Esquerda, no sentido de assegurar as condições para reforçar a prossecução do acordo estabelecido".

"Quero naturalmente reafirmar o total compromisso com o desenvolvimento da cidade de Lisboa e com o cumprimento do programa de Governo, nomeadamente na resposta aos desafios do acesso à habitação, à promoção dos transportes públicos, da sustentabilidade ambiental e do crescimento económico", conclui o presidente da Câmara de Lisboa.

PCP não comenta

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, afirma que está “de consciência tranquila” com a sua forma de fazer política, sem se servir a si próprio, ao recusar comentar os casos como o de Ricardo Robles.

"Tenho esta tranquilidade imensa de continuar a fazer política da forma como aprendi: procurar resgatar o que de mais nobre tem a política, que é servir os interesses dos trabalhadores e do povo e não me servir a mim próprio", afirmou Jerónimo após uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa.

PEV: “Esse é um problema do BE”

O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) foi curto nos comentários à demissão do vereador do BE na câmara de Lisboa, Ricardo Robles, afirmando que "esse é um problema do Bloco de Esquerda".

"Não nos pronunciamos. Isso não é um problema dos Verdes. É um problema do Bloco de Esquerda. Os Verdes continuam empenhados no combate à especulação imobiliária", afirmou a deputada Heloísa Apolónia no final da audiência com o Chefe de Estado.

Rui Rio: “Atitude correta e sensata”

Por sua vez, o presidente do PSD, Rui Rio, aplaudiu a demissão de Ricardo Robles, argumentando que foi uma atitude correta e sensata.

"Tive oportunidade de ler a argumentação dele, acho que ele esteve bem, teve uma atitude correta, sensata, uma boa argumentação", disse Rui Rio aos jornalistas, em Cantanhede, à margem de uma visita à feira Expofacic.

"Uma atitude tanto mais difícil de tomar quanto é contra aquilo que era a vontade da própria direção do seu partido, que achava que não havia aqui nada de grave e que ele devia continuar", argumentou o líder do PSD.

Rui Rio considerou também que Ricardo Robles "presta um serviço à democracia", notando que elementos de outros partidos, que não nomeou, "que às vezes têm casos semelhantes ou piores, não tomam esta atitude".

"Portanto, não é por ele ser de um partido diferente que vou deixar de relevar a atitude que ele teve", frisou.

Rio admitiu que a demissão de Ricardo Robles vai ao encontro do pedido nesse sentido feito pelo PSD de Lisboa mas notou a argumentação "muito correta e séria" usada pelo autarca do BE, afirmando que a demissão seria "muito mais fácil" quando decidida em "comunhão de ideias" com o Bloco de Esquerda "o que não é aqui o caso".

"A coordenação nacional do Bloco de Esquerda queria que ele continuasse e não via aqui a contradição e a forte incoerência em que estavam a cair", sustentou Rui Rio.

"É portanto mais difícil a atitude do Ricardo Robles e mais será de sublinhar. Para mim, o que interessa é o que as pessoas fazem, não é de que partidos são", frisou.

Fonte: RTP com Lusa

 

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